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Original para a Internet

Amar a mim mesma em vez de me detestar

Da edição de julho de 2020 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 2 de abril de 2020.


Devemos amar-nos a nós mesmos? A maioria acha que isso é essencial para ter uma vida feliz e bem-sucedida. “Ama-te a ti mesmo” é uma exortação bastante conhecida.

Mas será que isso não é incompatível com a exigência cristã, de sermos humildes e despojados de ego? Afinal, Cristo Jesus disse: “...Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lucas 9:23). À medida que fui pensando a respeito do que significa amar-se a si mesmo, cheguei a ter uma perspectiva mais espiritual ao me fazer esta pergunta relacionada com a minha identidade: O quê, exatamente, é que eu amo, quando amo a mim mesma?   

Ao nos vermos basicamente como um corpo físico, com uma pessoalidade humana, não temos a percepção correta do que é o homem. Essa perspectiva errônea vem da crença de que somos feitos ao mesmo tempo espirituais e materiais, e, portanto, sujeitos a limitações e a falhas de caráter. Essa falsa identidade é suscetível de extremos, tanto de uma incapacitante e baixa autoestima, quanto de um acentuado senso de ego, o que pode levar a decisões erradas, possivelmente causando danos à própria pessoa ou aos outros. 

A Ciência Cristã explica que podemos rejeitar esse errôneo conceito sobre o homem, e temos de rejeitá-lo. A verdade é que cada um de nós é criado inteiramente espiritual, e devemos recusar o conceito falso, a fim de podermos reconhecer o verdadeiro, ou seja, nossa identidade espiritual, boa e pura, que existe em Deus, o Espírito divino. Jesus compreendia que sua identidade espiritual era a do Filho de Deus. E ao demonstrar, por meio de sua natureza humana, a sua identidade espiritual, ele mostrou como é que cada um de nós pode provar que tem domínio sobre o falso conceito de pessoalidade material, e expressar nossa individualidade espiritual, que é verdadeira. 

A humildade nos coloca sob a proteção de Deus, a mais forte defesa contra a depressão, contra o apego e amor ao ego.

Jesus foi o homem mais humilde que andou em nosso planeta, contudo ele jamais perdeu de vista o seu próprio verdadeiro valor e o propósito de sua vida, ambos espirituais. A Ciência do Cristianismo é baseada no exemplo que ele deu, e mostra como podemos ver nosso próprio valor espiritual e o de todos os outros, assim como ele via. Ao reconhecer, reivindicar e amar a nossa identidade espiritual, passamos a ser mais confiantes, mais felizes e mais humildes. Podemos assim progredir rumo à compreensão de que Deus é nossa origem espiritual, nos esforçar para expressar plenamente nosso potencial, e nos recusar a manter pensamentos escuros de autocondenação, insegurança e amor ao ego.  

Durante meu primeiro ano de faculdade, eu me detestava profundamente. De um modo geral eu não me sentia deprimida, mas havia momentos em que os pensamentos que eu nutria a meu respeito eram tão escuros, que eu nem sequer conseguia sair de casa pela manhã. Eu estava também mantendo alguns relacionamentos destrutivos, e o lugar onde eu morava às vezes parecia inseguro.

De vez em quando eu ia à Escola Dominical na Igreja de Cristo, Cientista, perto de minha faculdade, e passei a comparecer mais assiduamente, depois que uma amiga observou que eu sempre parecia mais feliz após ir à igreja. 

Um domingo, minha professora da Escola Dominical me disse: “Você tem de amar a si mesma”. Não me lembro do contexto da conversa, mas essa afirmação eu não esqueci, pois me sacudiu e me fez despertar. Pensei em tudo o que tinha aprendido, desde pequena, na Escola Dominical, a respeito de minha identidade de filha de Deus, criada perfeita, à Sua imagem e semelhança.

O primeiro capítulo do Gênesis explica que Deus criou todos nós à imagem e semelhança dEle próprio. A Ciência Cristã salienta o fato de que, por sermos feitos à imagem e semelhança de Deus, que é o Amor e é absolutamente bom, tudo o que é verdadeiro a nosso respeito é espiritual, bom e digno de ser amado. Nossa verdadeira identidade é definida pelas qualidades espirituais que encontramos em Deus, as quais nós refletimos; qualidades tais como amor, inteligência, força e bondade.

Comecei a perceber que era um grande erro manter pensamentos de ódio a mim mesma, pois sendo na verdade a amada filha de meu Pai-Mãe Deus, eu era digna do mesmo respeito e gentileza que todas as outras pessoas merecem. Fiquei surpresa ao me dar conta de que eu estivera generosamente amando aos outros com um amor que eu negava a mim mesma.

Visto que nossa verdadeira individualidade é criada à imagem e semelhança de Deus, somos dignos de ser amados. Ao compreendermos isso, percebemos que obedecer ao que Jesus identificou como sendo o “grande e primeiro mandamento”, “amarás o senhor, teu Deus, de todo o teu coração”, é inseparável da obediência ao que Jesus apontou como sendo o segundo mandamento, semelhante ao primeiro, ou seja, amar o nosso próximo como a nós mesmos, como ideias espirituais que refletem todo o bem, ou seja, Deus (ver Mateus 22:3539).

Quando me veio de novo a tentação de abrigar pensamentos de autocondenação, consegui imediatamente rejeitá-los, e confiar no fato de que eu era divinamente amada e digna de receber amor. Passei a ter uma compreensão espiritual mais clara de minha identidade como o perfeito reflexo de Deus, sem que nenhum pensamento depressivo pudesse abalar esse conhecimento que eu tinha conseguido captar. Como resultado, passei a sentir uma paz de espírito mais estável, e minha frequência às aulas, assim como a qualidade dos meus trabalhos de faculdade, também melhoraram. Nos meses seguintes, consegui me livrar dos relacionamentos destrutivos e encontrar um lugar mais seguro para morar. 

A verdadeira humildade vem de reconhecermos que Deus é a origem de nossa identidade.

Mary Baker Eddy escreveu: “A renúncia ao ego, a tudo o que constitui um homem material, assim chamado, e o reconhecimento e a realização de sua identidade espiritual como filho de Deus, é a Ciência, que abre as próprias comportas do céu; de onde o bem flui por todos os canais do existir, limpando os mortais de toda impureza, destruindo todo sofrimento e demonstrando a verdadeira imagem e semelhança” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, p. 185).

Jesus renunciou ao conceito material de homem graças à sua humildade, que incluía uma inabalável confiança no amor de Deus e no propósito que Deus tinha para ele. Com isso ele pôde abrir mão de tudo o que pudesse ser qualificado como um ego material. Quando ele se elevou acima da sentença de morte e demonstrou, de maneira final e por completo, que a vida do homem não é material, mas sim espiritual, ficou comprovado que a verdadeira identidade de Jesus, ou seja, o Cristo, a ideia divina de Deus, era imortal. Uma compreensão espiritual da experiência de Jesus na cruz e sua ressurreição nos dá coragem para abandonar nosso apego ao senso material a respeito de nós mesmos e a nos esforçar em assimilar melhor a nossa identidade cristã, eternamente espiritual, criada e preservada por Deus.

Para mim, o antídoto para o ódio que eu sentia por mim mesma foi o reconhecimento de minha identidade de preciosa filha de Deus, e o conceder-me o respeito que se deve ter para com todos os que pertencem a Deus. Podemos fazer isso sem nenhum senso de superioridade. Na verdade, esse tipo de amor por nós mesmos, pelo que realmente somos, não tem nada a ver com a pessoalidade humana, e tem tudo a ver com o humilde reconhecimento de que o ilimitado Amor divino é a origem de nosso existir. Esse amor é completamente desprovido de amor ao ego, autocompaixão, autocondenação e vontade do ego, e nos deixa livres para expressar a alegria ilimitada e a liberdade que são nossa herança por sermos filhos e filhas de Deus.   

Em seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy nos dá ânimo: “Em paciente obediência a um Deus paciente, devemos labutar para dissolver, com o solvente universal do Amor, a dureza adamantina do erro — a vontade do ego, a justificação do ego e o amor ao ego — que faz guerra contra a espiritualidade e é a lei do pecado e da morte” (p. 242). Devemos dissolver o amor ao ego, esse amor apegado ao ego, apoiado na concepção errônea de que o homem é material e separado de Deus. O oposto da humildade se vê na tendência a nos colocarmos acima, ou na frente, dos outros.

A verdadeira humildade é o mesmo que ser capaz de reconhecer que Deus é a origem de nossa identidade, é a fonte de onde flui nossa obediência aos dois maiores mandamentos. Nós a encontramos quando buscamos a Deus diligentemente; nós a expressamos por meio da fiel devoção às verdades espirituais do existir, e ela abençoa a todos com o puro amor a Deus e ao homem. A humildade nos coloca sob a proteção de Deus, a mais forte defesa contra a depressão, contra o apego e amor ao ego.

Desde aquele tempo na faculdade, continuo a envolver a humanidade inteira nesse amor espiritual. Isso me permitiu ver com maior clareza que todas as pessoas são dignas de ser amadas, e também capazes de amar, independentemente de quem sejam. Sou muito grata por saber que, graças a esse senso verdadeiro de individualidade, estou eternamente protegida da tendência de guardar atormentados pensamentos que não sejam de amor ou que se baseiem no ódio, tanto para comigo mesma quanto para com qualquer pessoa.

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