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Original para a Internet

Momentos poderosos com o Cristo

Da edição de maio de 2021 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 28 de dezembro de 2020. 


Eu desfrutava daquilo que pode ser considerado uma vida bem planejada e feliz. Mas isso chegou a um fim abrupto quando meu casamento, que significava tanto para mim, acabou desmoronando ao longo de um período de dois anos e meio. Eu não só sofri fortes emoções por ter sido vítima de traição, injustiça e perda, mas também tive de encontrar emprego, uma casa para mim e meus filhos, como também tive de assumir a maior parte das responsabilidades da paternidade e da maternidade. Ao ver-me diante dessa minha nova vida, eu repentinamente tive um momento poderoso a sós com o Cristo. 

Para situar a questão no seu devido contexto: eu muitas vezes refletia sobre o encontro transformador que Saulo (mais tarde conhecido como Paulo) teve com o Cristo, enquanto ele estava a caminho de Damasco (ver Atos 9:1–20). Na Bíblia, está registrado que Saulo estava “respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor”, ao empenhar-se em prender homens e mulheres cristãos e levá-los a Jerusalém para serem julgados.

Enquanto Saulo se dirigia para Damasco, algo inesperado aconteceu. De repente, “uma luz do céu brilhou ao seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? … Eu sou Jesus, a quem tu persegues”.

Isso, sim, é uma tremenda interrupção em uma vida bem planejada! Saulo recebeu a seguinte instrução: “Levanta-te, e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer”. Quando Saulo se levantou, percebeu que estava cego. É possível que aquela “luz do céu” tivesse brilhado no seu pensamento sem discernimento, revelando assim a presença do Cristo. Mas talvez, pela primeira vez na vida, esse homem, acostumado a estar no comando, tenha precisado de humildemente deixar que o conduzissem pela mão, até onde tinha de ir.

Essa grande interrupção acabou sendo uma enorme bênção, quando arrancou o que havia ocultado o propósito de vida de Saulo, e revelou sua verdadeira identidade como “instrumento escolhido” para pregar a outras pessoas o evangelho de Cristo.

Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, explica: “Saulo de Tarso reconheceu o caminho — o Cristo, a Verdade —somente quando seu senso inseguro daquilo que é certo cedeu ao senso espiritual, que é sempre certo. Então esse homem foi transformado. … Ele reconheceu pela primeira vez a verdadeira ideia do Amor e aprendeu uma lição na Ciência divina” (p. 326). 

Essa experiência proporcionou a Paulo um novo senso de propósito. E muito embora a maioria de nós não esteja literalmente indo a Damasco, talvez nos encontremos em situações semelhantes de sentir-nos interrompidos, passando por provações. Nesses momentos, podemos orar por orientação divina para que nos ajude a encontrar renovação e regeneração. O Cristo, a mensagem divina de Deus para nós, está sempre em cena, trazendo-nos uma medida plena de conforto que nos permite enfrentar cada um dos nossos desafios.

Eu enfrentei um desafio como esse, mais a interrupção e a provação que o acompanharam, quando meu marido começou a trabalhar em outro estado. As crianças e eu deveríamos mudar-nos para onde ele estava, depois que nossa casa fosse vendida. Comecei a ter suspeitas de problemas em meu casamento e decidi ir visitar meu marido. Deixei as crianças com um parente. A visita ao meu marido pôs em evidência uma situação sombria e muito grave.

Quando tomei o avião de volta para casa e fui buscar os meus filhos, fiquei impressionada com o casamento feliz e a vida doméstica tranquila da minha parenta. Parecia haver um grande abismo entre o que vi em sua casa e o que estava acontecendo na minha. Com a tensão e o estado desesperador em meu casamento, senti como se a felicidade, a estabilidade e a alegria estivessem fugindo de mim.

A agonia e o desespero me consumiram, e não consegui evitar que as lágrimas fluíssem. Saí rapidamente da casa da minha parenta e iniciei a viagem de uma hora e meia de volta para casa. Minha parenta, que tinha percebido o meu estado de perturbação e sabia que eu precisava de apoio, seguiu atrás de mim em seu carro com os meus filhos.

Eu chorava enquanto dirigia, mas também repetia em voz alta uma passagem do livro Retrospecção e Introspecção, da Sra. Eddy, passagem que havia se tornado muito querida para mim no início daquele ano. Falando sobre os desafios em sua própria vida, ela escreveu: “Esforcei-me por elevar o pensamento acima da pessoalidade física, ou seja, da identidade material, no intuito de chegar à individualidade espiritual do homem em Deus, na Mente verdadeira, onde o mal perceptível se dissipa no bem, que é perceptível ao senso espiritual. Esse é o único modo de deixar para trás a falsa pessoalidade” (p. 73).

Ainda em lágrimas, repeti essas palavras vezes e vezes sem conta — o que me pareceu centenas de vezes. No início, as palavras não significavam nada para mim, mas, à medida que as repetia, senti que estava me agarrando a uma tábua de salvação, e que, se a largasse, estaria perdida.

Mais ou menos após uma hora e um quarto dirigindo e orando, a intensa angústia que eu sentia parou subitamente — como se uma torneira tivesse sido abruptamente fechada. Simplesmente desapareceu!

Não foi por ter compreendido todas as palavras que eu repetia ou por ter tido um súbito ímpeto de discernimento. Mas sim um senso envolvente do Consolador, o Cristo sempre presente, que tinha vindo a mim e, de maneira imediata e específica, satisfez a minha necessidade, enxugando as minhas lágrimas. Embora a situação exterior não tivesse mudado, meu pensamento estava em paz, e as lágrimas tinham desaparecido; completei os últimos quinze minutos da viagem, calma e reconfortada.

Fiquei muito grata por ter persistido na oração, até a angústia desaparecer. Nada mais tinha importado naquela viagem de carro, a não ser dar voz à verdade vezes sem conta, até que isso interrompeu a ilusão de que eu poderia ser separada do amor de Deus. Ciência e Saúde explica: “Elevando o pensamento acima do erro, ou da doença, e argumentando com persistência a favor da verdade, destróis o erro” (p. 400).

Quando chegamos à minha casa, minha parenta saltou de seu carro, pronta para me ajudar e me confortar. Fiquei grata, mas eu já não precisava de consolo. A tristeza havia sumido. O que havia acontecido durante aqueles setenta e cinco minutos, que trouxera um fim tão repentino à angústia? Ao agarrar-me de todo o coração às ideias contidas naquela passagem, eu havia visto minha “individualidade espiritual em Deus”. Eu havia acolhido o Cristo, a Verdade espiritual, na minha consciência, e meu pensamento havia sido elevado acima da sugestão de que eu estivesse, de alguma maneira, fora do terno cuidado e domínio de Deus.

Durante os momentos de solidão e isolamento, eu recorria a Deus para cada necessidade.

Se bem que outros desafios difíceis se seguiram ao longo dos dois anos e meio que vieram depois, à medida que me adaptava para criar meus filhos sozinha, comprovei que a lembrança daquele momento e o imediatismo com que senti o Cristo foi uma rocha sólida e solidária, sobre a qual eu me ergui. Muitas vezes, me senti como uma astronauta suspensa do lado de fora de uma nave espacial, olhando para a Terra — ou, no meu caso, para a paz e a harmonia — como se estivessem muito distantes. Mas, durante esses momentos de solidão e isolamento, eu recorria a Deus para cada necessidade. Aprendi a ouvi-Lo a cada passo que eu dava. E a notável experiência da minha viagem de regresso à casa naquele dia permanece sempre a me reassegurar que o Cristo estava todo o tempo em cena, demonstrando o amor de Deus por mim.

Essa lição sobre como escutar destacou-se nitidamente uma determinada noite. Eu estava com vontade de buscar comida chinesa, e planejava colocar os meus dois filhos pequenos no carro, dirigir até o restaurante para apanhar o meu jantar, e depois voltar para casa e preparar o jantar deles. Mas enquanto eu orava, pensando assim: “Não a minha vontade, nem a de ninguém mais, mas a Tua vontade seja feita”, imediatamente esta pergunta me veio à mente: “Você está tratando seus filhos da maneira mais cristã possível?”

Esse pensamento me fez retroceder. Compreendi naquele momento a importância de atender às necessidades dos meus filhos. Fui para a cozinha e preparei o jantar para eles, e depois tivemos a nossa rotina habitual na hora de dormir, incluindo eles tomarem banho e me ouvirem contar histórias. Depois que eles estavam calmamente acomodados em suas camas, a campainha tocou — uma ocorrência fora do comum, especialmente àquela hora da noite. Atendi à porta, e ali estavam meus vizinhos, com um prato cheio de rolinhos de ovo chineses, feitos em casa, e molho de ameixa — o meu prato favorito!

Os rolinhos de ovo estavam deliciosos; mas o mais importante foi sentir que eram um exemplo tangível do amor de Deus por mim e um sinal das bênçãos que nos advêm quando seguimos a orientação divina. Eu jamais poderia ter imaginado um final tão perfeito para aquele dia.

Os anos que se seguiram, em que criei meus filhos sozinha, foram repletos de escuta atenta à orientação divina, momento a momento. E embora tenha havido lutas, sempre encontrei provas claras de que o Cristo estava em cena, tornando claro que Deus estava cuidando de todos nós. Sou grata pela paz que essa compreensão continua a me trazer.

Paulo declara em Filipenses: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus…” (2:5). Quando acalmamos o medo humano, a perplexidade, a dor no coração — quer estejam tumultuando o nosso pensamento ou sutilmente interrompendo o nosso dia ou uma noite de sono — e nos agarramos firmemente à verdade de Deus, sentimos a presença do Cristo. Então sabemos, em certa medida, o que significa ter a “mente de Cristo” (1 Coríntios 2:16).

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