Certa manhã, esta suave mensagem me veio ao pensamento, enquanto eu me preparava para as tarefas diárias: “A Ciência Cristã não é bravata”. A palavra bravata não é uma das que estou acostumada a usar, nem ouvir com frequência. Fiquei intrigada e pesquisei sua definição no Google pelo meu telefone. Foi isto o que encontrei: “Uma maneira ousada ou uma demonstração de ousadia para impressionar ou intimidar”. A frase se expandiu em meu pensamento para: “A Ciência Cristã não é bravata, é amor!”
Isso aconteceu no ano passado, mais ou menos na época em que a pandemia atingiu novo nível de urgência na região onde moro. Pensei no fato de que as qualidades de flexibilidade, compaixão e humildade eram essenciais para silenciar opiniões e pontos de vista discordantes que poderiam surgir nos meses seguintes. Seja para indivíduos, empresas, organizações ou funcionários do governo, essas qualidades, valorizadas e vivenciadas, podem ajudar a conter qualquer ação decorrente de interesses próprios ou de bravata.
Por ser estudante da Ciência Cristã, tomei essa mensagem angelical como uma orientação divina de como eu deveria me comportar, seguindo o exemplo de Cristo Jesus, absorvendo humildemente o espírito do Cristo e expressando amor puro por Deus e pelo homem. Cristo Jesus era motivado pelo amor de Deus quando circulava em meio às multidões. Ele nunca era movido pelo desejo de ter poder pessoal, promover uma agenda egoísta ou até mesmo de impressionar os outros com suas obras de cura. Ele estava demonstrando o poder do Cristo, oriundo da compreensão de seu relacionamento com Deus como Seu Filho amado. Isso o armou de domínio diante dos desafios, mas nunca agiu movido pela vontade humana.
Não podemos ser privados do bem quando o amor isento de ego fica em primeiro lugar no pensamento.
Jesus ensinou seus seguidores principalmente por meio de sua compaixão pelos outros. Com frequência ele se retirava das multidões para orar, para estar preparado tanto para curar quanto para transmitir ao mundo a mensagem de salvação. Ensinou seus seguidores a fazer o mesmo. Ele nunca julgou os outros de forma presunçosa nem forçou seu ministério de cura a ninguém; pelo contrário, com humildade ele buscava alcançar o pensamento receptivo.
Percebi que vigiar meu pensamento contra a tentação de agir de maneira autoafirmativa ou hipócrita seria uma proteção contra a irritação ou impaciência diante do medo que eu sentia ou do medo que as pessoas poderiam sentir nos dias seguintes e, por sua vez, resultar em um comportamento que não fosse amoroso. Foi uma oportunidade de recorrer a Deus pela minha segurança e bem-estar, mas isso não significava desconsiderar as regras e recomendações do governo federal, estadual e local no esforço de proteger os cidadãos e reduzir o medo que dominava as comunidades.
Se eu fosse tentada a achar que colocar as preocupações de outra pessoa em primeiro lugar iria me privar de expressar coragem e independência, ou de alguma forma comprometer minha confiança em Deus como a fonte sempre presente de minha saúde e bem-estar, eu poderia silenciar esses argumentos, invalidando-os. Nunca podemos ser privados do bem, quando o amor isento de ego fica em primeiro lugar no pensamento.
Recentemente, um discurso histórico de Henry Drummond, intitulado The Greatest Thing in the World [A coisa mais importante no mundo], veio-me ao pensamento. Nele há uma análise maravilhosa destas palavras do apóstolo Paulo: “O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade…” (1 Coríntios 13:4–6). Em seu discurso, Drummond escreve que há nove ingredientes no que ele chama de “o espectro do amor”. Cada um deles é particularmente aplicável às circunstâncias em que nos encontramos hoje:
Paciência: O amor é paciente.
Benevolência: É benigno.
Generosidade: O amor não arde em ciúmes.
Humildade: [O amor] não se ufana, não se ensoberbece.
Cortesia: Não se conduz inconvenientemente.
Altruísmo: Não procura os seus interesses.
Caráter: Não se exaspera.
Pureza: Não se ressente do mal;
Sinceridade: Não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade.
Pareceu-me que a ideia de que “A Ciência Cristã não é bravata, é amor” foi um lembrete oportuno para concentrar o pensamento no fato de que Deus é o Amor, e cumprir a Regra Áurea: “Fazer aos outros o que desejamos que eles nos façam”.
As qualidades morais e espirituais de paciência, bondade, humildade e assim por diante originam-se no Amor divino e compõem nossa natureza divina como filhos de nosso Pai-Mãe celestial. À medida que reconhecemos e cedemos a essa natureza divina, contribuímos para a unidade e a paz no mundo e expressamos o amor do Cristo, que cura o medo e a doença.
Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, escreveu em seu livro-texto, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Falar ao doente com palavras de ternura e animá-lo de maneira cristã, ter paciência compassiva para com seus temores, eliminando-os, tudo isso vale mais do que hecatombes de borbotantes teorias, discursos estereotipados e plagiados, e argumentos que não passam de outras tantas paródias à Ciência Cristã legítima, ardente de Amor divino” (p. 367). Nossa expressão de ternura, encorajamento e paciência — por nós e pelos outros — combaterá a tentação de nos entregarmos a um comportamento autoafirmativo ou cheio da presunção de uma retidão pessoal, e nos capacitará a demonstrar o grande amor de Deus por todos.
Já se passaram muitos meses desde que aquela doce mensagem, “A Ciência Cristã não é bravata”, me veio ao pensamento pela primeira vez, mas ela continua a me abençoar e guiar meus passos.
