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Original para a Internet

Superar o senso de perda

Da edição de julho de 2021 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 22 de abril de 2021.


Recentemente, li de novo o relato de quando Cristo Jesus venceu a tentação, depois de passar quarenta dias e quarenta noites jejuando em oração no deserto (ver Mateus 4:1-11). Cada vez que leio essa história, compreendo algo novo que tem uma relação direta com as circunstâncias do momento pelo qual estou passando em minha experiência diária. Desta vez havia uma mensagem especial para mim a respeito de como abordar, por meio da oração, a perda, sob todas as formas em que se manifesta durante a pandemia do coronavírus.

A primeira sugestão que o tentador fez a Jesus foi que ele transformasse as pedras em pão. Tendo jejuado durante tanto tempo, Jesus estava com fome. A falta de alimentação e a consequente perda de nutrientes o ameaçavam com a perda de suas forças. Mas Jesus enfrentou a tentação com esta resposta: “...Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”. Jesus vivia com o conhecimento de que o homem, como filho de Deus, o Espírito, é a ideia espiritual de Deus, que é a Mente divina e única. Ele sabia que a Palavra de Deus supre, fortalece, sustenta e mantém a criação espiritual de Deus, e que o conhecimento desse fato é o que traz à nossa experiência humana o suprimento infinito e diário vindos de Deus. Jesus sabia que sua necessidade de sustento seria satisfeita, mas para isso não iria abusar do poder que lhe fora dado por Deus.

Depois de levar Jesus “à Cidade Santa, [o diabo] colocou-o sobre o pináculo do templo”. O tentador fez uma segunda sugestão a Jesus: que se atirasse do pináculo do templo, para testar se era válida a promessa que consta do Salmo 91, de que os anjos de Deus sempre o protegeriam de qualquer perigo.  Tendo orado durante quarenta dias e quarenta noites, poderia ter sido tentador para Jesus testar se toda aquela inspiração fora apenas teoria ou se ele realmente podia nela confiar. A fé, a segurança, a confiança, os fundamentos espirituais, e até mesmo a vida estavam sendo ameaçadas. Mas Jesus enfrentou essas ameaças com sua calma resposta: “Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus”. Aliás, Cristo Jesus vivia com a certeza de que a proteção do homem está fundamentada no Princípio divino. Levando em conta que Deus é o divino Pai-Mãe do homem, consequentemente o homem vive e se move e tem o seu existir em Deus. Portanto, o homem está sempre tão seguro quanto Deus. Estamos a salvo porque não há poder que não seja o poder de Deus ― nenhuma força, lei ou causa oposta existe para nos ameaçar, portanto, não há necessidade de testar a Deus, pois Seu cuidado por todos nós é a única possibilidade que existe.

Finalmente, o diabo sugeriu que, se Jesus se prostrasse e o adorasse, então ele lhe daria todas as riquezas, a glória e o poder do “mundo”, ou seja, do materialismo. Jesus estava prestes a iniciar seu ministério público de cura, e sabia que os mortais são frequentemente mais atraídos pela materialidade do que pela espiritualidade. Poderia ele cumprir sua missão divina de maneira mais eficaz ― atraindo mais gente ― se cedesse à oferta do tentador? Afinal, os judeus estavam à procura do cumprimento da promessa profética de um Salvador, que eles pensavam que seria um grande rei terreno. Seriam a riqueza e o poder materiais mais convincentes do que a humildade e a mansidão? A perda de oportunidade, perda de posição, perda de conforto, perda de satisfação, e até mesmo a perda de um propósito estavam sob ameaça. Mas Jesus descartou sumariamente essa tentação, dizendo: “Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto”. 

Não podemos perder nenhum bem genuíno, assim como não podemos perder nosso Deus.

Cristo Jesus foi capaz de desmantelar toda a alegação de perda, porque estava bem consciente de que a matéria, com sua natureza finita, não pode ser a fonte de coisa nenhuma ― que Deus, sendo infinito, sendo Tudo, é a fonte de tudo o que é certo e bom. Mary Baker Eddy explica: “Inteiramente separada desse sonho mortal, dessa ilusão e delusão dos sentidos, a Ciência Cristã vem revelar que o homem é a imagem de Deus, é Sua ideia, coexistente com Ele ― Deus dando tudo, e o homem tendo tudo o que Deus dá” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Outros Escritos], p. 5).

Enquanto eu refletia sobre essas várias ameaças de perda que Jesus enfrentou, percebi como elas são semelhantes a algumas das ameaças que enfrentamos nesta pandemia, as quais se podem resumir como perda de suprimento, perda de segurança, perda de conforto e perda de satisfação, como também perda da saúde e, até mesmo, da vida. No entanto, existe realmente apenas uma ameaça de perda ― e essa ameaça é a sugestão de que a perda seja inevitável e natural. Claro, pela experiência humana, essa sugestão pode parecer bastante convincente. Mas o fato, passível de comprovação, continua a ser o de que a substância é o Espírito, Deus, e, portanto, eterna e indestrutível. Deus não é um Deus de perda, mas é o Deus do bem permanente e abundante. A Sra. Eddy explica: “É impossível ao homem perder algo que seja real, pois Deus é tudo e é do homem eternamente” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 302).

A ameaça de perda, sob todas as suas formas, pode ser vista como a tentação de acreditar que podemos perder nosso Deus, ou seja, duvidar que Deus seja Tudo, e duvidar da onipotência de Deus, o bem. Deus não se limita apenas a afastar a possibilidade de perda ou a ajudar a nos recuperarmos da perda; Deus nos eleva e nos mostra que a verdadeira substância nunca pode ser perdida, porque Ele é Tudo. Aliás, levando-se em conta que todo o nosso pensamento e nosso conhecimento vêm de Deus, vêm da Mente, sempre temos em realidade a consciência espiritual da totalidade de Deus; isto é, refletimos a consciência que a Mente divina tem de si mesma. Não podemos perder nenhum bem genuíno, assim como não podemos perder nosso Deus.

Foi o que eu vi demonstrado de forma prática, precisamente na semana em que me veio essa inspiração. Um amigo me telefonou, pedindo que eu orasse com ele, pois uma grande organização internacional, da qual ele era diretor, estava ameaçada de sofrer perda financeira. Eles estavam prestes a perder um enorme pagamento antecipado, que haviam feito para um hotel onde realizariam uma conferência. O evento agora precisava ser cancelado, e o hotel havia se recusado a reembolsá-los.

Meu amigo não estava me pedindo para que eu orasse para a organização receber o reembolso, mas sim para ajudá-lo a ver mais claramente que o poder e o amor divinos abrangiam todas as partes envolvidas, e que todos seriam infinitamente abençoados ao expressar o amor imparcial que Deus tem por todos. Compartilhei a inspiração que havia obtido com a leitura da história de Jesus, em que ele vence a tentação no deserto, e meu amigo e eu tivemos amor por todos os envolvidos e nos sentimos livres do medo de sofrer perda. Foi enviada ao hotel uma carta que expunha cuidadosamente as razões para o adiamento da conferência até o ano seguinte ― razões essas relacionadas com a obediência aos mandatos do governo, consideração para com os outros e sabedoria. Essa carta foi respondida com cordialidade e com um reembolso total das despesas já pagas.

Quando nos aferramos à certeza de que Deus é Tudo-em-tudo e infinito, podemos, tal como fez Jesus, enfrentar todos os disfarces da tentação diabólica de acreditar que nossa experiência deve ser de perda constante. A Sra. Eddy escreve: “Nada se perde daquilo que Deus dá...” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883-1896, p. 111). Aquilo que é certo e bom ― vindo de Deus ― nunca pode ser perdido. E à medida que reconhecermos isso, veremos esse fato espiritual evidenciado quando nossa necessidade de suprimento, segurança e satisfação é atendida em nossa experiência do dia a dia. Essa é a evidência que aponta para o amor abrangente do único Deus infinito, o bem.

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