Eu estava no último semestre do último ano, na faculdade, fazendo a prova final de matemática. Meu diploma ia ser nessa matéria, por isso era obrigatório eu me sair bem. Mas durante todo o semestre eu vinha lutando com isso.
Eu havia orado sobre essa matéria da maneira como aprendera na Escola Dominical da Ciência Cristã, tentando compreender mais a respeito de Deus como a única, infinita Mente todo-inteligente, e compreender que eu era a expressão dessa inteligência suprema. Pois bem, eu estava prestes a ver o resultado dessas orações de uma forma muito incomum.
Todos os alunos estavam em uma sala, fazendo o teste, e o professor estava em seu escritório. Estávamos seguindo o sistema de plena confiança na integridade dos alunos. A prova consistia de apenas alguns problemas. Mas cada um deles tinha várias partes e era importante resolver todas. Um dos problemas me deixou completamente desnorteada.
Depois de lutar um pouco, fui até a sala do professor para pedir orientação.
“Faça um desenho”, disse-me ele.
Fiquei confusa e tentei reformular minha pergunta duas vezes mais, até que ele perguntou: “Você conhece a história de Naamã?”
Nesse momento, fiquei ainda mais confusa. O que tinha a história de Naamã, na Bíblia, a ver com minha pergunta sobre um problema de matemática?
Ele perguntou mais uma vez, então eu relatei resumidamente a história de Naamã, explicando que se tratava de um comandante do exército da Síria, o qual foi acometido de lepra. A esposa de Naamã tinha uma jovem serva, que sugeriu que Naamã visitasse o profeta Eliseu para se curar. Naamã fez isso, mas quando Eliseu pediu-lhe que se banhasse no rio Jordão, Naamã sentiu-se insultado e disse que havia rios mais belos e mais limpos para ele se banhar, rios que combinavam melhor com o seu status, portanto, inicialmente não obedeceu. Um dos servos de Naamã insistiu em que ele desse atenção a Eliseu o que, finalmente, ele fez, e de fato ficou curado (ver 2 Reis, capítulo 5).
Eu ainda não chegara a terminar toda a história, quando veio uma luz: percebi que o professor estava me pedindo para eu humildemente obedecer à sua sugestão, fizesse ou não sentido para mim.
Voltei para o meu lugar, fiz um desenho e consegui entender como resolver aquele problema de matemática.
Ora, se eu estivesse estudando em uma escola ligada a uma religião, isso poderia não parecer tão estranho. Mas eu estava naquela que era considerada uma das universidades mais liberais do estado, e era muitíssimo incomum surgir esse tipo de conversa em uma aula de matemática! Como é que o professor sabia que eu seria receptiva a esse relato bíblico?
Talvez ele soubesse, talvez não. Para mim, a lição mais significativa foi a importância de prestar atenção. Podemos chamar isso de ouvir espiritualmente, ou seja, com discernimento espiritual. Não confiar em nosso próprio senso das coisas, mesmo em nosso melhor senso das coisas, mas confiar na Mente que nos mostra o que realmente precisamos saber.
Frequentemente pensamos na inteligência como algo relacionado a quanto sabemos ou a quanto somos capazes de raciocinar por conta própria. Mas aquela troca de ideias com meu professor ensinou-me que ver a nós mesmos como a expressão da inteligência divina está realmente relacionado ao que Deus sabe, ao que Deus está nos mostrando. Nesse caso, a história de Naamã ajudou-me a perceber que eu podia seguir a orientação do meu professor, mesmo que inicialmente não conseguisse entender o que significava. Quando humildemente ouvi aquela inspiração, o passo seguinte tornou-se claro.
Acabei indo bem na prova e fui aprovada. No entanto, o que ficou comigo foi a inspiração de que a verdadeira inteligência é uma qualidade espiritual. Por isso, quanto mais ouvirmos a Deus, tanto mais inteligência expressaremos em tudo o que fizermos.
