O que significa realmente cuidar de si mesmo? Bem, comecemos com a pergunta: qual é o nosso “verdadeiro eu”? A resposta está na constatação de que, no âmago da nossa identidade, encontramos a Deus, a divina e absoluta onipotência e onipresença. E então, percebemos o impacto sanador que essa compreensão pode ter em nossa vida. Cuidar de nós mesmos é manter o cálice de nossa vida tão repleto do bem, a ponto de ele transbordar para os outros.
O verdadeiro cuidado de si mesmo começa e permanece em conhecermos a nós mesmos como Deus nos conhece. Às vezes, preencher nossa consciência desse conhecimento significa esvaziá-la das crenças errôneas a respeito de nossa identidade, para abrir espaço a uma nova e mais elevada compreensão espiritual daquilo que somos. Adotar esse tipo de contínuo cuidado e preservação da saúde e da harmonia significa sentir que nossas raízes estão em Deus, a única Vida e a única Mente. Cuidar de si mesmo é realmente compreender a Deus sendo Deus — o Amor divino revelando o bem constante na expressão de Si mesmo, você e eu. Isso vale também para todas as outras pessoas, porque nós todos somos ideias divinas individuais de Deus, da Mente.
Essa maneira de cuidar de si mesmo tem fundamento bíblico. Jesus identificou estas prioridades espirituais para a humanidade: “…Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:37–39). Ao apontar a supremacia desses dois mandamentos, Jesus destaca três áreas nas quais devemos focar nosso amor: amar a Deus, amar a nós mesmos e amar aos outros. Cuidar de nós mesmos não é, portanto, um luxo, mas uma necessidade, apesar de termos a tendência a deixar isso para depois, pensando que, se terminarmos nossas tarefas (lavanderia, contas, pratos etc.), então, poderemos reservar um momento para nós mesmos. O que precisamos realmente é de uma abordagem oposta.
Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã e fundadora desta revista, expressava com frequência a importância de orarmos diariamente por nós mesmos. O essencial, nessa oração, é identificar a nós mesmos como seres espirituais completos: “O homem, como ideia ou imagem e semelhança do infinito Deus, é uma ideia composta, complexa, semelhante ao infinito um, o uno infinito, cuja imagem é o reflexo de tudo o que é real e eterno na identidade infinita” (Mary Baker Eddy, The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Outros Textos], p. 239). Compreender nossa identidade como a verdadeira semelhança de Deus convida a nos deleitarmos na magnitude do nosso autêntico eu, isto é, somos a maneira como Deus expressa a Si mesmo. Vemos que cada um de nós é completamente o reflexo da Vida e do Amor divinos. Cuidamos de nós mesmos por meio da oração que reconhece esse fato e nos sintoniza com nossa fonte, Deus. À medida que sentimos a presença de Deus, vemos que nossa identidade está além da estrutura física — é uma ideia radiante do infinito bem.
Quando a oração diária se torna uma prática habitual para cuidar de nós mesmos, nossa existência transborda do bem que nos capacita a cuidar dos outros. Cuidar de nós mesmos não é egoísmo; é parte integrante do cuidado para com os outros. Não podemos dar o que não temos. Os artigos da edição deste mês falam de algumas maneiras para manter nossa consciência espiritual bem suprida. Ou, em outras palavras, como preencher nossa vida com a compreensão da natureza absoluta do Espírito, encontrar nossa identidade espiritual mais profunda e assim vivenciar a cura.
Enchemos nosso cálice com a consciência do reino de Deus dentro de nós. Ao sentir o poder da presença divina preenchendo nosso coração, sentimos uma alegria que se transforma naturalmente em compaixão por nós mesmos e pelos outros.
Ter compaixão por nós mesmos e pelos outros é um requisito para a cura na Ciência Cristã (ver Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, pp. 362–365). Como escreveu a Sra. Eddy para uma aluna: “Sim, minha querida, começa contigo mesma, como disseste; trabalha por tua própria santificação, espiritualidade, saúde e santidade. Acredito que, na proporção em que eu faço isso por mim mesma, o mundo todo também o sente. É por isso que desejo ardentemente mais tempo para dedicar-me a essa purificação de mim mesma” (L09957, Mary Baker Eddy para Sarah Pike Conger, 19 de junho de 1899, The Mary Baker Eddy Collection, Biblioteca Mary Baker Eddy para o Progresso da Humanidade).
A oração por nós mesmos nos leva a reconhecer com mais clareza nossa verdadeira identidade e a nos identificar como o reflexo direto de Deus. Obtemos mais graça e mais amor, e descobrimos que isso abençoa os outros.
Larissa Snorek
Redatora-Adjunta
