Imagine que você foi pescador durante toda a sua vida. Há meses, você vem seguindo um homem que fala com autoridade a respeito de Deus — um mestre que, de maneira surpreendente, cura todos os tipos de doenças. Você está começando a compreender o que ele vem explicando.
Um dia, você está com seus amigos e com o Mestre em um barco, atravessando um lago, e ele adormece. De repente, as nuvens vão se avolumando, e o vento está açoitando a água. Todos no barco se apressam a manejar as velas, e ajudar o mais depressa possível a fazer com que a embarcação esteja sob controle. Mas o Mestre continua a dormir. A seguir, o pânico está generalizado. Ainda assim, o Mestre nem se mexeu.
Finalmente, alguém o acorda e diz, aos gritos, que todos estão correndo perigo de se afogar. Mas o Mestre, Jesus, imperturbável, não se amedronta. Levantando-se, ele se volta para as ondas, e em um tom de voz repleto de convicção, ordena ao vento e às ondas a se acalmarem. Na mesma hora o vento cessa, as nuvens se evaporam, e o marulhar nas laterais do barco é suave e silencioso. A tempestade passou. Há uma grande calmaria. Então, voltando-se para eles, Jesus faz uma pergunta surpreendente: “…Onde está a vossa fé? …” (Lucas 8:22–25).
Da mesma forma, poderíamos nos perguntar, não apenas agora, mas muita vezes: Onde está a nossa fé? Está naquilo que vemos com os olhos? Está em nós mesmos, e em nossos esforços? Em nossas instituições, conhecimentos e know-how? Em nossos planos de saúde e previdência? Quando em meio às tempestades da doença, do medo, das perdas e das previsões tenebrosas, para onde nos voltamos em busca de respostas?
Jesus disse que para Deus “…tudo é possível” (Mateus 19:26), e demonstrou uma fé lúcida e prática que confiava inteiramente em Deus. Pode-se dizer que sua fé era perfeita. Irrestrita e sem hesitação. A dos discípulos se mesclava com dúvidas a respeito de Deus e uma confiança quase total nas impressões materiais causadas pelo que os rodeava. Os sentidos materiais os mantinham hipnotizados pela tempestade, ao passo que Jesus os estava ajudando a entender que o que viam não era a realidade, para perceberem que, para todas as necessidades, inclusive de segurança e saúde, eles podiam confiar completamente em Deus, que é a Vida e o Amor sempre presentes. A compreensão a respeito de Deus, a qual era inerente a Jesus, e a confiança que ele tinha em Deus, suplantaram a titubeante fé dos discípulos, e as condições atmosféricas cederam ao bem, que é imortal e divino.
Jesus se referiu várias vezes à fé, relacionando-a com a cura e com outras ocorrências aparentemente milagrosas. Para ele, a fé era essencial. Ele tinha a expectativa de que aqueles a quem ia curar tivessem fé, ou seja, que acreditassem em Deus. E recomendava o mesmo aos que havia curado. E quando seus seguidores mais próximos lhe pediram: “…Aumenta-nos a fé”, ele disse que fé “como um grão de mostarda” era suficiente (Lucas 17:5–6). Não se tratava de quão grande era a fé; o ponto crucial era em que se acreditava, ou seja, onde se apoiava a fé.
No entanto, a fé não era tudo. Jesus sabia o que Deus é, ele compreendia a Deus, e explicou: “…o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai…” (João 10:15). Ficou demonstrado que a força mais poderosa em prol do bem-estar, sob todos os aspectos — desde a saúde física, até a coragem moral e a ação — é a força que vem tanto da confiança em Deus quanto da compreensão de que Deus é nosso Pai e Mãe, nossa causa e Princípio únicos. Tal qual na época de Jesus, assim continua a ser, nos tempos atuais.
Mary Baker Eddy descobriu a Ciência das curas e ensinamentos do Cristo, e ela explica em seu livro-texto os hábitos espirituais eficazes que trazem a cura: “A oração que reforma o pecador e cura o doente é uma fé absoluta em que tudo é possível a Deus — uma compreensão espiritual acerca dEle, um amor isento de ego” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 1).
Pode parecer impossível ter uma absoluta fé em Deus, se não compreendemos que, sendo Deus a origem de nossa fé, a irrestrita fé em Deus é algo natural a todos nós. A Bíblia afirma que somos a imagem e semelhança de Deus; assim, somos o reflexo da completa e constante fidelidade que o Amor divino tem para conosco. Podemos exercer essa capacidade de ter fé, que nos é inata, ao nos voltarmos a Deus em toda situação, e ao progredirmos em nossa compreensão de que Ele é verdadeiramente a nossa Vida, Alma e Mente.
Alcançaremos maravilhosas bênçãos, se simplesmente direcionarmos a Deus nossa confiança; se tivermos mais fé na realidade divina do que nas opiniões humanas ou no medo, mais confiança nas verdades espirituais do que em conclusões ou hábitos que têm base na matéria, e acreditarmos mais na Vida do que na doença e na morte; e se nos apoiarmos mais em Deus do que em nossos talentos, instituições ou esforços humanos.
Em uma época em que tantos males aparentes nos têm apartado ou feito com que a discórdia pareça inevitável, quando nos sentimos como se, sozinhos, estivéssemos tentando evitar o afundamento de nosso barco, podemos nos voltar a Deus, e pedir ajuda ao Amor divino, independentemente do tamanho de nossa fé. (De acordo com o que Jesus disse, o equivalente a um grãozinho de mostarda é o bastante.) E continuar nos voltando a Deus, confiantemente, deixando que cresçam a fé que temos nEle, nossa compreensão dEle e nosso amor por Ele, até conseguirmos sentir a tranquila convicção de que nosso Pai-Mãe realmente está ao nosso alcance, e é sempre o refúgio perfeito.
Ethel A. Baker, Redatora-Chefe
