Cálculos! Desde o momento em que acordamos de manhã, até a noite, quando colocamos a cabeça no travesseiro, estamos muitas vezes fazendo cálculos, ou em conflito com os que estão sendo feitos para nós. Nossos próprios cálculos podem ter a ver com o modo de administrar o tempo, responsabilidades financeiras ou compromissos de relacionamento. Cálculos computacionais baseados em algoritmos podem ser utilizados para nos induzir a comprar algo, ou tentar nos influenciar na tomada de decisões importantes. Por mais que sejam bem gerenciados, todos eles geralmente têm como base uma premissa finita, tridimensional e material, sendo, portanto, limitantes e, às vezes, até mesmo sufocantes.
Mas, com relação ao cálculo do que precisa ser conhecido ou feito, que tal avançar para além dessa noção de um reino finito e material, e adentrar as infinitas possibilidades do Espírito, Deus? É aí que entra o algoritmo do Espírito. Há uma definição de algoritmo que diz: ”um processo ou conjunto de regras a serem seguidas em cálculos ou outras operações de resolução de problemas” (lexico.com). Isso me faz lembrar de uma citação de Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, apresentando uma regra concisa e completa para a resolução de problemas: ”A lei de Deus está em três palavras: ‘Eu sou Tudo’; e essa lei perfeita está sempre presente para repreender qualquer alegação de que exista outra lei” (Não e Sim, p. 30). Genial!
”Eu sou Tudo” — essa declaração estabelece que Deus, o bem, é o Princípio e o alicerce a partir do qual tem de proceder todo o existir. É uma lei divina que inclui toda a criação na perfeição da natureza de Deus, que é o bem — e exclui tudo o que não seja semelhante a Deus.
O único e infinito Tudo-em-tudo toma o lugar dos cálculos que se baseiam em uma perspectiva limitada, material, e os deixa de lado.
Essa lei, que declara que Deus é tudo, está no cerne da revelação que Deus fez a Moisés, ao dizer-lhe para levar o povo de Israel para fora do Egito. A partir de perspectivas materiais de abordar os problemas, e, portanto, finitas, para a resolução desses problemas — as quais Moisés poderia ter usado para calcular suas probabilidades de êxito — a missão parecia destinada ao fracasso. Mas a voz de Deus, ao declarar ”EU SOU O QUE SOU” (Êxodo 3:14), anulou as objeções e preocupações de Moisés. E sabemos, pela narrativa do livro de Êxodo, que à medida que Moisés agiu confiando na onipotência sempre presente do”EU SOU”, cada necessidade do povo que ele liderava foi atendida, e todos tiveram comida, água e proteção. A experiência vivida na narrativa do Êxodo fornece um estudo intensivo e sistemático do relato bíblico, ilustrando como o infinito Tudo-em-tudo toma o lugar dos cálculos que se baseiam em uma perspectiva limitada e material, e os deixa de lado, resolvendo assim o próprio problema da finidade, ou seja, do que é finito.
Desse modo, o algoritmo do Espírito é supremamente praticável. Deus é Tudo: essa lei anula as variáveis mortais do acaso e das circunstâncias; e requer e impulsiona a harmonia, a saúde, o suprimento e a liberdade, como resultados naturais e inevitáveis do infinito bem. Tudo é Deus e Sua expressão infinita, que inclui cada um de nós; e assim, na verdade todos têm de ser bons, sendo a própria semelhança de Deus. À medida que aceitamos esses preceitos espirituais e rejeitamos tudo o que lhes é dessemelhante, reconhecemos cada vez mais o incessante desdobramento do bem em nossa vida, e temos a certeza de que o único ponto de origem necessário, para a expressão de Deus, é Deus.
Foi essa a experiência que meu marido e eu tivemos recentemente, com um imóvel localizado em uma cidade distante de onde moramos, o qual precisávamos vender. Durante o lockdown causado pela Covid a propriedade havia ficado sem manutenção, e estava apresentando grandes estragos. Viajamos para aquela cidade a fim de que meu marido pudesse supervisionar a obra de reparos necessários, enquanto eu teria tempo, hospedada em um hotel próximo, para escrever um trabalho que exigia muita atenção.
Eu tinha minhas próprias expectativas e cálculos quanto ao modo como tudo deveria acontecer. Mas passaram-se os dias, com repetidos atrasos na reforma do imóvel; dei-me conta de que eu deveria orar para abrir mão dos meus meticulosos cálculos a respeito de como, quando e qual seria o montante do prejuízo financeiro que o atraso causaria; decidi ”arregaçar as mangas” e ajudar de modo mais substancial no projeto da reforma. Comecei a reconhecer que aquela linda casa era na verdade uma expressão do Tudo-em-tudo, que é Deus; uma expressão de lar, céu e harmonia. Parei de pensar naquele imóvel como um monstro que causava muita preocupação e ansiedade e, em vez disso, reconheci-o como uma bênção para todos os envolvidos. Quanto ao projeto da obra, eu estava deixando de lado as perspectivas e os cálculos que tinham como base a matéria, entregando-os aos cuidados e à orientação de Deus, que é a Mente perfeita e única, e é o Amor infinito.
Em certo momento, tomei consciência de que era um algoritmo humano — em vez de um pensamento inspirado originado na Mente divina e motivado pelo Amor divino — o que estava predizendo quando a propriedade poderia ser vendida. Fiz questão de ficar atenta para não depender de cálculos computacionais baseados em probabilidades para fazer predições quanto à nossa experiência.
No período em que eu estava orando, mantendo no pensamento a constante certeza de que Deus é Tudo, ao mesmo tempo eu reconhecia Seu cuidado infalível quanto a cada detalhe envolvido; nesse meio tempo, a propriedade deixou de ser um imóvel com muitos estragos e cheio de problemas, e passou a ser uma casa reformada, sendo negociada por um preço acima do que pedíramos inicialmente — em menos de um mês. Todos os envolvidos foram abençoados. Estávamos admirados por ver a forma como os resultados e a venda excederam enormemente os cálculos humanos. A vizinhança também foi abençoada com uma propriedade renovada e em perfeitas condições de uso. E, visto que a lei do Espírito, na qual Deus é Tudo-em-tudo — é natural e necessariamente uma bênção universal — também concluí a redação do meu projeto.
Os cálculos que têm como base a matéria, limitantes e geradores de medo, assim como suas perspectivas, podem ser substituídos por gloriosos resultados, quando ”...o pensamento aceita o divino cálculo infinito” (Mary Baker Eddy, Ciência e Saúde com Chave para as Escrituras, p. 520).
Como é reconfortante saber que cada um de nós pode contar com a infalibilidade do algoritmo do Espírito, render-se a essa lei, demonstrá-la e reconhecer sua aplicabilidade universal. Esse é ”o divino cálculo infinito”, que por fim revela que tudo e todos estão incluídos no abraço de Deus, o ”Eu sou Tudo”.
Susan Booth Mack Snipes
Redatora Convidada