Existe uma conhecida anedota que diz: “Quer ouvir a risada de Deus? Conte a Ele seus planos”. Embora obviamente esse seja um ponto de vista humano a respeito de Deus e deva ser visto com leveza e humor, serviu para eu me lembrar de que preciso estar disposto a colocar meus planos de lado e ouvir a Deus.
Depois da faculdade, eu queria fazer pós-graduação em licenciatura e logo lecionar em uma universidade. Mas no início do meu terceiro semestre da pós-graduação, fui convocado para o Exército. Dizer que fiquei chateado com essa evolução é um grave eufemismo. Isso não apenas interferia em meus planos, mas eu achava que não tinha nem o físico nem o temperamento para o serviço militar, e eu também me opunha ferozmente à guerra em que meu país estava envolvido naquela ocasião.
Eu odiava o Exército, a situação em que me encontrava, e também todos os instrutores do treinamento. Esse ressentimento — e, sendo realista, também o medo — estava tornando meu treinamento básico um pesadelo. Comecei a ter um problema nas costas, que tornava doloroso o treinamento físico, e uma infecção no sistema respiratório que me fazia ficar continuamente sem ar. Também estava perdendo muito peso.
Eu precisava de um ajuste de atitude, ou talvez do que a Bíblia chama de arrependimento, ou seja, pensar de novo ou de modo diferente.
A revolucionária em assuntos de religião, Mary Baker Eddy, revelou que os pensamentos ímpios, tais como ódio, medo e ressentimento, não são nossos pensamentos. Parece que nos foram impostos por aquilo que ela denominou mente mortal, e que o apóstolo Paulo chamou “mente carnal [que] é inimizade contra Deus” (ver Romanos 8:7). Era essa crença em uma mente mortal ou carnal que estava me convencendo de que eu tinha um corpo material defeituoso e que estava preso em circunstâncias terríveis.
Eu precisava substituir esses pensamentos que me haviam sido impostos, e passar a ter pensamentos de amor, como os de Deus, e tinha de confiar em Deus para me guiar e me proteger. A interpretação espiritual das Escrituras, que nos é dada pela Sra. Eddy, nos assegura que Deus é o Espírito e que nós somos Sua imagem e semelhança — Seus filhos amados. Portanto, estamos sempre em nosso lugar certo, em união com Deus.
Ocorreu uma mudança quando me foi negado mais um privilégio, porque eu estava ficando para trás no treinamento físico. O pensamento que me veio, naquele momento, em que eu me encontrava muito desanimado, foi que eu tinha de amar. Comecei a compreender que os sargentos instrutores estavam preparando aqueles jovens para sobreviver em uma guerra travada na selva. Eles não estavam sendo intencionalmente cruéis; seus métodos de treinamento eram apenas o conceito mais elevado que tinham, de como desempenhar suas obrigações.
À medida que eu gradualmente substituía pensamentos ímpios por pensamentos de amor pelos sargentos instrutores, e pela confiança na proteção de Deus, tudo começou a mudar. Compreendi que não eram os meus planos que eram importantes, mas sim o infinito plano de Deus para o bem, o qual Ele tem para mim e para todos. Compreendi que eu só podia estar no lugar certo, cumprindo o plano de Deus para mim, pois Ele é onipresente. Eu nunca poderia estar onde Deus não está e onde Deus não está me dirigindo e me orientando.
Com esse arrependimento, fui gradualmente curado das minhas doenças físicas. O restante de minha experiência militar foi harmonioso e acabou sendo um período de renovação espiritual. Aprendi muitas lições — especialmente sobre humildade — e quando voltei aos estudos para terminar minha pós-graduação, foi como se nunca tivesse deixado o curso.
Mas quando eu estava prestes a receber meu diploma de licenciatura, fiquei sabendo que havia poucos empregos no campo da educação na região em que eu vivia, e muitos outros licenciados de instituições de maior prestígio estavam competindo por essas poucas vagas. Candidatei-me para várias escolas, mas nunca fui convidado para uma entrevista. Com a mesma humildade que havia alcançado pela oração, durante o serviço militar, compreendi que tinha de anular pensamentos de carência e competição e ver que havia um lugar para mim e para todos os outros licenciados daquele momento. A lei de Deus para todos é abundância.
Pelas circunstâncias mais inesperadas e incomuns, minha atenção foi atraída para um anúncio de uma vaga em uma instituição da qual eu nunca ouvira falar, em uma cidade que nem minha esposa nem eu conhecíamos. Eu me inscrevi e fui convidado para uma entrevista. Gostei das pessoas que lá conheci. Ofereceram-me um cargo, minha esposa concordou, e acabei aceitando. Disseram que haviam entrevistado muitos candidatos, mas nenhum deles parecia adequado.
Ficou claro que esse emprego era perfeito para mim. Era uma instituição pequena, mas em rápido crescimento, a qual me proporcionou a oportunidade de passar minha carreira ajudando a moldar o que agora é uma grande universidade de pesquisas.
Depois que eu já estava lá havia quase uma década, um advogado perguntou se eu estaria disposto a ser uma testemunha especializada, comumente chamada de perito, em um importante caso de direitos de voto perante tribunais federais, já que não havia ninguém mais que sua equipe jurídica considerasse a pessoa certa para essa atribuição. Humildemente aceitei a oferta, e aquele caso foi o precedente nacional mais importante nessa área específica da legislação.
Minha participação relativamente pequena em um caso tão importante me colocou em um percurso que eu nunca havia previsto. Nos 35 anos seguintes, fiz parte de mais de 50 desses casos e continuei em atividades semelhantes desde que me aposentei do ensino. Décadas antes, quando eu estava planejando minha carreira, esperava limitar minha atividade estritamente à pesquisa acadêmica. Eu não tinha nenhuma ideia do que eram atividades como a de testemunha especializada.
Agora, aqui está a melhor parte. A vaga para o cargo naquela instituição de ensino não estava aberta dois anos antes de eu receber meu diploma. Se eu não tivesse passado aqueles dois anos no Exército, talvez nunca tivesse ido para aquela instituição e tido a oportunidade de estar lá para os inúmeros aspectos gratificantes da minha carreira. Quando alinhamos nossos pensamentos a Deus, podemos ver Seus amorosos planos do bem infinito, os quais Ele tem para nós — e para todos.