O Cristianismo dos primeiros tempos, como foi ensinado por Cristo Jesus, incluía orar para a solução de problemas. As orações sanadoras de Jesus apoiavam-se na compreensão que ele tinha do poder de Deus para ajudar as pessoas, nos momentos de necessidade.
Durante seu ministério de três anos, o Mestre introduziu um modo de vida que incentivava seus seguidores a que se amassem uns aos outros, ajudassem os outros, e fizessem aos outros o que desejavam que lhes fosse feito. Sua teologia se baseava no Primeiro Mandamento: ter um só Deus — um Deus Todo-Poderoso que criou tudo, e para o qual tudo é possível. Àqueles que o seguiam, ele ensinou a orar, e deu-lhes provas de que a oração resulta em cura.
Para a prática da Ciência Cristã, é fundamental ter o hábito de voltar-se a Deus em oração, em busca de cura. Desde que Mary Baker Eddy descobriu a Ciência Cristã, em 1866, esta Ciência tem provado ser muito eficaz. Há registros bem documentados de seu poder de cura, no capítulo “Frutos” do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras e, desde 1883, os testemunhos também são publicados nos periódicos da Ciência Cristã, inclusive neste que você está lendo.
No entanto, há casos em que o problema se prolonga e, quando isso ocorre, é frequente perguntar como devemos orar, então. Os Cientistas Cristãos naturalmente se voltam para a Bíblia e para o livro-texto da Ciência Cristã em busca de respostas, pois a prática dessa Ciência está fundamentada na autoridade bíblica e na orientação do Consolador divino — o espírito de Deus, a Verdade. Em todos os casos, uma devoção inabalável à Verdade supera qualquer resistência obstinada do erro em algum problema. A Palavra inspirada da Bíblia, juntamente com Ciência e Saúde, é capaz de reverter os equívocos do pensamento humano, de superar a materialidade de nossa época e remover a influência da opinião humana que estiver pesando do lado errado.
Por exemplo, se alguém está há bastante tempo orando, sem conseguir curar-se, pode parecer que suas orações sejam palavras vãs, e que sejam inúteis as tentativas para conseguir a cura apenas por meio da oração. No entanto, porventura isso significa que nossas orações tenham falhado ou que tenhamos sido abandonados por Deus?
A resposta pode ser encontrada na Bíblia e nos escritos de Mary Baker Eddy. Moisés disse ao povo: “…o Senhor, vosso Deus, é quem vai convosco; não vos deixará, nem vos desamparará” (Deuteronômio 31:6). Em 1 Coríntios 15:58 encontramos este conselho: “…meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão”. E Ciência e Saúde pergunta: “Somos beneficiados por orar? Sim, o desejo que tem fome de justiça e de retidão é abençoado por nosso Pai e não nos volta vazio” (p. 2).
Em minha experiência, tenho comprovado que a oração é sempre respondida — nunca falha. A resposta pode não resolver instantaneamente toda a questão, mas sempre revela o próximo passo a ser dado. E à medida que oramos, chegamos mais perto de ver as coisas como Deus as vê, reconhecendo que nós mesmos e os outros somos todos espirituais, perfeitos, íntegros e livres.
Quando eu estava na terceira série do ensino fundamental, minha classe tinha três grupos de leitura, formados de acordo com o ritmo de cada aluno: lento, médio e rápido. Eu estava no grupo de leitura lenta, e o professor informou a meus pais que eu não apenas era um leitor extremamente lento, mas que também tinha pouca capacidade de compreender o que lia. Embora o termo dificuldade de aprendizagem ainda não tivesse sido introduzido, é assim que o problema seria descrito hoje. É geralmente aceito que não há cura para o que na atualidade é considerado um distúrbio neurológico permanente.
Meus estudos foram bastante difíceis, devido à dificuldade na leitura. No entanto, ao longo dos anos, meus pais e eu oramos com perseverança para vencer o rótulo que limitava minha capacidade de aprendizado. Nossas orações se baseavam no que compreendíamos dos ensinamentos da Ciência Cristã: que a inteligência é uma qualidade de Deus e que, como filho de Deus, eu refletia tudo o que Deus, a Mente divina, conhece e compreende. Eu estava aprendendo que minha inteligência não provinha de um cérebro humano, mas da Mente divina.
Apesar de minhas orações, não me tornei um exímio leitor da noite para o dia. No entanto, com o passar dos anos, eu via com gratidão que minha habilidade de leitura e compreensão melhorava e fui ficando mais confiante.
À medida que cresci, assumi um papel mais ativo em orar por mim mesmo. Rebelei-me contra a noção de deficiência. Ciência e Saúde afirma: “O Espírito diversifica, classifica e individualiza todos os pensamentos, os quais são tão eternos como a Mente que os concebe; mas a inteligência, a existência e a continuidade de toda individualidade permanecem em Deus, que é seu Princípio divinamente criador” (p. 513).
Quando aceitei a classificação vinda de Deus, de que sou uma ideia inteligente dEle, da Mente, ocorreu uma mudança maravilhosa em meu pensamento, e o rótulo humano se desfez. Deixei de focar na leitura, e passei a ser um leitor. Ponderei e orei profundamente sobre as obrigações morais de um Leitor em uma igreja da Ciência Cristã, conforme delineado por nossa Líder no Manual dA Igreja Mãe. Esses requisitos são que o Leitor seja um cristão exemplar, que se mantenha imune “às influências do mundo” — incontaminado “pelo mal” (ver p. 31), e que leia com compreensão. Quanto mais me imbuía desses deveres espirituais em minhas atividades diárias, maior era minha compreensão.
Ao longo dos anos de oração constante, progredi passo a passo e, já faz muitas décadas, sou capaz de ler e compreender em nível considerado normal. Comprovei, com essa experiência, que nossas orações nunca são em vão, e que a Ciência Cristã cura até mesmo casos que o mundo considera incuráveis. O resultado mais valioso dessa experiência foi não apenas o fato de haver me tornado um bom leitor, mas o que é mais importante, tornei-me uma pessoa melhor.
Quando usamos a expressão “ainda não”, geralmente nos referimos a algo que ainda não aconteceu, mas espera-se que aconteça. Isso não é mau, pois apenas significa que determinada ação não foi concluída. Trata-se de uma maneira perfeitamente legítima de pensar sobre uma cura que ainda não foi totalmente realizada. Na maioria dos casos, indica que o trabalho não está completo, embora intensa e persistente oração tenha sido feita até o momento, mas há a expectativa de uma cura completa.
A Sra. Eddy afirma sobre a cura espiritual: “…os tesouros deste livro texto [Ciência e Saúde] ainda continuam encobertos aos olhos de muitas pessoas, [por isso] a beleza da santidade ainda não foi conquistada” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Outros Textos], p. 114). Ela também escreve, referindo-se ao “neófito na Ciência Cristã”, que na “…cura e no ensino o aluno ainda não adquiriu toda a sabedoria da prática pela Mente” (Retrospecção e Introspecção, p. 78). Mas isso não é um impedimento! A experiência me mostrou que mesmo quando a cura completa ainda não aconteceu, esta se manifestará quando a riqueza, a beleza e a sabedoria de Deus forem compreendidas.
Há muitos casos em que alguma coisa que almejamos não acontece tão rapidamente quanto esperávamos. Isso não significa necessariamente que estejamos fazendo algo errado, ou que não reflitamos o Cristo em nosso viver. Pode significar apenas que precisamos demonstrar mais características da vida de Cristo — mais compaixão, mais desprendimento do ego; mais coragem moral; mais convicção e menos dúvida; mais fé e menos medo; mais compreensão e menos ignorância. Nessas circunstâncias, aprendemos a ser pacientes — ou seja, firmes em nossos esforços.
O objetivo é a cura rápida, sem dúvida, mas até que de fato façamos essa demonstração, aquilo que no momento estamos praticando do ensino da Ciência Cristã é extremamente eficaz. Os enfermos estão sendo curados, os pecadores, reformados, e como resultado, nosso mundo está, passo a passo, sendo transformado. Quer as curas sejam lentas ou rápidas, todas conduzem a uma melhor compreensão de Deus.
Quando percebo que é necessário orar mais, recuso-me a renunciar à expectativa da cura, não importa quanto tempo demore. Não vou desistir nem ceder ao desânimo. Essa recusa não se baseia na força de vontade humana, mas sim em uma compreensão metafísica do poder divino.
A Sra. Eddy escreveu sobre si mesma: “A descobridora da Ciência Cristã acha menos difícil o caminho, quando tem a meta elevada sempre presente em seus pensamentos, do que quando conta os passos no esforço de alcançá-la” (Ciência e Saúde, p. 426). De igual modo, eu constato que, se um caso se prolonga, o caminho é menos desanimador, quando mantenho em mente o objetivo elevado da cura espiritual, em vez de contar há quantos dias estou orando. A necessidade de oração contínua não é um problema, mas sim uma oportunidade de mais crescimento, mais graça, mais persistência e mais bênçãos. Do fundo do coração, não tenho dúvidas de que todo problema tem de finalmente ser solucionado e resultar em cura.
