Sou estudante da Ciência Cristã e minhas orações me levaram a compreender a Deus como nosso Pai-Mãe. Já vi muitos exemplos de como Deus cuida de nós como um Pastor e sempre nos guia mansamente para darmos os passos certos. No entanto, nem sempre as respostas que procuramos ficam rapidamente evidentes aos nossos olhos.
Um poema de Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, começa assim: “Mostra, Pastor, como andar / Sobre a escarpa além” (Hinário da Ciência Cristã, 304, trad. © CSBD), e também fala em seguir “pela senda rude” cantando em regozijo. Eu pude constatar os benefícios de prestar atenção à voz de Deus e segui-la, embora a senda muitas vezes tenha se apresentado um tanto rude. Por meio da oração e da compreensão do grande amor e cuidado de Deus, superei os efeitos daquilo a que de modo geral chamamos de trauma de infância.
Quando garotinha, tive uma vida feliz e segura. Era a mais velha de seis filhos. Nossa casa era repleta de amor e alegria. A educação era muito valorizada. Éramos alunos da Escola Dominical da Ciência Cristã e toda semana aprendíamos mais sobre a fonte do bem, Deus. O futuro se mostrava brilhante.
Contudo, devido a uma série de eventos, de repente começamos a passar por dificuldades financeiras e tivemos de nos mudar para uma casa muito menor. Meus pais eram Cientistas Cristãos dedicados e já haviam vivenciando o bem de inúmeras maneiras, mas alguns contratempos nos negócios precisavam ser vencidos. E, naquele momento, o futuro parecia incerto.
Por ser a filha mais velha, eu podia sentir o medo e o estresse que pairavam na atmosfera em nossa casa. Ouvi muitas conversas que estavam além da minha compreensão, mas que mesmo assim me faziam temer por nosso futuro. No entanto, mesmo durante esses tempos sombrios, eu estava aprendendo a relevância das histórias da Bíblia e lia artigos para crianças no Christian Science Sentinel. Histórias como as de Moisés bebê que, em meio a uma série de circunstâncias impressionantes, foi encontrado e adotado pela filha do faraó — e ainda assim foi cuidado pela própria mãe — me mostraram claramente que Deus é bom e que eu posso sentir o amor de Deus em qualquer circunstância. Debruçava-me sobre as edições do Sentinel, para ver como outras crianças usavam o que haviam aprendido na Bíblia. Gosto muito da instrução que Cristo Jesus deu aos discípulos: “Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus” (Mateus 19:14). Os hinos eram um recurso muito usado em nossa casa e também me traziam muito conforto.
Nossa família acabou se mudando para outra cidade e meu pai conseguiu um emprego. Mas nossa situação ainda era difícil e eu percebia o quanto isso era desgastante para os adultos. Durante nosso primeiro ano na nova comunidade, meu pai faleceu após uma breve doença. A consequente urgência em suprir as necessidades básicas da família fez com que não fosse dada a devida atenção ao progresso educacional e ao desenvolvimento de meus irmãos, principalmente daqueles em idade pré-escolar. Apesar disso, eu ainda conseguia sentir a expressão do amor em nossa família, expressão essa que estava enraizada em Deus.
A frequência contínua na Escola Dominical, o estudo da Lição Bíblica semanal que consta no Livrete Trimestral da Ciência Cristã e as orações de um praticista da Ciência Cristã foram fundamentais para nosso progresso. Tivemos demonstrações de suprimento vindas de fontes inesperadas. A família da igreja, com seus membros amorosos, nos ajudava com alimentos, convites para atividades familiares e o ensino amoroso na Escola Dominical, juntamente com atenção especial às nossas necessidades individuais. Durante esse período, também tivemos curas rápidas de infecções contagiosas e doenças infantis.
À medida que reconstruíamos nossa vida familiar, todas as crianças passaram a ir à escola, mas no início não recebíamos atenção individualizada quanto aos estudos. Mesmo diante da normalização de nossos dias, os impactos negativos derivados da interrupção dos estudos começaram a aparecer. Mas minha mãe mantinha-se claramente firme e confiante nesta passagem de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy: “A mente humana, imbuída dessa compreensão espiritual, torna-se mais elástica, é capaz de maior resistência, desprende-se um tanto de si mesma e requer menos repouso. Um conhecimento da Ciência do existir desenvolve as faculdades e possibilidades latentes do homem” (p. 128). Minha mãe compreendia que refletimos a Deus, a Mente, e que o progresso acadêmico era a expressão natural desse reflexo de nosso Pai-Mãe. Embora um de meus irmãos tenha aprendido a ler mais tarde do que o considerado normal e outro tenha apresentado dificuldades de aprendizado, todos os seis irmãos foram para a universidade e tiveram êxito em suas carreiras.
Além disso, embora eu tenha me destacado academicamente, com o passar dos anos passei a sofrer de transtornos de ansiedade. Parecia-me que eles estavam ligados às minhas lutas na infância. Assim como minha família e eu nos mantivéramos firmes, em espírito de oração, em nossa luta com os problemas financeiros e os relacionados aos estudos, consegui vencer a ansiedade por meio de uma abordagem espiritual. Além de ter sido curada do medo de viajar de avião (ver “No longer afraid to fly” [Livre do medo de viajar de avião] na edição de fevereiro de 2003 do Journal), também fui curada do pavor obsessivo do mau tempo e da ameaça nuclear, de timidez extrema e de muitos outros medos que me atormentaram até a idade adulta e afetavam minhas atividades. Tive a ajuda de um praticista da Ciência Cristã em diferentes épocas, enquanto continuava meu próprio estudo aprofundado e orações. Cada um dos desafios foram vencidos.
Ao longo de meus 43 anos de carreira, precisei viajar bastante (muitas vezes de avião ou debaixo de mau tempo) e falar em público. Apesar das dificuldades, tenho muitas lindas lembranças da infância e tive uma vida adulta notavelmente produtiva.
Esta passagem de Ciência e Saúde é especial para mim: “Deus é a Mente progenitora, e o homem é o progênito espiritual de Deus” (p. 336).
Sou eternamente grata pelo amor de Deus, pelos professores da Escola Dominical, pelos praticistas e pela oportunidade de continuar crescendo espiritualmente como estudante da Ciência Cristã.
Carole Jackson Poindexter
