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Original para a Internet

Lições dos personagens secundários nos eventos da Páscoa

Da edição de março de 2024 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 3 de abril de 2023.


Você provavelmente já ouviu falar dos personagens principais — Jesus e seus discípulos (especialmente Pedro e Judas); Caifás, o sumo sacerdote judeu; e Pôncio Pilatos, o governador romano. Mas, o que dizer de Malco, o servo do sumo sacerdote cuja orelha foi cortada por Pedro? E a esposa de Pilatos, que alertou o marido sobre a inocência de Jesus? E Simão, o cireneu, que carregou a cruz de Jesus, e o centurião romano e seus soldados, que o pregaram na cruz? Um olhar mais atento para esses personagens secundários, nos eventos da Páscoa, pode revelar algo significativo sobre o efeito do Cristo em todos nós, nos dias de hoje.

 Recentemente, pensei em algumas perguntas sobre aqueles personagens aparentemente irrelevantes naqueles acontecimentos dos Evangelhos. Como o julgamento, a crucificação e a ressurreição de Jesus poderiam ter modificado a vida deles e sua maneira de pensar? O que dizer de Malco, cujo nome aparece apenas no Evangelho de João (ver 18:10), mas que é citado nos outros três evangelhos? Sua orelha foi decepada por Pedro, na tentativa de defender Jesus dos soldados que tinham vindo prendê-lo. O que será que ele deve ter sentido quando sua orelha foi restaurada pelo Mestre? O que fez com que a esposa de Pilatos aconselhasse o marido a não se envolver na conspiração dos sacerdotes contra Jesus, cuja inocência lhe fora revelada em sonho?

E como deve ter sido para o centurião e os soldados romanos que estavam em serviço durante a crucificação? Aquele evento não tinha nada a ver com a história deles. Eles haviam vindo de uma cultura completamente diferente, adoravam muitos deuses e podem ter se sentido como espectadores desinteressados, ​​depois de terem pregado Jesus e os dois criminosos em suas respectivas cruzes. Mas,  quando viram o terremoto que se seguiu ao suspiro final de Jesus, disseram: “Verdadeiramente este era Filho de Deus” (Mateus 27:54).

 Simão, que era de Cirene, uma cidade do norte da África, é descrito no Evangelho de Marcos (15:21) como um homem que apenas passava por aquele local. Os detalhes são escassos, mas três dos Evangelhos relatam que Simão recebeu ordens dos soldados romanos para pegar a cruz de Jesus e carregá-la para ele. Esse homem talvez soubesse muito pouco sobre os eventos que estavam acontecendo naquele momento, mas foi obrigado a caminhar com o cortejo até o local da crucificação de Jesus.

Será que nós também, às vezes, preferimos apenas ir passando mentalmente ― sem querer nos envolver em situações difíceis, talvez porque as notícias do mundo pareçam demasiadamente difíceis de contemplar? No entanto, o chamado para cada um de nós é o de dar testemunho em favor do Cristo e de trabalharmos com o Cristo, a verdade divina que Jesus viveu e provou. Também somos chamados a compreender que a mensagem vital da Páscoa ― a vitória da ressurreição e a espiritualização do pensamento ― está operando no mundo ainda hoje por meio do Cristo, a Verdade, que está sempre presente. 

Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, escreve em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras sobre a mudança de paradigma, a qual transformou o mundo, causada pela ressurreição de Jesus: “Seu trabalho de três dias no sepulcro imprimiu o selo da eternidade ao tempo. Ele provou que a Vida é imorredoura e que o Amor domina o ódio” (p. 44). 

Ao refletir especificamente a respeito daqueles soldados anônimos junto à cruz, percebi como é importante não limitar nossa expectativa a respeito de quão transformador é o poder da Verdade divina para todos. Mesmo que a inspiração espiritual recebida pareça ser apenas um pequeno vislumbre de luz em nosso pensamento, em determinado momento, as percepções obtidas inevitavelmente se ampliam e se aprofundam em nossa consciência. 

Com que frequência pensamos que somos apenas espectadores, que passam ou ficam olhando, como Simão de Cirene, ou como aqueles soldados depois de terem feito seu trabalho? Contudo, a percepção que ocorre quando somos testemunhas da demonstração espiritual de cura de outra pessoa, também pode ser significativa para nós. Muitas vezes noto que uma ideia espiritual, compartilhada por algum amigo a respeito de sua própria experiência, fica voltando ao meu pensamento por muitos dias, quando paro para pensar em maior profundidade. E, às vezes, essa mesma inspiração me volta ao pensamento anos depois, precisamente quando necessito dela. 

Malco, o servo do sumo sacerdote, embora talvez ciente de que aquela não era uma detenção comum, provavelmente não esperava nada que pudesse mudar sua vida, ao dirigir-se ao Getsêmani naquela noite, mas tenho certeza de que foi exatamente isso que aconteceu. Como ele poderia esquecer, toda vez que tocava sua orelha, ou a via refletida em algum espelho, que algo verdadeiramente transformador havia acontecido? Ele havia constatado que, mesmo diante da raiva, do medo e da injustiça, Jesus se aproximara dele com o toque sanador do Amor divino. 

Esse exemplo concreto, de como o Cristo nos toca com o Amor, continua a ressoar ao longo dos séculos. Apesar daquilo que, às vezes, parece ser um mundo cruel, os leitores da história da Páscoa também podem descobrir que o ímpeto sanador do Cristo está sempre disponível. Ele está nos impelindo para uma maior compreensão acerca da nossa relação com Deus e do relacionamento de uns com os outros.

A contribuição da esposa de Pilatos, em relação aos eventos, parece não ter sido importante. Mas é possível que ela tenha continuado a considerar em silêncio a mensagem que recebera acerca da inocência de Jesus.

Que lição oportuna para nós hoje, de que mesmo as inspirações individuais podem ser fator de mudança, pois o Cristo nunca nos deixa onde nos encontra. Se nossas orações e curas às vezes parecem pequenas ou até insignificantes, podemos aprender com esses personagens da Páscoa a não limitar o poder de transformação que nossos encontros com o Cristo podem ter para nós e para os outros.

Esses personagens secundários, compelidos a se envolver nos eventos importantes ao seu redor, lembram-nos que temos um papel a desempenhar nos eventos mundiais. A pessoa que ora, nos dias de hoje, não tem a opção de ser mera espectadora. Como aconteceu com aqueles personagens, o Cristo nos conclama a sermos testemunhas da Verdade divina e da presença sanadora de Deus, quer se trate de problemas mundiais ― como uma guerra ou um fenômeno ambiental e um terremoto  quer enfrentando desafios pessoais.

Toda oração em favor da Verdade é de grande valia para o mundo, não importa quão modesta possa parecer. Por quê? Porque nossas orações desempenham um papel vital na mudança de uma narrativa fatalista para o reconhecimento da vitória perpétua da Vida eterna, Deus. Elas honram a mensagem intrínseca da Páscoa e asseguram grande esperança para todos nós. O Cristo, a influência divina presente no pensamento humano, está sempre falando a cada um e a todos nós, quer nosso envolvimento em uma situação pareça grande ou pequeno. E nada pode jamais negar ou diminuir a contribuição desses momentos sagrados para o progresso da humanidade.

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