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Original para a Internet

Mary Baker Eddy e a arte

Da edição de março de 2024 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 28 de setembro de 2023.


“É chegada a hora dos pensadores.” Essa não é exatamente uma afirmação que esperaríamos encontrar no livro-texto de uma religião, escrito por uma mulher há bem mais de um século, época em que as mulheres raramente tinham espaço para se manifestar publicamente. Mary Baker Eddy, no entanto, não era precisamente uma personagem convencional, como as que podemos encontrar na história do Cristianismo. Eu logo constatei que nunca mais seria o mesmo depois de ler sua principal obra, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras.

 A realidade que eu concebera para mim estava em frangalhos; os ventos renovadores de Deus haviam causado uma reviravolta em minha vida: de ateu tornei-me Cientista Cristão. Passei a acreditar no fato de que Deus é tudo, por ser a Mente, o Espírito, a Verdade. Por mais chocante que essa mudança tenha sido para amigos e familiares, o que mais me surpreendeu foi ver como meus valores estéticos mudaram. Nunca imaginei que a mudança fosse tão drástica, e que ocorresse juntamente com a adoção de novos valores morais e espirituais.

Sendo pintor do estilo realista (que se caracteriza pela observação e representação rigorosa, exata e detalhada da natureza), eu pouco havia levado em consideração a natureza subjetiva da beleza. Até então, fora mais fácil pensar sobre “o que é belo”, com todos os seus aspectos intangíveis, dedicando-me ao aperfeiçoamento da técnica. Para mim, a beleza tinha tudo a ver com a capacidade de criar a ilusão de ótica quanto a volume e profundidade, e de fazer um desenho em duas dimensões parecer tridimensional.

No entanto, tudo mudou quando me deparei com esta afirmação da Sra. Eddy: “A receita para a beleza é ter menos ilusão e mais Alma…” (Ciência e Saúde, p. 247). Eu vinha estudando Ciência e Saúde e a Lição Bíblica semanal do Livrete Trimestral da Ciência Cristã por conta própria, havia cerca de dois anos, e estava aprendendo principalmente a respeito de meu relacionamento com Deus, e tendo curas físicas. Por isso, fiquei surpreso ao me deparar com um ensinamento sobre arte, no livro.

Na época eu não sabia, mas havia encontrado em Ciência e Saúde um parceiro para me acompanhar, não só em minha jornada espiritual, mas também em minha jornada na arte. Os conceitos contidos nesse livro estavam me ajudando a perceber que a beleza não provinha da técnica, mas do reconhecimento consciente de que as ideias criativas vêm de Deus, a Mente divina. O resultado foi uma clara mudança, de uma perspectiva limitada e pessoal, para um vislumbre mais amplo de Deus como a fonte de tudo o que é bom e belo. 

Embora talvez não fosse a intenção da Sra. Eddy ensinar “como fazer” arte, está claro que seu único foco era apresentar um conceito cristão mais amplo — mostrar a necessidade de romper com as ilusões de um mundo material para chegar à compreensão de nossa harmonia espiritual com Deus, o Espírito, a Alma. 

Este trecho tem um significado especial para mim, no que se refere à vida e à jornada que percorremos na arte: “Embora o que aprendemos de início se transforme, se modifique, se amplie, ainda assim sua essência se repete constantemente; assim como a lei do acorde musical permanece inalterada, quer se trate de um simples exercício de Latour, ou da vasta Trilogia de Wagner” (Mary Baker Eddy, Retrospecção e Introspecção, pp. 81–82). É um lembrete de que todo o verdadeiro progresso na arte e na vida procede de uma essência básica e de um fundamento, os quais, em última análise, são o resultado da descoberta e do crescimento espiritual.

A Ciência Cristã é o Cristianismo prático, não uma religião meramente teórica. Portanto, o Princípio divino sobre o qual se apoia a afirmação de que “A receita para a beleza é ter menos ilusão e mais Alma” sempre produziu resultados tangíveis e confiáveis, quer seja aplicado nas aulas do ensino fundamental, do ensino médio ou da faculdade.

Por exemplo, uma situação típica em aulas de desenho anatômico para iniciantes — e, às vezes, até para alunos do nível avançado — é que eles prestam excessiva atenção aos detalhes e à técnica, e deixam de observar o contexto mais amplo — o movimento, o caráter e o sentimento da obra. Quando isso acontece, o desenho fica distorcido, o aluno frustrado e eu geralmente intervenho de duas maneiras. Às vezes, eu demonstro como o aluno deve fazer, dizendo: “Você precisa ter menos ilusão (técnica, concentração nos detalhes) e mais alma” — alma, nesse caso, no sentido de inspiração. Outras vezes, dependendo do aluno, ao dizer isso me refiro à Alma, Deus.

Quando fiz esses comentários, quase sempre houve uma mudança imediata por parte dos alunos, e eles conseguiram captar mais daquilo que era necessário, tanto para aquele desenho específico quanto para projetos futuros. Os professores almejam por esses momentos de aprendizado e descoberta que fluem naturalmente, sem esforço, e eu sempre atribuí esses momentos de ensino verdadeiro à minha crescente compreensão de Deus — reconhecendo que existe uma única Mente, e nenhuma outra — e que essa Mente é a fonte que capacita a mim e a meus alunos a reconhecer o que é belo, verdadeiro e bom.

Outro exemplo de como usei trechos de Ciência e Saúde para elucidar um princípio básico da pintura aconteceu certa vez, quando eu estava ensinando a importância de o aluno saber o que ele deseja transmitir, antes de começar a pintar um quadro. Minhas explicações não surtiam muito efeito, pois os alunos estavam simplesmente ansiosos para começar a pintar. Foi então que me lembrei da essência desta afirmação que constava da Lição Bíblica daquela semana: “Se deduzimos nossas conclusões sobre o homem a partir da imperfeição, em vez da perfeição, não podemos chegar à verdadeira concepção ou compreensão do homem, nem podemos chegar a ser semelhantes a essa concepção, assim como o escultor não pode aperfeiçoar seu trabalho, partindo de um modelo imperfeito, e o pintor não pode retratar a figura e o semblante de Jesus, tendo em mente o caráter de Judas” (Ciência e Saúde, pp. 259–260).

Citei a última parte dessa afirmação para a classe: “[Vocês não podem] retratar a figura e o semblante de Jesus, tendo em mente o caráter de Judas”. Essa observação chamou a atenção de todos. Houve um “Ah!” coletivo — e uma imediata compreensão por parte dos alunos. Essa afirmação tornou-se uma referência para mim, durante os anos seguintes, em minha carreira de professor.

 Evidentemente, nem todas as lições espirituais relativas à arte aconteceram na sala de aula. Uma lição que jamais esquecerei, e que deu início à minha jornada como Cientista Cristão, aconteceu quando eu era estudante e estava no trem noturno, indo de Paris para Florença, na Itália, para participar de um curso de arte. Seis meses antes, um médico dissera que eu tinha alergias múltiplas (várias delas relacionadas aos materiais usados em minha atividade artística) e que eu deveria pensar em abandonar a carreira — ou me resignar a um sofrimento insuportável. Decidi não aceitar sua recomendação e comecei a ler Ciência e Saúde, que a irmã de meu melhor amigo dissera que iria me curar. Em consideração à sua franqueza e amabilidade, comprei um exemplar para ler durante a viagem de trem, mais por curiosidade do que por realmente esperar a cura. 

Quando estava quase no final do primeiro capítulo, intitulado “A oração”, deparei-me com esta declaração: “Toma consciência, por um só momento, de que a Vida e a inteligência são puramente espirituais — que não estão na matéria nem são constituídas de matéria — e o corpo já não se queixará de coisa alguma. Se estiveres sofrendo de uma crença na enfermidade, repentinamente constatarás que estás bem. A tristeza se converte em alegria quando o corpo é controlado pela Vida, pela Verdade e pelo Amor espirituais.” (Ciência e Saúde, p. 14). A partir daquele momento nunca mais tive alergia. Fiquei livre. Livre do medo da doença e livre para seguir uma carreira longa e gratificante nas artes. 

Mary Baker Eddy tem sido minha conselheira como Cientista Cristão e como artista. Embora ela não tenha sido uma pintora, suas palavras sempre comporão para mim quadros com imagens incríveis do que é verdadeiramente belo.

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