Tonico possuía uma espingarda nova, calibre 22. Ele a havia comprado para ajudar um granjeiro a livrar a granja de pragas. Em compensação, o granjeiro o ajudara a pagá-la.
Não muito depois de havê-la comprado, alguns rapazes o convenceram a ir caçar coelhos. Ninguém precisava da carne, mas, uma vez que todos eram donos de espingardas, fazer mira em latas lhes parecia um tanto humilhante.
Bem, Tonico atingiu um coelho. Mas precisou dar um segundo tiro para liquidar com o animal em agonia. Isso pôs fim à caçada de Tonico. Viu que matar pelo prazer de matar não tinha graça. A matança das pragas do granjeiro também não agradara.
Quando era pequenino, havia falado com seu professor na Escola Dominical a respeito do matar em geral. Foi numa igreja da Ciência Cristã, enquanto aprendiam os Dez Mandamentos. O professor perguntara quantos deles sempre se empenhavam em pisar em formigas, larvas e outros bichos miúdos. Alguns o faziam. Tonico era um deles. O professor, então, havia feito com que falassem acerca de “Não matarás” Êxodo 20:13;.
Tonico não gostava de pensar acerca de “Não” farás isto ou aquilo. Desejava ouvir as razões por que deveria fazer as coisas, os “Tu farás”. Assim é que gostou muito do que houve em seguida. O professor abriu a Bíblia ali onde Cristo Jesus repetiu este mandamento importante, tirado do Antigo Testamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Mateus 22:39;
Os alunos todos concordaram em que “teu próximo” queria dizer tanto animais como pessoas. Animais são idéias de Deus, do Amor. Não são matéria insensível.
Tonico nunca havia pensado em pisar nos insetos para divertir-se, e nunca o havia feito com raiva. Havia-o feito sem pensar, talvez apenas porque fosse capaz de fazê-lo. Aprendeu naquela aula que não podia, em verdade, ser um mortal cruel e malvado. Isso era uma mentira a respeito dele porque uma idéia de Deus é divina, expressando Amor divino.
Assim, matar, como um ato indolente e impensado, violava o mandamento “amarás o teu próximo”. A mesma coisa seria válida quanto a matar por esporte, e sabendo disso, matar certamente não era divertimento.
Ora, que dizer acerca de matar com raiva? Às vezes a raiva é usada como desculpa para uma briga, e então o brigar leva a matar. Nem o estar enraivecido, nem o matar têm qualquer justificativa. E, uma vez que a raiva é assassina, é melhor aprender desde bem cedo a nunca dar lugar à raiva em nosso próprio pensamento.
Tonico e seus irmãos e irmãs às vezes se irritavam uns com os outros e brigavam. Lembrava-se do dia em que socos voaram, alguém quebrara uma vidraça. Haviam atirado cadeiras e outras coisas — até um canivete. Então de súbito tudo se acalmara.
O que iniciara a briga? Quem podia se lembrar? O que quer que fosse, era de fato a raiva explodindo, violando o mandamento de amar e terminando em violência.
Ninguém tinha a intenção de ferir ninguém. Lembrando-se do caso, Tonico podia ver a estupidez de tudo aquilo. A raiva é cega e perigosa. Quando curamos a raiva em nosso próprio pensamento, trazemos a paz, e o perigo se vai.
Tonico podia ver que podemos conseguir isso ao refletir o Amor divino e amar sempre. Assim se apagam o ódio e a raiva. Viu que, como diz a sr.a Eddy, “na Ciência, só o Amor divino governa o homem” Manual de A Igreja Mãe, Art. 8°, § 1°..
Esta é a melhor maneira de guardar o mandamento: “Não matarás.”