Qualquer pessoa que deseja curar assim como Jesus o fazia, não só precisa ser rigorosamente moral, mas também ter a mentalidade voltada para as coisas do espírito. Sob a orientação de Deus, o Mestre ensinou seus seguidores a obedecer tanto o espírito como a letra da lei moral de Moisés. Nenhum ser humano jamais expressou tão completamente o Cristo no pensamento e na vida como ele o fez, mas é animador saber que quanto mais perto estivermos de fazer o mesmo, tanto mais seremos capazes de utilizar plenamente o poder do Espírito divino na cura de outros.
Durante séculos foi costume dos adeptos da Bíblia interpretar rigidamente o sétimo mandamento: “Não adulterarás.” Êxodo 20:14; Entendia-se que essa era uma regra contra toda experiência sexual fora do matrimónio — não apenas relações extramatrimoniais, mas também sodomia. Se bem que os hábitos durante os tempos bíblicos fossem frequentemente lassos no que se refere à prostituição, a lei hebraica conside- rava-a também um mal e veio a proibi-la para as mulheres israelitas. (V. Deuter. 23:17.) Nos casos de adultério a lei não permitia exceção alguma e determinava a penalidade máxima para aquelas que desobedecessem.
Cristo Jesus, além de preservar a letra dos Mandamentos, inculcou-lhes um sentido bem mais profundo. Disse daqueles que toleram até mesmo o pensamento de adultério: “Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração já adulterou com ela.” Mateus 5:28;
Seu propósito era o de fazer com que a mente dos homens ressuscitasse de suas crenças materiais para a consciência espiritual. Queria que reconhecessem o ser imortal criado por Deus, o Espírito divino, que é a única Verdade. Falava da meta da humanidade sofredora como sendo “o reino do céu”. Essa terra prometida não é geográfica como era a meta dos israelitas, mas mental — um estado de pensamento no qual se compreende que a verdadeira criação é espiritual e perfeita. Nesse reino a paz e a harmonia eternas são a regra, e “nenhum morador ... dirá: Estou doente” Isaías 33:24;.
Uma vez que esse reino é mental, dele só se pode gozar à proporção que abandonamos nossa jornada mental e passamos do materialismo para o âmbito da consciência espiritual. Uma das vias que os mortais têm de seguir tanto agora como no tempo de Moisés — é a da castidade mental. Até mesmo os pensamentos de luxúria — foi o que Jesus deu a entender — nos impedem de demonstrar o sentido na Alma, o qual cura.
Séculos mais tarde, a Sr.a Eddy escreveu em Ciência e Saúde: “Um pensamento sensual, tal como um átomo de pó atirado à face da imensidade espiritual, é densa cegueira em vez de ser consciência científica e eterna da criação.” Ciência e Saúde, p. 263; Sua descoberta do método pelo qual Cristo Jesus curava a doença física mediante meios espirituais corroborou a severa advertência do Mestre cristão. Ele advertira que esse modo de castidade espiritual é o único caminho pelo qual alguém “vem ao Pai” João 14:6; — o único caminho pelo qual se pode alcançar a consciência pura e espiritual do céu justamente à mão. Essa consciência é o poder curativo.
Nenhuma situação humana altera a exigência de que finalmente todo modo materialista de pensar — do qual resulta doença e sofrimento — tem de ser eliminado. O mesmo se dá com a condescendência corpórea que provém do pensamento materialista. O padrão da cura cristã é elevado, e somente aqueles que em certa proporção conseguiram a própria libertação de desejos carnais, podem ajudar outros. Nas palavras da Sr.a Eddy: “A sensualidade paralisa a mão direita, e faz com que a esquerda deixe escapar o que é divino.” Ciência e Saúde, p. 142;
A Ciência Cristã expõe a falácia do pensar sensual manifesto em desejos sexuais. O sentido material pretende que haja condescendências físicas normais — que é natural ter impulsos de procriação e que satisfazê-los é tão necessário para a saúde mental e corpórea como o comer e o beber. No entanto a humanidade se rebela contra o sofrimento carnal, e se empenha por livrar-se dele. Certamente não é razoável pensar que se pode ficar livre da carne sob uma forma, enquanto se aceita o domínio dela sob outra. Nosso objetivo deve ser o de libertar-nos de todas as pretensões da matéria, tanto as que acarretam dor como as que proporcionam prazer.
O homem real, de fato, já é livre. Os homens e as mulheres que Deus fez, são, em verdade, espirituais. São imortais, impecáveis, estão fora do campo magnético do modo de pensar materialista e dos impulsos físicos. Com a ajuda dessa compreensão da Verdade divina que nos foi trazida pela Ciência Cristã, podemos sacudir de nós a pretensão despótica dos sentidos físicos sob todas as suas formas, e assim obter liberdade. E temos de fazê-lo, se é que queremos reconhecer a presença do universo de Deus, um universo bom, espiritual, perfeito e intacto — se é que queremos curar mediante essa consciência.
A Ciência Cristã mostra que esse estado de consciência espiritualizado, não se alcança de um salto. Cada passo tem de ser dado por vez. Primeiro, pela estrita obediência à lei de Moisés nas suas exigências humanas de moralidade. Segundo, na rejeição do modo de pensar materialista e de luxúria que está subjacente a toda imoralidade, inclusive a infidelidade ao pacto matrimonial. E, finalmente, na demonstração do reino dos mil anos, no qual a criação surge inteiramente espiritual e intacta, e em que os homens e as mulheres individuais “nem casam nem se dão em casamento: são, porém, como os anjos no céu” Mateus 22:30..
Isso não significa que a Ciência Cristã encoraje a abolição do casamento legal. O casamento continuará, e quando contraído, suas obrigações físicas devem ser honradas carinhosamente até que se renuncie a elas por mútuo consentimento. O casamento permanecerá até que o sentido humano se tenha elevado à compreensão da única presença da criação espiritual e incorpórea de Deus, para sempre intacta, e o impulso físico de procriar se perca afinal na consciência de que o universo imortal do Espírito está completo e se revela continuamente. Quanto tempo passará antes que essa consciência seja alcançada e o impulso humano de gerar seja eliminado, não podemos saber agora. Mas uma coisa é certa: todo esforço sincero que alguém faça para se elevar acima das pretensões do sentido físico e demonstrar a liberdade que Deus lhe outorgou, de estar fora do alcance da crença mortal, aumenta a habilidade de curar do indivíduo. Contribui para o progresso do mundo rumo à compreensão do reino do céu à mão.
