Quando tudo corre bem, não é difícil ser grato pelas bênçãos recebidas, mas nossa habilidade de expressar gratidão por bens espirituais pode ser duramente testada se nos vemos diante de um problema físico de prolongada duração. “Como posso ser grato”, diria alguém, “quando estou sobrecarregado de sofrimento, discórdias, infelicidade?”
No entanto, muitos estudantes de Ciência Cristã verificaram que alguma enfermidade ou outra dificuldade, que não havia cedido apesar de longas horas de oração e estudo consagrados, foi rapidamente curada quando começaram a reconhecer as bênçãos recebidas e a expressar profunda gratidão por elas. “Pai, graças te dou porque me ouviste”, disse Cristo Jesus, e “eu sabia que sempre me ouves”. João 11:41, 42;
Concentrar o pensamento em nossos problemas em vez de centralizá-lo na verdade do ser, e, ainda por cima, com sentimento de autocomiseração, só faz com que os problemas pareçam maiores e mais difíceis de vencer. Tal pensamento negativo está centralizado no eu e não em Deus, e afasta-nos das idéias espirituais da Verdade, o Cristo, sempre à mão para livrar-nos.
Volver-se a Deus de todo o coração e com persistência, em grato reconhecimento pelo bem ilimitado e sempre-presente, dissipa a dúvida e o medo e ilumina o caminho para a cura. O Salmista proclamou-o, quando disse: “Em Deus, cuja palavra eu exalto, neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei. Que me pode fazer um mortal?” Salmos 56:4;
A experiência que Paulo e Silas, esses valentes missionários de Cristo tiveram na prisão, é um excelente exemplo do poder da oração que procede de um coração grato. Injustamente açoitados e lançados na prisão, pés presos ao tronco, estavam numa situação que parecia desesperada. Mas quanto mais negra a aparência material, tanto maior a necessidade de volver-se com gratidão e expectativa à luz espiritual interior. E assim, apesar da aparência exterior desesperadora, à meia-noite eles “oravam e cantavam louvores a Deus” Atos 16:25;. Suas orações foram atendidas. De repente sobreveio um terremoto, e todas as portas do cárcere se abriram. E não apenas as cadeias deles soltaram-se, mas as de todos os que estavam na prisão com eles. No dia seguinte os próprios magistrados vieram pôr em liberdade os dois cristãos.
O amor deles a Deus e a convicção de que Deus, o bem, é supremo e está sempre presente, permitiram a Paulo e Silas serem alegres, gratos e receptivos ao poder da Verdade para libertá-los. Não é possível aprisionar um espírito livre e um coração alegre e grato. Um fator importante para a libertação deles foi sem dúvida a ausência de ressentimento para com os que lhes causaram a prisão. Em vez de invocarem vingança contra seus opressores, louvaram a Deus.
Acaso parece-nos estarmos desesperadamente presos a alguma forma de doença ou solidão, penúria, desemprego, desânimo, sensualidade, medo? Se for esse o caso, será que, de fato, torcemos as mãos com pena de nós mesmos, desesperados e então perguntamos: “Por que me aconteceu isso?” Paulo e Silas tinham toda a razão humana para assumirem tal atitude de desespero, mas não o fizeram. Autocomiseração é uma espécie de egotismo. Impede-nos de ver a luz libertadora da Verdade. “O egotismo”, diz a Sr.a Eddy em Ciência e Saúde, “é mais opaco do que um corpo sólido.” Ciência e Saúde, p. 242 ;
De modo muito simples tive provas da eficácia da fé e da gratidão ao realizar a venda de minha casa. Como resultado de uma mudança nas circunstâncias, achei que devia vender não só a minha casa, como também o mobiliário. Encontrar um comprador para a casa não era problema, mas encontrar um que também quisesse os móveis parecia difícil.
Coloquei a propriedade à venda, porém durante vários meses ninguém mostrou interesse nela. Isso era algo que eu não podia entender, pois o bairro era bom e o preço acessível. Fora um bom lar para mim e minha família e eu não via razão por que não poderia servir igualmente bem a outros.
A Ciência Cristã havia-me ensinado que no reino de Deus não há deficiência nem excesso, que na Ciência não há oferta desnecessária nem necessidade que não seja suprida.
Comecei a perscrutar-me em profundidade, para ver o que obstruía o caminho. Veio-me o pensamento: “Você não ama seu lar”. Isso abalou-me, pois eu achava que o amava e que estava grato tanto pela idéia espiritual de lar como pela casa que com tanta felicidade o representara durante anos. Continuando a pensar, contudo, ficou revelado que meu amor havia sido muito passivo e que, em realidade, eu considerava minha casa como favas contadas, sem sentir ou expressar particular gratidão por ela. Percebi então que se eu não a amasse e apreciasse como devia, sem levar em consideração o desejo de vendê-la, então não poderia esperar que outros apreciassem o suficiente o que ela representava, para quererem comprá-la.
Isso levou-me a pensar mais profundamente no significado da gratidão. Pude ver que a gratidão, como qualidade derivada de Deus, é natural em todos, sempre, e tem que ser expressa pelo que é e não para se alcançar algum fim material. Como resultado, comecei a sentir e expressar gratidão do fundo do coração não só pelo meu lar como também pelas outras incontáveis bênçãos que Deus estava dando a mim e a toda a humanidade — gratidão não só de boca, mas de coração.
Dentro de poucos dias veio um casal que queria comprar a casa e tudo o mais que a ela pertencia — mobília de jardim, utensílios domésticos e até ferramentas — e a venda foi rapidamente consumada, incluindo-se nela tudo o que o comprador queria.
A lição que daí aprendi — que não devemos tomar nossas bênçãos como favas contadas, mas sim mostrar-nos gratos e apreciar agradecidamente cada uma — permanece comigo. Permitiu-me ver mais claro do que nunca a verdade das palavras de um hino querido: “Ser grato é riqueza, Pobreza é queixa alvar.” Hinário da Ciência Cristã, n° 249.
