Tornar-se consciente daquilo que o homem, como filho de Deus, possui e é, pode modificar toda a nossa concepção de vida. O profeta deve tê-lo vislumbrado quando disse: “Cada um servirá de esconderijo contra o vento, de refúgio contra a tempestade, de torrentes de águas em lugares secos, e de sombra de grande rocha em terra sedenta.” Isaías 32:2; Ele não disse simplesmente que devemos ter essas coisas. O que ele de fato disse foi que devemos sê-las. A declaração de Cristo Jesus: “O reino de Deus está dentro em vós” Lucas 17:21; aponta para o mesmo poderoso fato espiritual. Revela que o bem não é algo distante. Não está “lá fora”. Está bem à mão. Dentro de nós. O você e o eu reais, reflexos de Deus, incluem toda idéia espiritual, correta.
Por exemplo, a paz é nossa para enfrentarmos as contínuas pressões do viver diário. Podemos expressar amor suficiente para neutralizar o ódio no mundo. Reivindicar o direito à inviolabilidade de nossa individualidade dada por Deus pode neutralizar um sentimento de frustração devido à constante invasão de nosso pensamento. Sentir espiritualmente que incluímos todo o bem, não interfere com a plenitude da vida de nosso próximo. Não há limitação no reino do ser verdadeiro. O infinito é a única medida no reino espiritual. É aí que o homem, o filho de Deus, habita.
Certa ocasião, vi-me confrontada com o ódio de um colega. Por um momento senti-me totalmente perdida, vencida. Mas então compenetrei-me, mais profundamente do que nunca, de que eu podia expressar amor suficiente para neutralizar qualquer ódio, não importava quão radical e injustificado fosse. Com isso senti-me tranqüila, continuei meus afazeres e me esqueci da história. Antes do fim do dia, no entanto, essa pessoa deu-se ao trabalho de vir até a mim e de expressar amor genuíno e companheirismo autêntico.
Estarmos firme e corretamente conscientes do que incluímos como idéia composta que expressa Deus, pode descerrar para nós a visão da presença ilimitada do amor, da bondade, da paz, da abundância, da habilidade, da inteligência. O homem, a emanação de Deus, a Mente divina, a Alma, não pode ser separado de sua origem, a contínua fonte de idéias espirituais. “Sabei, então”, nos diz a Sr.a Eddy, “que possuís poder soberano para pensar e agir corretamente, e que nada pode despojar-vos dessa herança ou traspassar o Amor.” Pulpit and Press, p. 3; Saber cada vez mais da nossa verdadeira identidade espiritual é um dos maiores tesouros que podemos ter.
Quantas vezes parece que o bem que desejamos está fora, distante, inatingível, separado — nalgum ponto dum grande desconhecido. Isto é apenas uma cortina de fumaça do mal, a esconder o bem presente. Porém a compreensão de que incluímos todas as idéias espirituais, todas as qualidades espirituais, pode modificar esse falso sentido das coisas.
Todo homem, em sua identidade real, inclui saúde em abundância, alegria sem medida, bondade transbordante, capacidade sem restrições, pureza infinita. Cada um de nós, porém, precisa dispor-se a trabalhar em sua própria consciência para ativar essas qualidades. Ao fazê-lo, veremos que as necessidades humanas são atendidas cada vez mais. Tal como alguém que vai ao banco e saca dinheiro de sua conta, assim também nós podemos sacar de um depósito ilimitado de idéias e qualidades espirituais e pô-las a trabalhar de modo altruísta e bondoso, em prol de nosso próximo.
A compreensão de que incluímos saúde — de que ela é um fato presente de nosso ser — pode anular o sofrimento corpóreo. A Sr.a Eddy escreve: “Toma posse de teu corpo e governa-lhe a sensação e a ação. Eleva-te na força do Espírito para resistir a tudo o que é dessemelhante do bem. Deus fez o homem capaz disso, e nada pode invalidar a faculdade e o poder divinamente outorgados ao homem.” Ciência e Saúde, p. 393;
A compenetração de que refletimos a substância espiritual infinita, pode suplantar a carência, seja de cruzeiros, amigos, oportunidades, energia ou conhecimento. Sentir que incluímos alegria e vitalidade, pode substituir um modo letárgico de encarar a vida. Quando reconhecemos que incluímos alegria, que esta é integrante de nossa identidade espiritual, conscientizamo-nos de que nossa alegria não depende de pessoas, circunstâncias, lugares. Assim se dá também com a habilidade, a atividade, a graça: quando compreendemos que já são nossas, começamos a expressar essas qualidades qualquer que seja a circunstância ou a situação. Paramos de procurar o bem fora de nós.
A Ciência Cristã nos estimula a libertarmo-nos do sentido fictício de que o bem está fora de nós e começarmos a entender que já incluímos todo bem e que nos foi dado completo domínio por nossa fonte, a Mente divina. Podemos praticar a compreensão dessa verdade e aceitá-la como lei em nossa vida. Então, um mundo totalmente novo se abrirá para nós.
A Sr.a Eddy escreve: “Quando Jesus apresentou de novo o seu corpo após o enterro, revelou o mito ou falsidade material do mal; revelou a incapacidade do mal para destruir o bem, e a onipotência da Mente que está consciente disso: para si mesmo demonstrou o erro e a nulidade da suposta vida na matéria, e a grande realidade do bem que possuímos, o qual se origina no Espírito e é imortal.” Miscellaneous Writings, p. 201.
Em realidade, cada um de nós habita no reino da Mente ilimitada e não num mundo material que restringe. Cada um de nós corporifica o bem espiritual infinito. Um discernimento real desse grande fato do ser pode fazer com que sua clara manifestação comece a aparecer exatamente onde estamos, hoje.
