: Meu atual namorado é muito tranqüilo. (Ela estava sentada, comendo um “hamburger”, na companhia de um casalzinho que acabara de encontrar.) Gosto muito dele. Encaramos as coisas da mesma maneira. Ele é um crânio em matemática, mas tem medo de se envolver. Não sei se é o tipo de pessoa com quem devo me casar.
: Sempre pensei que antes de me casar eu tinha de estar em condições de afirmar com toda a honestidade: “Se nunca me casar, ainda assim serei feliz.”
Janete: Não sei se eu jamais poderia dizer isso.
Ronaldo: Concordo que não é fácil. Mas você sabe que mesmo estando no meio de uma multidão, ainda assim, podemos nos sentir solitários. E se você tiver saído com muitos rapazes nos últimos dois anos e apesar disso não tiver se sentido feliz? Isso não mostra que a felicidade não consiste em apenas estar em contato com outras pessoas? Felicidade é um sentimento que nutrimos — do mesmo modo como se faz com o sentimento de gratidão, ou a honestidade, ou a coragem.
Janete: Posso ser honesta ou sentir coragem quando estou só, mas em se tratando de felicidade — a coisa é bem diferente.
: Mas não precisa ser.
Ronaldo: Em meu próprio caso, eu queria ter certeza de que minha felicidade não seria afetada por outras pessoas. Sabia que Deus é o criador de tudo, que Ele é a Mente totalmente inteligente, de onde procedem todas as idéias corretas e todas as qualidades, e compreendi que minha verdadeira identidade consistia nessas idéias e qualidades.
Janete: Céus! O que é que isso tem a ver com meu desejo de encontrar um marido?
Ronaldo: Bem, companheirismo e felicidade são idéias. São conceitos que cada um de nós inclui em si mesmo.
Janete: Está bem, já conheço toda essa conversa sobre Ciência Cristã, mas como é que a aplico em minha vida? É muito bom se ter um conceito, mas eu preciso de uma pessoa.
Ronaldo: Digo ter compreendido que antes de me casar eu teria de aprender a me apoiar em Deus e não em outra pessoa para conseguir a felicidade. Eu precisaria me sentir completo porque Deus me faz completo.
Janete: Você tem certeza de não ser nem um pouquinho contra o casamento?
Márcia: Essa não! Pois ele se casou comigo! Você sabia, não? O que o Ronaldo quer dizer é que colhemos o que semeamos. Se você depende da reação de outra pessoa, ou se depende da sorte para encontrar a pessoa certa, você pode sentir-se um bocado inseguro.
Ronaldo: Nunca rejeitei a idéia de me casar. Mas eu sabia que o fato de ser completo era uma condição mental, um estado mental espiritualizado. E eu sabia que um conceito mental correto acerca de mim mesmo e dos outros me traria tudo o que satisfaz e nos torna humanamente felizes. E o casamento parecia ser a resposta humana acertada para o meu caso.
Janete: Também sinto que o casamento é a resposta certa para mim, mas parece que não estou conseguindo nada.
Ronaldo: Também me sentia assim. Foi então que compreendi que se desejava uma garota com certas qualidades — como consideração, calor, alegria, inteligência — eu devia desenvolver essas qualidades em mim mesmo.
Márcia: No entanto, essas qualidades não procedem de nós. Apenas as refletimos. Sua fonte está no poder criador, o Ser Supremo, Deus.
Ronaldo: Em outras palavras, o que eu realmente estava procurando era alguém que nutrisse profundo amor a Deus. E cheguei à conclusão de que se eu estava à espera de que alguém dotado desse profundo amor a Deus casasse comigo, era melhor que eu tivesse certeza de também amar a Deus. Então eu seria merecedor de alguém que expressasse essa mesma qualidade. Eu também seria atraente a essa pessoa.
Janete: Isso parece que leva uma eternidade.
Ronaldo: Não necessariamente. De todo o jeito, o tempo não era a minha maior preocupação. Eu estava mais interessado em desenvolver uma boa base para o casamento — queria realmente descobrir minha identidade espiritual.
Janete: Você nunca se sentiu solitário durante essa fase?
Ronaldo: Bem, eu tinha meus repentes! Mas para neutralizar isso, tentei ser grato à companhia que Deus me proporcionava diariamente. E quando passei a fazê-lo encontrei-me entre pessoas que expressavam os mesmos pensamentos espiritualizados que eu estava tentando desenvolver. Fiz amizades maravilhosas. Não foram amizades que me conduziram imediatamente à minha esposa, mas foram as amizades corretas para a ocasião.
Janete: Uma dúvida continua a me perturbar. Você conhece o trecho no capítulo “Matrimônio” em Ciência e Saúde onde a Sr.a Eddy diz: “São necessárias afinidades de gostos, motivos e aspirações para a formação de um companheirismo feliz e permanente” Ciência e Saúde, p. 60;? Bem, eu concordo com isso. Mas agora pareço nutrir interesses e aspirações espirituais mais elevados do que a maioria dos rapazes que conheço. Se os desenvolvo ainda mais, aí sim minhas possibilidades vão diminuir mesmo!
Ronaldo: Talvez você esteja deixando de considerar um aspecto da questão. A criação divina de idéias é completa, e cada indivíduo está corretamente relacionado com todos os outros. Isso é verdade agora, quer o percebamos quer não.
Janete: Confesso que não estou compreendendo.
Ronaldo: É exatamente neste ponto que entra a oração — não para conseguir alguma coisa que você ainda não tenha, mas para compreender o que você tem agora mesmo. Pode parecer que nossa identidade se desenvolva passo a passo, mas ela já está toda aqui.
Márcia: A criação tem de estar completa. Senão porque teria Cristo Jesus dito a seus discípulos: “Tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco”? E The New English Bible diz enfaticamente: “Crede que recebestes e será vosso.” Marcos 11:24.
Janete: Você quer dizer que tenho que crer que já tenho um marido? Não quero parecer descrente, mas ...
Ronaldo: O que eu quero dizer é que você pode perceber que por ser a expressão de Deus, você possui todas as qualidades espirituais — felicidade, amor, generosidade — que sempre desejou que um marido lhe trouxesse. Então você encontrará a expressão humana de companheirismo da maneira que for a melhor e mais satisfatória para você.
Janete: Puxa! Esqueci das horas! Tenho de sair correndo.
Ronaldo: Se ela realmente está em busca de um relacionamento de valor — um que continue a se desenvolver de forma progressiva depois do casamento como aconteceu antes, a Ciência Cristã pode ser de grande ajuda.
Márcia: Ora, estamos sempre em busca da pessoa certa, quero dizer, de um melhor conceito de nós mesmos e dos outros.
