Sexta-feira da Paixão. Entre centenas de pessoas, uma jovem abriu caminho desde um auditório repleto até a rua. Pela primeira vez assistira a uma inspiradora conferência da Ciência CristãChristian Science (kris´tiann sai´ennss). A mensagem fora apropriada para a ocasião. O conferencista rendera grato tributo a Jesus, à sua inigualável vitória sobre o escárnio, a malícia, a morte e o túmulo. Mestre era ele, sem dúvida, ao restaurar a exultante esperança e o sentimento do Amor invencível, da Vida abundante e eterna.
A jovem esperou que a multidão se dispersasse. Profundamente comovida, ela, que há pouco conhecera a Ciência Cristã, estava consciente de um despertar espiritual, de uma resposta clara à radiosa promessa da Páscoa. Mentalmente procurou palavras que descrevessem essa tranqüila elevação mental, esse estímulo interior. “Animada, é assim que me sinto — consciente da vida, grata por vida abundante, mais grata do que jamais me senti.”
Alguém a observava. Era a praticista da Ciência Cristã, que recentemente conhecera e com a qual conversara. (A praticista lhe recomendara que assistisse à conferência.) De repente a jovem notou um grupo de pessoas que saía duma igreja do outro lado da rua. Essa era a igreja de certo prestígio que ela freqüentara anteriormente e apoiara de várias maneiras. Em horas de provações, esta não conseguira suprir-lhe às necessidades. As pessoas que saíam da igreja pareciam tristes e abatidas. Algumas enxugavam lágrimas. Dentre elas uma mulher adiantou-se. Com lágrimas nos olhos aproximou-se da praticista, que era sua amiga.
Disse a praticista: “Dóris, querida, qual é problema? Vocá está chorando.”
“Ah, estou me sentindo muito mal. É a velha história da crucificação. Essa terrível tragédia sempre me abala. Fico abatida durante dias.”
“Mas, Dóris, pare e pense! Não compreende o quanto é inútil toda essa tristeza? Suas lágrimas estão quase dois mil anos atrasadas. Entenda, esta é uma ocasião de regozijo, de ter sua participação na ressurreição do Mestre. Pense nele ressuscitado do túmulo quando a radiosa Páscoa amanheceu séculos atrás.”
“Ora, é claro que posso fazê-lo. No que é que eu estava pensando!”
Assim é que a ressurreição continua ininterruptamente sua missão sanadora onde quer que corações gratos e humildes recebam sua mensagem. A capacidade constante do Mestre em detectar deficiências de caráter e espiritualidade, sua profunda compreeensão da abundante suficiência da Vida divina, sua aceitação e demonstração desse fato — tudo isso contribui para a glória da Páscoa.
Em espírito de oração, com paciência, Jesus aguardou a orientação divina. Ele demarcara a senda rude rumo à perfeição, limpara-a de escombros temporais e emaranhados mortais, vencera a inveja, os ciúmes e o ódio de seus oponentes, e revelara a Vida ilimitada e imortal do homem, o homem criado a fim de partilhar, amar e expressar para sempre a harmonia.
Para os humildes que o receberam, Cristo Jesus elucidou e demonstrou o poder animador da Vida divina. Ele não apenas recuperou os que estavam mortos no pecado, senão que ressuscitou seu amigo Lázaro depois que este esteve enterrado quatro dias. Ver João, cap. 11; Levantou do esquife o filho da viúva de Naim. Ver Lucas 7:11–15; Por súplica de Jairo, chefe da sinagoga, ressuscitou-lhe a filha única. Apesar de estar morta, ela reviveu. Ver Marcos 5:22–43; Vida abundante, imortal, perfeita, a justa herança do homem — este era o tema da obra do Mestre. Viveu para difundir seu evangelho vivificador para todos os homens. “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” João 10:10;
Um falso conceito da vida como limitada, material, destrutível, vivida precariamente por curto período de tempo e então rudemente terminada pela morte — isto não é vida. A Vida é espiritual, infinita, eterna, divina. Jesus provou-o de uma vez por todas.
No segundo capítulo de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras Mary Baker Eddy interpreta os acontecimentos que se deram antes, durante e depois da crucificação e da ressurreição e aponta as verdades espirituais com que Jesus venceu as sugestões ilusórias da matéria e do mal. “Nada”, diz ela, “podia matar essa Vida do homem. Jesus podia entregar sua vida temporal nas mãos de seus inimigos; quando, porém, sua missão terrena estava cumprida, verificou-se que sua vida espiritual, indestrutível e eterna, permanecia para sempre a mesma.” E continua: “Seu exemplo consumado foi para a salvação de todos nós, mas somente se fizermos as obras que ele fazia e ensinava os outros a fazer.” Ciência e Saúde, p. 51;
Todos temos o direito e a oportunidade de aceitar o desafio do Mestre, devotar nossas vidas a trabalhar como ele o fez para a salvação universal. Como é que a Ciência Cristã interpreta a salvação? No Glossário de Ciência e Saúde está assim definida: “A Vida, a Verdade e o Amor compreendidos e demonstrados como supremos sobre todas as coisas; o pecado, a doença e a morte destruídos.” p. 593;
Em grau constante e progressivo, ficamos aptos a provar a capacidade sanadora da Verdade divina sobre o erro — os enganos e o mal de toda espécie. As forças liberadoras do Amor — expressadas em bondade, pureza, generosidade — são suficientes para exercer domínio sobre maldade, paixão e cobiça. Compreender a Vida divina estimula; extermina a letargia e a doença. “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita.” João 6:63;
Uma estudante relativamente novata de Ciência Cristã passou pela experiência de que membros de sua família imediata faleceram um após o outro. Até então nunca passara pela provação de ter que enfrentar o falecimento de um ente querido. Uma praticista esteve firme a seu lado. Inundou os ouvidos ansiosos da nova estudante com verdades confortadoras acerca da existência imortal do homem, sua vida em Deus — vida abundante, harmoniosa, exuberante. Afirmou que o homem espiritual e real é inseparável de Deus, em quem “vivemos, e nos movemos, e existimos” Atos 17:28;.
O método pelo qual Deus seca as nossas lágrimas, explicou a praticista, consiste em revelar-nos que na verdade não há motivo para o pranto. Ao contrário, há toda razão para nos alegrarmos por nosso potencial ilimitado de progresso espiritual contínuo na Verdade. A orientação infalível de Deus, Sua incansável proteção, Sua terna reprimenda, são suficientes, tanto aqui como além, para conduzir-nos a todos — a nossos entes queridos e a nós mesmos — passo a passo até a total consecução da Vida eterna.
Essas confortadoras mensagens da Verdade, anjos libertadores do Amor divino, foram suficientemente copiosas. Dentro em pouco essa estudante novata estava livre do pesar, com sua verdadeira liberdade solidamente baseada em fatos espirituais. Não foi pouco o número de amigos e conhecidos, testemunhas de seu crescimento em paz, alegria e domínio, que de tempos em tempos solicitaram-lhe apoio em situações semelhantes. Quão feliz estava em poder compartilhar sua riqueza, as verdades espirituais que acumulara mediante dedicado estudo da Ciência Cristã e aplicação de seus regulamentos!
Ao tornar-se mais aguçada sua compreensão espiritual, ela percebeu ser a cura dos doentes muitas vezes sinônimo de reconhecer-se Deus como Vida, e ver-se a vida que O expressa como não estando limitada à matéria nem sujeita a ela. A vida é perpetuada no bem com que nos cingimos e que praticamos. A Sr.a Eddy, Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, escreve: “Aquele que vive no bem, vive também em Deus — vive em toda a Vida, por todo o espaço.” E continua: “Sua existência é imperecível, manifestando para sempre seu eterno Princípio.” Pulpit and Press, p. 4.
O poder de ressurreição da Vida imortal, como foi demonstrado por Jesus e por outros fiéis discípulos e seguidores em seu nome, é o consolo, a cura e a regeneração concedidos pelo Princípio divino, o Amor. Cada dia — não apenas o dia especificado pelo calendário do mundo cristão como o domingo de Páscoa — alvorece luminoso com a alegria pascoal para aqueles que compreendem a Vida como ela verdadeiramente é — propiciadora copiosa de feliz atividade, saúde e bondade.
