Encaramos a visão como uma faculdade baseada num nervo, constituída de matéria e sujeita às suas fantasias, à idade e à incerteza? A Ciência Cristã trata-nos com uma vista mais expansiva da visão — do que ela é realmente, onde está e como atua.
O primeiro relato bíblico sobre visão ocorre no capítulo de abertura do Gênesis. À medida que os vários estágios da criação são registrados, seguem-se as palavras: “E viu Deus que isso era bom.”
Deus viu!
Como Deus é Espírito infinito, o que poderia Ele ver senão Sua própria totalidade, Seu poder, a perfeição de Sua criação espiritual? A Ciência Cristã mostra-nos que o homem, como reflexo de Deus, inclui esta perfeita visão e sua atividade não turvada e sem falha.
Quão libertador é aprender, mediante esta Ciência, que a visão é um dos sentidos da Alma, Deus, e como tal está ancorada na eternidade! O poder de agir reside em Deus e não numa rede de nervos. O poder de ver existe no Amor e não repousa em dois globos oculares de matéria nem deles depende. Quando elevamos o nosso conceito de visão para fora do âmbito da matéria e o encontramos na Alma, vemos que as crenças de idade não podem limitar a eficácia e o escopo de nossa visão.
Este alto nível de pensamento espiritual traz consigo uma nova visão ao nosso viver cotidiano. Vemos a nós e ao nosso próximo numa nova luz — não como pessoas materiais cada uma com uma mente particular e um jogo particular de faculdades, mas cada uma como o reflexo espiritual da Vida divina exibindo as faculdades da Alma.
Um dos mais renitentes devastadores de nossa alegria de viver e de nossa visão é a crença no tempo, a aceitação dos limites de idade. Faz pouco ouvi alguém lamentar a passagem do tempo e os abusos impostos pela idade. Concluiu o comentário com estas palavras: “Coisas estranhas acontecem quando alguém passa da casa dos —.” E mencionou certo número.
O que é que ditaria uma linha de demarcação e deteria a humanidade dentros desses limites? O que é que haveria de dividir a vida em fragmentos? O que é que haveria de parcelar a vida e a visão num período que vai de vinte a quarenta anos de realizações máximas e então arrastá-la ao definhamento e à ineficiência? Porventura não é a mente carnal com suas linhas de medir que não vão além da matéria e dos seus limites? O Cientista Cristão está aprendendo a traçar uma linha de demarcação entre a opinião humana e a verdade espiritual, em vez de traçar uma linha limitadora em qualquer idade.
Cristo Jesus desperta-nos para uma visão maravilhosa da Vida quando diz: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” João 17:3; A Ciência Cristã vem elaborando esta tremenda verdade, dando-nos uma visão mais ampla do seu significado e de suas dimensões. Vem como uma disciplina espiritual que nos ensina a ver o bem no presente, a esperar que aumente e a reivindicar o aumento, não a diminuição, da liberdade tanto de ver como de agir.
Esta Ciência nos inspira a olhar além da crença de que o homem e suas faculdades são compostos de elementos frágeis e perecíveis; além da crença de que o homem é um mortal que vai definhando e se embotando, em vez de ser um ente imortal livre de limitações e que se desenvolve. Ensina-nos que a visão não é algo que alguém possui como propriedade pessoal sua e que está materialmente condicionada, mas que é uma faculdade espiritual inteiramente condicionada pela Alma, e que o homem a possui como reflexo da Alma.
Devido ao tremendo amor e à praticabilidade que caracterizam os ensinamentos da Ciência Cristã, é-nos possível percorrer os nossos dias estando alerta à visão espiritual e cultivando-a. Perguntemo-nos: Vejo a mim e ao meu próximo como Deus nos vê? Aceito limitações ou aceito liberdade? Se aceito liberdade, recuso-me então a atravessar a terra de ninguém destas comparações: será que minha visão está tão boa como no mês passado; será que está tão boa como a de minha amiga; será que um olho está melhor do que outro?
A Sra. Eddy limpa a nossa visão com estas palavras do livro Ciência e Saúde: “Os sentidos do Espírito permanecem no Amor e demonstram a Verdade e a Vida.” Ciência e Saúde, p. 274; Na proporção em que realmente vemos e reconhecemos este ponto, começa a desaparecer a sugestão que diz: Sou possuidor de uma faculdade de visão material que é privativa minha, e que tem seu próprio conjunto particular de dificuldades. Na medida em que abandonamos este sentido pessoal de visão, desfazemo-nos dos temores pessoais que parecem acompanhá-lo. Esta ação científica afasta a pressão da crença errônea tantas vezes imposta sobre a vista.
O conceito errôneo de visão parece ser imposto com insistência, sobre nós, pela crença mundial. Vigiemos a fim de não aceitá-lo. Vista fraca não é normal em idade alguma. No entanto, se parecer conveniente usar óculos durante algum tempo, a fim de desempenhar as tarefas ou dirigir o carro com a devida segurança, podemos fazê-lo sem qualquer autocondenação ou sentimento de culpa. Certifiquemo-nos, porém, de que os consideramos estritamente como meros auxiliares temporários em vez de como meios ou recursos permanentes para melhoria da visão — ou de nossa aparência. Contrariamente ao modo de pensar corrente, os óculos não são nada elegantes.
A visão real nunca sai para fora da Alma para ser acossada pela incerteza ou a doença. Permanece intocada, jamais precisando ser curada, restaurada ou modificada. Precisamos, sim, é de afastar as nuvens do pensar negativo que haveria de encobrir a verdadeira visão — a crítica destrutiva, a espera de algo maligno, a lógica baseada na matéria quanto à nossa visão e à nossa idade.
Pense sobre o valor das qualidades afins da visão. Perspicácia, exercida numa transação comercial ou no nosso relacionamento com outras pessoas, diz-nos qual a escolha sábia a fazer ou o passo certo a dar. Previsão pode prover o conhecimento específico e necessário antes de se dar um passo. Retrospecção, com suas lições aprendidas por se ter encarado o passado, ajuda-nos a julgar o nosso progresso ou a ver como podem ser melhorados os nossos motivos ou os intentos.
A capacidade de ver, de perceber, é uma das nossas mais preciosas funções. Consideremo-la cientificamente. Sirvamo-nos do mais alto conceito de visão. A Ciência Cristã capacita-nos a fazê-lo, a identificar espiritualmente a visão, e a não entreter nem dar voz a quaisquer predições a ela relacionadas. Vejamos, também, que nenhuma profecia ou lei limitadora a respeito da visão ou do ser possa se cumprir em nossa existência.
Em vez disto podemos reivindicar a bênção enunciada por Cristo Jesus nestas libertadoras palavras: “Bem-aventurados ... os vossos olhos, porque vêem.” Mateus 13:16.
