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Você merece ser curado?

Da edição de janeiro de 1979 dO Arauto da Ciência Cristã


Para muitas pessoas, acossadas por um sentimento de culpa, a resposta a esta pergunta talvez seja um não desalentador. Durante séculos o dogma teológico do pecado original foi pregado a um mundo lacerado pelo arrependimento e a recriminação.

Ora, a Ciência Cristã apresenta um conceito de homem muito diverso do que é geralmente aceito pelo pensamento humano. Baseandose na Bíblia explica ela que nenhum estigma de pecado original se acha ligado ao homem puro, inocente, a quem Deus cria. Este homem não é um mortal nascido num mundo material em que o bem e o mal lutam em sua alma. O homem formado por Deus é a manifestação da Mente perfeita, a idéia divina, refletindo precisamente a bondade de seu Criador.

Como é possível aplicar, de modo prático, este belo conceito em nosso viver cotidiano que parece tão distante do ideal divino? Esta é uma pergunta que tive de responder para mim mesma.

Um dos nossos filhos, rapazinho de doze anos de idade, foi mandado para casa por estar sofrendo do que a enfermeira da escola diagnosticou como doença de pele altamente contagiosa. Foi-lhe dito que não voltasse à escola até estar completamente livre desse mal.

Ao resolver o problema na Ciência Cristã, foi-me possível ver a necessidade de negar a impureza e de recusar-me a crer na realidade de germes causadores de doença ou da contaminação física. Isso não foi tarefa difícil, tão acostumada estava eu a reconhecer a presença do Espírito em lugar da matéria e suas assim chamadas leis. Mas quando passei a considerar o pensamento de nosso filho, meu tratamento começou a desmantelar-se. A pureza mental de nosso filho não me era muito evidente. Eu via rebelião, resistência às coisas do Espírito, preguiça nas questões de escola e nas outras tarefas, e uma escolha de amigos que deixava a desejar. A impureza da pele parecia ser o espelho de seus pensamentos e atitudes. E quando a doença não cedeu, atribuí a culpa da falta de cura ao menino, por não ser ele merecedor da bênção de Deus. Essas falhas precisavam ser corrigidas, é certo, mas a visão de que o homem é um pecador miserável, que não merece a graça divina, será que realizaria a cura? Ocorreu-me que eu estava encarando a situação com o que Paulo chama o “pendor da carne”, o qual, diz ele, “é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar” Romanos 8:7;.

Toda vez que parece-me estar indo contra um muro de pedras na solução de um problema em Ciência Cristã, volto-me para o exemplo que Cristo Jesus nos deu. Estudando os relatos bíblicos das curas que ele realizou, compreendi que o método crístico não era o de condenação, mas o de compaixão e perdão. Quando Jesus estava diante de um sofredor, nunca dizia: “Você não merece esta cura porque não leva uma vida perfeita todos os dias.” Certa ocasião, quando passava perto de um homem cego de nascença, os discípulos quiseram saber se eram os pecados do próprio homem ou os de seus pais o que havia causado a cegueira. Jesus replicou: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus.” João 9:3; E o curou da cegueira.

Significa isso que Jesus fechasse os olhos ao pecado? Claro que não. Nunca ensinou que o pecado não tivesse de ser desmascarado, repreendido e destruído. Mas fazia distinção entre a acusação do pecado e a verdadeira identidade do indivíduo. Para ele estava claro que o homem que Deus faz é perfeito, e jamais é contaminado pela pretensão de pecado.

Jesus não perdia tempo imaginando todas as coisas que podiam estar moral ou fisicamente erradas com os seus pacientes. Sabia com tal clareza o que estava certo a respeito deles que o pecado e a doença eram instantaneamente destruídos.

Comecei a ver em que ponto o meu tratamento metafísico perdera o rumo. Ao remontar a enfermidade do rapazinho ao que eu considerava sua incapacidade moral — e deter-me naquele ponto — eu estava dando poder e realidade ao pecado, e também estava encarando o rapazinho como um pecador mortal em vez de como o homem criado por Deus. Comecei a ver que eu não precisava revolver freneticamente a consciência dele como se fora uma bruxa à procura de pecado oculto. Minha tarefa principal consistia em trazer à tona o que era verdadeiro com respeito ao rapaz e não procurar dar enfoque ao que não era verdadeiro. Meu objetivo primordial não era encontrar o mal, mas glorificar o bem.

Este processo devoto era mais do que raciocínio humano. Requeria inspiração, compreensão espiritual e amor genuíno. Reconheci que a única Mente perfeita, Deus, era a única fonte plausível do pensamento do homem. Declarei que as idéias supridas pela Mente divina só podiam ser puras e boas. Vi que o ser real de nosso filho estava completamente livre de qualquer pretensão maligna, quer ela se chamasse germes transmissores de doença quer pecado. Conscientizei-me de que ele só podia refletir o bem porque Deus, o bem, é a sua Mente. Vi sua identidade inocente e verdadeira, intocada pela contaminação moral ou física. Comecei a querer-lhe bem por sua inocência, que era um fato a seu respeito, estabelecido eternamente. Removi de meu pensamento a capa de indignidade que eu lhe atribuía, e ele foi rapidamente curado de todo vestígio de doença da pele. Tornou-se aluno excelente, trabalhador responsável, que tinha amigos de fino caráter.

A verdade a respeito de nós mesmos — a verdade à qual devemos corresponder — é a de que somos entes espirituais, filhos de Deus. Refletindo Sua perfeição, não somos nem culpados nem indignos. A respeito deste homem verdadeiro, a Sra. Eddy diz: “O homem real não pode desviar-se da santidade, nem pode Deus, de quem o homem provém, engendrar a capacidade ou a liberdade para pecar.” Ciência e Saúde, p. 475;

Significa isto que no esquema humano das coisas sempre vivemos de acordo com o ideal-Cristo? Não. Mas é essencial reconhecer que os deslizes dos padrões mais elevados não se deram com o nosso verdadeiro eu. De onde provêm estes deslizes? Quem é culpado deles? A Sra. Eddy diz-nos: “A crença de que haja vida na matéria peca a cada passo.” ibid., p. 542. Disto se pode ver que o pendor carnal a que Paulo se referiu é o réu.

Como é possível aumentar a nossa compreensão e evitar fazer erros? Ao aprendermos cada vez mais a respeito de nosso verdadeiro ser e procurarmos identificar a nós e ao nosso próximo com este alto ideal, gradativamente superaremos “a crença de que haja vida na matéria”. Sim, nossa tarefa como cristãos não é condenar aos que buscam ajuda — nem mesmo condenar a nós — e jamais considerar alguém indigno de ser ajudado. Antes, é amar com a compaixão crística que abençoa e cura inteiramente.

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