Algumas pessoas dizem que é a sua própria consciência falando, ou talvez a intuição. Outras, que têm singela fé em Deus, acham que é a Sua voz o que ouvem dizendo-lhes o que fazer. Mas qualquer que seja a explicação para o fenômeno, existem muitas pessoas atentas que estão convencidas de que freqüentemente recebem útil — e até mesmo específica — orientação de um sábio e bondoso poder superior ao de seus próprios seres humanos. E mesmo que a mensagem venha em silêncio, no secreto dos seus pensamentos mais íntimos, causa impacto tal qual se tivesse falado “como ruge um leão” Apoc. 10:3;.
A Bíblia contém muitos relatos da voz de Deus sendo ouvida e modificando o curso da vida de alguém. Durante um período de seca, a palavra de Deus veio a Elias dizendo: “Dispõe-te, e vai a Sarepta... onde ordenei a uma mulher viúva que te sustente.” 1 Reis 17:9; Elias imediatamente obedeceu e não só a sua própria vida foi salva mas também a da mulher e o filho.
Séculos mais tarde, Saulo de Tarso, mesmo enquanto estava “respirando ainda ameaças e morte” Atos 9:1; contra os discípulos de Cristo Jesus, foi dramaticamente convertido ao cristianismo quando ouviu uma voz repreendendo-o e instruindo-o. A partir de então, seus serviços à causa do cristianismo foram incalculáveis. Os cristãos através dos séculos têm sido inspirados pelo ensinamento dele.
E hoje em dia muitos podem citar circunstâncias em que inesperadamente lhes advieram pensamentos trazendo resposta a alguma pergunta inquietadora. Ou em que volveram-se consciente e humildemente ao poder divino para obter ajuda e, num clarão de esclarecimento, receberam orientação de confiança. A possibilidade de ter orientação precisa de Deus para lidar com dificuldades humanas não diminuiu nos tempos atuais. De fato, para os que compreendem a Ciência do ser espiritual é ela ainda maior, porque o modo pelo qual vêem as coisas está baseado no Princípio divino e não mais em conjeturas.
A Sra. Eddy diz em Ciência e Saúde: “Os patriarcas inspirados pela Alma ouviam a voz da Verdade e falavam com Deus tão conscientemente como o homem fala com o homem.” Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 308; As pessoas nos tempos bíblicos ocasionalmente procuravam a Deus em lugares calmos onde podiam comungar com Ele sem interrupções. Também nós precisamos de períodos de oração silenciosa. Mesmo assim, ao saber que Deus é Espírito e está em toda parte, podemos aprender a ouvir a Sua voz até mesmo entre os ruídos da cidade e igualmente consultá-Lo nas ruas ou no supermercado.
Aqui se apresenta uma pergunta para o pensador honesto: uma vez que Deus é Espírito, e Sua criação é totalmente espiritual, pode Ele dar conselho direto sobre assuntos mundanos, ou mesmo saber que o conselho é necessário? Podemos ser guiados por Ele a ir a certa localidade a fim de obter alimento, assim como Elias? Não há mapas geográficos no reino de Deus. Ou será que podemos esperar ouvi-Lo persuadindo-nos da verdade, falando em nossa língua ancestral, qualquer que seja — português, alemão, ou, como no caso de Saulo de Tarso, em aramaico? Ou, se perdemos algo, podemos esperar que a Mente divina nos diga onde procurar, como por exemplo, na mesa da cozinha?
O mundo físico é o mundo de sonhos do pensamento mortal. Não é o verdadeiro universo de Deus, a Mente divina, e Deus não pode conhecê-lo e aos seus problemas mais do que a Verdade pode conhecer o erro ou a luz conhecer a escuridão. Deus cria e conhece somente o universo espiritual e neste universo não existem problemas para serem resolvidos.
No entanto, a experiência nos prova que podemos ter e de fato temos o benefício da orientação infalível de Deus em meio ao sonho humano, e a Ciência Cristã explica como isso se dá. Ela nos mostra que, quando o pensamento humano é elevado ao reconhecimento da harmonia do universo divino, essa compreensão cristã atua como lei no mundo da crença. As imagens discordantes do pensamento mortal cedem à harmonia do ser espiritual e verdadeiro. A falibilidade e incerteza mortais, as perdas e confusões se desvanecem à medida que a verdade da infalível e harmoniosa lei da inteligência, ordem e inteireza da Mente é aceita como já em ação e suprema. Então dá-se um ajustamento. As condições melhoram no sonho mortal até que a crença na discórdia mortal seja finalmente superada pela consciência completa da Verdade eterna.
À medida que despertamos, por meio do poder de Deus vislumbramos o que é eternamente verdadeiro. Isso por sua vez traz um sentido mais claro do que é correto, o que, por sua vez, melhora as condições do sonho. A melhora parecerá vir quando Deus nos diz para irmos a Sarepta ou a Porto Alegre ou a Londres. Tal orientação é, de fato, não a própria voz de Deus instruindo-nos para corrigir uma situação humana, mas um eco, na mente humana, das verdades da divindade.
Esta explicação científica do modo pelo qual a orientação de Deus vem a nós de maneira alguma enfraquece nossa confiança no Seu poder de orientar-nos aqui e agora. De fato, podemos esperar evidências maiores da influência de Deus para o bem nos assuntos humanos quando reconhecemos Sua lei de harmonia e a obedecemos. A Sra. Eddy diz: “A Mente imortal, que tudo governa, tem de ser reconhecida como suprema, tanto no assim chamado reino físico, como no espiritual.” ibid., p. 427.
Para a Mente divina não há reino físico, não há discórdia; tudo é espiritual e harmonioso. Mas certamente descobriremos que, à medida que reconhecemos estas verdades e aprendemos que a lei da harmonia de Deus está em ação universalmente, nossas perguntas serão gradativamente respondidas e nossos problemas humanos solucionados.
