Se o tempo fosse um animal, com o que se pareceria ele? Pergunte a uma sala cheia de pessoas e provavelmente receberá como resposta uma coleção inteira — beija-flor, lesma vagarosa, camaleão.
Para a maioria de nós, o tempo, como o camaleão, parece mudar rapidamente de cor para entrosar-se no meio-ambiente. Se chegamos cedo a um encontro, buscamos maneiras de ocupar o nosso tempo. Quando apressados, tentamos encontrar atalhos. Óbvio está que não é apenas o prisioneiro quem “cumpre” tempo. Bem que todos nós podemos perguntar-nos: O tempo é meu, ou sou eu que pertenço ao tempo?
O afamado cientista e inventor Thomas A. Edison fez uso excelente do seu tempo. Para Edison era coisa comum passar dias seguidos sem dormir, a não ser por breves cochiladas, enquanto trabalhava em suas úteis invenções, tais como o microfone, o fonógrafo, a luz elétrica.
Como é que Deus mede o tempo? Ele o não mede, pelo menos em termos de horas, dias, anos e séculos finitos. A Bíblia afirma: “Para com o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia.” 2 Pedro 3:8; Na Ciência Cristã, entende-se que Deus é Mente infinita, e “a Mente mede o tempo de acordo com o bem que se desdobra”. Este trecho faz parte da declaração contida na definição de “dia” constante do livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras pela Sra. Eddy. A frase toda lê: “Os objetos do tempo e dos sentidos desaparecem na iluminação da compreensão espiritual, e a Mente mede o tempo de acordo com o bem que se desdobra.” Ciência e Saúde, p. 584;
O tempo finito, constituído de mal e bem, é desconhecido para Deus. Deus, o bem sempre presente, é infinito, e só a eternidade pode manifestar o infinito. Tempo e eternidade se excluem mutuamente; não têm coisa alguma em comum. Deus, como Princípio divino, é isento de tempo, e as verdades espirituais são sempre verdadeiras e aplicáveis.
Por ser Deus infinito e eterno, o homem, como imagem ou reflexo de Deus, não pode estar sujeito aos limites do tempo mortal. O homem só pode experimentar o desdobrar incessante do bem na eternidade de Deus.
Ao relógio de sol, que mede o tempo pelo movimento de uma sombra, só é possível registrar as horas ensolaradas. Também nós só deveríamos contar as nossas “horas ensolaradas” como as horas reais. Na realidade há um só meio-dia do Amor eterno a manar bondade sobre a criação espiritual.
A humanidade não tem de esperar pelo advento do milênio, ou mesmo pela milésima fração de um segundo, para começar a comprovar os fatos divinos do ser. Que o homem coexiste com Deus, o bem eterno, é verdade aqui e agora, e isto só precisa ser compreendido e posto em prática.
Muitas pessoas assaz ocupadas já descobriram que tirar o tempo para conhecer Deus e aprender a pô-Lo em primeiro lugar na sua vida, resulta invariavelmente em tempo suficiente para fazer o que quer que precisa ser feito de um ponto de vista humano. Uma compreensão melhor de Deus como o Princípio perfeito, ou Mente, traz aos nossos dias ordem e um sentido de tempo correto. Fazemos menor número de erros e consumimos menos tempo em refazer coisas que haviam sido feitas de modo incorreto. Vemo-nos realizando mais, com menor sentimento de pressa ou pressão. Não há registro de que Cristo Jesus tenha-se sentido pressionado ou estivesse apressado enquanto cuidava dos negócios de seu Pai, e no entanto pensem quanto ele realizou em seu ministério de apenas três curtos anos!
Geralmente as pessoas ativas são capazes de realizar bastante mais porque fazem melhor uso de cada momento. Num curto artigo intitulado “Faça melhor uso de seu tempo” a Sra. Eddy escreve: “O êxito na vida depende do esforço persistente, do aproveitamento de momentos mais do que de qualquer outra coisa. Perde-se considerável quantidade de tempo em falar sem dizer nada, ou sem fazer nada e na indecisão quanto ao que se deve fazer. Se alguém quer ter êxito no futuro, que tire o melhor proveito do presente.” Miscellaneous Writings, p. 230.
A visão espiritual da vida como o desdobrar da bondade, em vez de como algo que depende do tempo, pode também ser uma bênção para os que acreditam estar com demasiado tempo em suas mãos. Deus tem plano e propósito definidos para cada um de Seus queridos filhos. Todos nós desempenhamos parte necessária e integral no eterno agora da vida que se manifesta sempre nova. Ao homem não é possível tornar-se gasto, inútil ou estar enfadado.
A aceitação destes fatos da Ciência divina faz com que um sentimento de apatia ou de não prestar para nada seja substituído por atividade cheia de propósito. Em vez de ser uma pessoa que gasta suas horas sem fazer coisa alguma, ou talvez olhando passivamente a televisão, descobre atividades novas e construtivas. Algum talento escondido ou uma nova habilidade talvez possam ser desenvolvidos. Ou talvez se abram maiores oportunidades de servir ao próximo — mediante esforços voluntários ou trabalho de igreja, por exemplo.
Quer pareça-nos termos tempo em demasia, quer escassez de tempo, todos podemos fazer melhor uso dele. Podemos examinar cada momento e ver se o nosso tempo está sendo gasto com sabedoria, contribuindo assim para o nosso crescimento rumo a Deus. Não basta imaginar que estamos avançando espiritualmente com o passar dos dias e dos anos. O mero passar do tempo não é garantia de progresso espiritual. O tempo decorrido nem sequer é um bom indicador da distância literalmente percorrida. Se alguém se perde no tráfego intenso, talvez fique retido por três horas ou mais. Por outro lado, se alguém se encontra numa cápsula espacial, em três horas pode circundar a terra duas vezes!
De igual modo, para progredir rumo ao Espírito, importa elevar o pensamento para fora da azáfama ou do tédio da existência material e conduzi-lo às altitudes do céu, o reino da Mente eterna. Não há relógios nem limites de tempo, começos ou fins, neste reino do céu. Em lugar da limitação e das medidas finitas há a contínua revelação da verdade do ser isento de tempo.