Em anos recentes tem havido muita discussão sobre os efeitos que nossa disposição, emoção, e o nosso modo de pensar exercem sobre o bem-estar físico. Embora esses fatores ainda sejam geralmente pouco compreendidos, muitos médicos tomam-nos seriamente em consideração quando tratam de certas doenças.
Novas observações sobre o “efeito do placebo” levantaram discussões a respeito de muitas teorias e práticas médicas das quais até agora não se duvidava. O uso de placebos foi há longo tempo aceito em certa medida na profissão médica, mas a pesquisa atual quanto à sua eficácia aparente suscitou interesse renovado. Tradicionalmente, o placebo foi classificado como qualquer substância que não contém nenhum agente medicamentoso ativo, mas que, não obstante, é utilizado como remédio. Pão ou açúcar, sob a forma de tabletes ou pílulas disfarçados como remédios, são exemplos típicos. Os placebos têm produzido algumas melhoras físicas dramáticas.
Um artigo no Wall Street Journal analisou esse assunto e sua significação para o exercício da medicina e a ética médica contemporâneos. O efeito de um placebo, afirma o artigo, está em proporção direta com a crença que o paciente deposite na sua eficácia: “O paciente acredita no remédio, e assim este produz efeito.” Que agente curativo verdadeiro está presente então, nos remédios modernos? O problema ficou apresentado sucintamente: “Será que o efeito produzido por alguns remédios famosos é em grande parte devido ao placebo?” The Wall Street Journal, 25 de agosto de 1977; O impacto que a crença do paciente exerce no método curativo está se tornando fonte de crescente preocupação para a comunidade médica.
Ponderar acerca do efeito que a crença do paciente exerce sobre o seu bem-estar tem sido há tempo considerado apropriado pelo observador de fora que investiga a cura cristã. No entanto, também o estudante de Ciência Cristã
Christian Science (kris´tiann sai´ennss) pode reconhecer que tais indagações são importantes e revisar sua própria convicção de que a cura cristã é apropriada e digna de confiança numa época científica.
Há um século, Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, viu-se confrontada com essa mesma pergunta. De fato, o estudo de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras mostra que a Sra. Eddy via a cura metafísica como a única cura fundamentada sobre algo mais do que a mera crença. Escreveu ela, acerca do cepticismo relativo à cura pela Ciência Cristã: “Muitos imaginam que os fenômenos da cura física na Ciência Cristã apresentam apenas uma fase da ação da mente humana, ação da qual, de algum modo inexplicado, resulta a cura da doença. Ao contrário, a Ciência Cristã explica de modo racional que todos os outros métodos patológicos são fruto da fé humana na matéria — fé na ação, não do Espírito, mas da mente carnal que tem de ceder à Ciência.” Ciência e Saúde, p. xi;
A verdadeira cura resulta da presença de Deus, reconhecida e sentida na correção de conceitos sobre o próprio eu, medrosos, limitados, ou distorcidos. À medida que o pensamento se desvia dos padrões materiais para uma compreensão ativa de que o ser do homem é espiritual como produto de Deus, este despertar constitui um novo nascimento, eliminando a falsa impressão que o indivíduo tem de si mesmo como um mortal doente ou pecaminoso. A cura, então, acompanha a regeneração espiritual. A cura prova que a pessoa está se aproximando de Deus, a fonte da verdadeira identidade espiritual do homem, da sua individualidade e inteireza.
O elemento importante em tal cura torna-se, assim, evidente; não é a crença, mas a compreensão o que importa — a compreensão espiritual do relacionamento inseparável e inviolável que há entre o homem e Deus, o criador.
Não há “efeito do placebo” na cura pela Ciência Cristã. Cristo Jesus curava todas as espécies de doença e até ressuscitou mortos, a partir da sua profunda compreensão espiritual do poder infinito inerente na lei de Deus. Jesus sabia que esse poder estava sempre operando em favor do homem. Sua compreensão pura dos fatos espirituais do ser punha de lado as ambigüidades e variações das suposições e das crenças dos mortais, baseadas na matéria. Que outro ministério de cura se aproximou da combinação de coerência, rapidez e ímpeto regenerador contidos no ministério de Cristo Jesus? Simplesmente não há prova suficiente de que um método de cura fundamentado meramente na crença possa produzir resultados curativos perfeitos e imediatos; e tais métodos certamente não produzem regeneração espiritual e moral permanentes. De acordo com o comentário da Sra. Eddy: “A crença é mutável, mas a compreensão espiritual é imutável.” ibid., p. 96;
Ela também escreve: “O significado das palavras em hebraico e em grego, muitas vezes traduzidas por crença, diverge um tanto daquele expresso pelo verbo crer; aquelas palavras têm mais o significado de fé, compreensão, confiança, constância, firmeza. Daí nossa versão corrente das Escrituras muitas vezes parecer aprovar e sancionar a crença, quando quer realçar a necessidade de compreensão.” ibid., p. 488;
No Evangelho segundo Marcos lemos que ao pai de um menino epiléptico (que lhe pedira para curar o filho, e acrescentara: “se tu podes”), “respondeu Jesus: ‘Se podes! tudo é possível ao que crê’.” Marcos 9:23; Jesus utilizou-se de tal linguagem em muitas ocasiões, evidentemente na tentativa de orientar o pensamento para uma base mais espiritual do que as opiniões humanas.
Mostrando os efeitos resultantes de profunda compreensão durante toda a sua carreira, Jesus curava não só doenças funcionais mas também doenças orgânicas; defeitos de nascimento e as assim chamadas doenças hereditárias; doenças crônicas, agudas e as “incuráveis”. Mesmo assim, teorias médicas modernas ainda supõem que certos males e condições corpóreas estejam fora do alcance não só da terapia física, da cirurgia, da medicina, da psicologia e do placebo, mas também de qualquer outro método curativo.
Os seguidores de Cristo Jesus podem, mediante a Ciência Cristã, aceitar e começar a compreender o controle universal de Deus — Sua onipotência e onipresença. Esta Ciência revela o quanto nosso Criador, a fonte da verdadeira consciência, está acessível. Podemos regozijar-nos com o Salmista: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios. Ele é quem perdoa todas as tuas iniqüidades; quem sara todas as tuas enfermidades.” Salmos 103:2, 3.
Esta divina influência curativa, que a tudo envolve e está sempre à disposição, e que inclui a ação reformadora e regeneradora da Verdade, é a razão por que nós, do século vinte, podemos depor confiança na cura pela Ciência Cristã. Por meio de provas podemos obter a certeza de que não é a crença, mas a compreensão espiritual o que decide o resultado, em cada caso, em favor da santidade e da saúde.
    