Vivemos numa época de mudanças tempestuosas — como está geralmente aceito. As condições sociais, econômicas, políticas e urbanas tomam novos rumos e novas formas, às vezes com espantosa velocidade. Uma das infelizes conseqüências disso é a desorientação de alguns indivíduos. Estes não sabem onde e como se enquadrar num quadro geral.
As dúvidas que hoje se levantam quanto aos valores tradicionais e o afrouxamento dos laços familiares e os da sociedade, criaram uma multidão, muitíssimas vezes composta de pessoas imaturas e solitárias, que, em desespero, buscam uma certeza e estão dispostas a fazer alianças sem olhar as condições.
Inúmeros grupos religiosos e semi-religiosos surgiram para atender tais necessidades.... Mas tornarem-se indevidamente dependentes de homens que se autoproclamaram sábios deixa essas pessoas vulneráveis ao charlatanismo e ao fanatismo que pode fugir ao controle dos que o evocaram. “The Times” (Londres)
21 de novembro de 1978
O que se requer é um novo conceito, um conceito espiritual, de lugar e de relacionamento. São de suma importância as perguntas: “Quem somos?” “Onde estamos?” Respondê-las apenas de um ponto de vista material é continuar desprovido de uma base digna de confiança para a cura de chagas de caráter pessoal e social. As respostas que se fazem necessárias são de natureza metafísica. Não são teóricas, mas práticas.
A instabilidade na sociedade relaciona-se 100 por cento com o conceito de que o homem seja um mortal. É uma manifestação da crença mortal de que o homem seja um fragmento físico e solitário da existência, a flutuar a esmo. Sem amor. Sem finalidade. Na solidão. O homem, tal como é considerado na Ciência Cristã
Christian Science (kris’tiann sai’ennss), tem sua origem no Amor, a causa divina de todo ser. Enquanto existe Amor — e o Amor é o fato eterno do ser — o homem não pode estar sem raízes. O homem nunca está fora da infinidade do Amor divino. Nunca é afrontado por mistérios de origem ou perplexidades de orientação.
A Bíblia diz que “Deus faz que o solitário more em família” Salmos 68:6;. E Mary Baker Eddy observa: “Há um só criador e uma só criação. Essa criação consiste no desdobramento de idéias espirituais e suas identidades, que estão abrangidas na Mente infinita e são para sempre refletidas. Essas idéias se estendem desde o infinitésimo até o infinito, e as idéias mais elevadas são os filhos e as filhas de Deus.” Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, pp. 502–503;
Ambas as declarações transmitem magníficas verdades espirituais a respeito de Deus e do homem real, o representante de Deus. O que nos leva pelo caminho errado é o conceito de homem que as faculdades físicas transmitem. Sobre essa informação errônea dos sentidos está edificada toda a crença de que o universo seja material e de que o homem sofra, sinta-se solitário e padeça de carência — um enigma.
Substituir a falsidade mortal pelo fato espiritual é algo prático. Dá resultado porque o pensamento precede a experiência. O que a consciência mortal aceita como verdadeiro, ela tende a sentir. Mas como a mentalidade finita cede à compreensão espiritual, os acontecimentos exteriores mostram cada vez mais a concórdia divina. Evidenciam progressivamente a realidade do Princípio infinito e de sua idéia perfeita, o homem e o universo espirituais.
Em suma, nosso raciocínio necessita de origem e raízes espirituais ao invés de físicas. Esse é, por certo, o tema espiritual central da Bíblia. É um dos pontos altos da Ciência Cristã. Ao começarmos a entender o quanto significa e é útil basearmos nosso raciocínio nesse fato divino, provamos sua validade em nosso viver. Demonstramos que o homem não é um mortal desarraigado, sonhador, que flutua à deriva, mas é a manifestação gloriosa do Amor imutável. A Sra. Eddy faz esta distinção nítida entre o homem criado por Deus e o homem que os sentidos “criam”: “O homem não é absorvido na Divindade, e o homem não pode perder sua individualidade, porque ele reflete a Vida eterna; nem é ele uma idéia isolada, solitária, pois representa a Mente infinita, a soma de toda substância.” ibid., p. 259;
Às vezes, indivíduos que ainda desconhecem seu eu verdadeiro, à semelhança de Deus — e que, portanto, talvez se considerem isolados e mal-adaptados — procuram superar seu alheamento juntando-se a grupos ou comunidades integradas por pessoas em situação similar. Tais grupos variam imensamente em seus graus de serventia ou de inutilidade. Nenhum conceito espiritual e profundo de pertencer a algo e de “integrar-se” pode, porém, provir meramente de formas humanas de associação ou de relacionamento mortal. Faz-se necessário algo mais profundo: a compreensão científica e espiritual a respeito de Deus e do homem. A Ciência Cristã pode nos conduzir a um sólido sentimento de inclusão, a uma convicção de que estamos unidos ao Amor divino. Cada um de nós, em seu eu autêntico, pertence a Deus e é indispensável à plena manifestação de Deus.
Tais verdades espirituais proporcionam a base desde a qual ajudamos a anular as más condições derivadas das mudanças sociais. Colaboramos poderosamente quando afirmamos, e demonstramos em nossa própria vida, que o homem nunca pode ser arrancado de sua origem divina, Deus. Depois de se referir a Deus como Pai e Mãe e ao homem como idéia do Princípio, a Sra. Eddy diz: “Pois bem, procuremos não perder esta Ciência do homem, mas compreendê-la claramente; então veremos que o homem não pode ser separado de seu Princípio perfeito, Deus, assim como uma idéia não pode ser arrancada de sua base fundamental.” Miscellaneous Writings, p. 186;
Na medida em que nos compenetrarmos desse fato, estaremos ajudando a humanidade a demonstrar a verdade de que o homem não é vulnerável a turbilhões como os que resultam do colapso parcial de valores tradicionais. Nem está o homem exposto a ser persuadido e explorado por mortais. Ele não é tal entidade. Admitindo e aplicando a Ciência do Cristo, podemos provar que o homem é dirigido e satisfeito por seu Pai, a Vida divina, o qual é sempre bondoso; que o homem é imune à manipulação sinistra, à lavagem cerebral, a motivos malévolos mascarados de bons. Podemos demonstrar a inocência do homem como a idéia da Alma.
Este desejo de S. Paulo cumpre-se mediante a compreensão a respeito de Deus e do homem, na Ciência do Cristo: “E assim habite Cristo nos vossos corações, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento.” Efésios 3:17–19. A idéia do Amor, o homem, está para sempre arraigada e alicerçada no Princípio infinito, a bondosa causa imortal de tudo quanto realmente existe.
    