Descrever a cura pela Ciência Cristã como sendo um restabelecimento pela fé seria o mesmo que descrever a bicicleta como sendo uma roda. Certamente uma fé absoluta em Deus é necessária para que se realize a cura cristã, mas precisamos compreender por que Deus é tão digno de confiança a fim de ficarmos inteiramente convencidos de Seu cuidado e poder sanador. Precisamos saber o que é Deus e qual é o nosso relacionamento com Ele.
Equiparar a cura pela Ciência Cristã com a medicina psicossomática também seria inexato. Esta última atribui muitas doenças a causas mentais e emocionais. Mas a Ciência Cristã esclareceu há muito tempo este aspecto. A diferença está não só na definição de Deus e do homem, mas também no próprio método de cura.
O verdadeiro ser do homem é inteiramente espiritual — está sob o controle total da Mente divina benfazeja. Quando se compreende tal ponto, dá-se a cura.
Na medicina psicossomática o homem é considerado mortal, e o tratamento vale-se da mente humana para adaptar as crenças ao que é esperado de algum tipo de medicina.
Um pensamento altruísta, na expectativa do bem, é uma força sanadora dinâmica, onde e quando quer que seja exteriorizado. Assim são também a gentileza, a compaixão, a paciência, o transmitir confiança e o bom humor. Mas a cura pela fé apela a Deus para que afaste a própria doença e a morte que — de acordo com seus conceitos — supostamente são causadas pelo próprio Deus, ou pelo menos autorizadas por Ele! A medicina psicossomática não exige absolutamente uma fé na Divindade.
A cura pela Ciência Cristã é o poder do cristianismo, a força sanadora do Cristo — da genuína santidade perpetuamente presente na consciência para ser compreendida e demonstrada. A cura pela Ciência Cristã está fundamentada no conceito bíblico de que Deus é a única causa primária e o Princípio sustentador, de que é a Mente infinita, o Amor divino, a Alma universal, o Espírito Santo. A oração cristã e científica coloca em prática a força-pensamento espiritual subjacente às obras de Cristo Jesus, dos profetas e dos apóstolos.
A Ciência da Mente rejeita de modo radical todo erro, inclusive a doença, como uma ilusão dos sentidos, a ser classificada como dedução errônea. Um Deus infinito, inteiramente bom, a Mente, só pode criar um homem e um universo inteiramente bons. Podemos ter certeza de que um Deus inteiramente bom atende às orações, cura e salva. Compreender essa bondade alimenta nossa fé em Deus.
O Espírito Santo não é materia. Sua força está na inteligência, e sua energia essencial é o amor imparcial. A matéria é um conceito acidental de substância e vida — ocasional, pois não possui mente. O Espírito sabe e aprecia o que está fazendo. A Mente divina é a própria inteligência absoluta, sem erro de conceito ou qualidade.
A raiz de todo erro mental, moral e físico está no conceito de que a mente seja algo material, mortal e pessoal. Por definição, essa mente incluiria tanto o bem como o mal como reais. As teorias psicossomáticas aceitam essa mente e seus elementos errantes como se fossem a verdadeira origem e substância do estado mental e do caráter e então pretendem combinar a psiquiatria com a medicina para, de certo modo, manipular tais elementos com o objetivo de obter harmonia.
Concebidas na incerteza do que é a natureza ou vontade divina, todas as práticas mentais humanas estão em perigo de cair sob a prática da vontade humana e de se extravasarem em agente mesmérico, ou auto-hipnose. Ao deixar o Amor divino fora da premissa e do processo da cura, uma mente humana dominaria a outra por meio da vontade pessoal. Isso é perigoso, mesmo quando o motivo é humanitário. A Sra. Eddy escreve: “As artes profiláticas e as terapêuticas (isto é, a de prevenir e a de curar) pertencem decisivamente à Ciência Cristã, como se veria com facilidade, se a psicologia, ou Ciência do Espírito, Deus, fosse compreendida. Os métodos não científicos estão chegando ao seu ponto morto. Limitados à matéria por sua própria lei, que é que possuem das vantagens da Mente e da imortalidade?” Ciência e Saúde, p. 369;
O resultado de se ter fé numa deidade desconhecida, ou de apelar para uma bondade precária da mente humana, não proporciona liberação genuína. A fé cega é mesmérica quanto ao método, muito diferente de se atingir a onipresença da consciência divina e obter confiança, alegria e sabedoria dos recursos infinitos da Mente, o Pai-Mãe. O homem reflete Deus, e é do próprio Deus que derivamos nossa fé em Deus.
Não existe mal natural. O próprio mal é uma ilusão hipnótica. A ignorância a respeito da bondade natural da Mente e do homem é o manancial do medo, e o medo é a causa principal de más ações, doença e morte. A crença é a única substância que o mal tem. E como o mal é uma ilusão sensorial, uma clara compreensão do que é verdadeiro impede que as crenças errôneas nos prejudiquem.
Uma epístola de S. João diz-nos: “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo.” 1 João 4:18; Compreender a perfeição e a inteireza do Amor como a substância da Vida vem de fato anular o medo e despertar a fé no bem. A Sra. Eddy escreve: “Devemos compreender que a causa da doença vinga na mente humana mortal, e que sua cura vem da Mente divina imortal. Devemos impedir que as imagens da doença tomem forma no pensamento, e devemos apagar os contornos da moléstia já delineados nas mentes dos mortais.” Ciência e Saúde, pp. 174–175;
Entreter imagens de doenças no pensamento por qualquer motivo pode parecer levar a doença ao corpo, uma vez que aquilo que a mente humana assim visualiza está sujeito a manifestar-se no corpo. Tentar afastar imagens dolorosas introduzindo continuamente imagens de matéria orgânica saudável é uma tentativa de curar mediante a imaginação e não pela Verdade. Isso violaria o segundo mandamento do Decálogo: “Não farás para ti imagem de escultura.” Êxodo 20:4; Este tipo de exercício mental não tem nada do Cristo e seu efeito é mesmérico.
Jesus disse: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” João 8:32; O Cristo cura, não por rearranjar imagens no pensamento pictórico, mas por meio do influxo e da ação das idéias espirituais e das qualidades de Deus. A Sra. Eddy insiste: “Nosso sistema de cura-pela-Mente assenta sobre a compreensão da natureza e da essência de todo o ser — sobre a Mente divina e as qualidades essenciais do Amor.” Ciência e Saúde, p. 460; Imagens doentias partilham da natureza do mal. As formas que tomam estão associadas aos pensamentos que representam. Apagamos as imagens de doenças aderindo às qualidades da Verdade e do Amor.
A Mente do homem não inclui medo, egoísmo, ódio, inveja nem pesar. A essência do homem é a inocência. A moralidade promove nossa compreensão da própria essência da verdadeira masculinidade e feminilidade, porque a moralidade é a ação da justiça e do altruísmo. Não existe causa psicossomática ou pecaminosa — ou qualquer outra espécie de causa — para a doença na verdadeira identidade do homem e da mulher.
O homem é amável por natureza, pois é completo. É o reflexo espiritual imediato de tudo quanto é o Amor. Esta é a base para conhecer e provar que não há necessidade de vingar o eu e a sociedade por meio do pecado a fim de compensar uma insuficiência interna. Não somos inaptos. O homem e a mulher individuais refletem a inteireza de Deus; as qualidades de amabilidade, inteligência, perfeição e permanência pertencem a cada um de nós. Por meio do Cristo, a Verdade, na consciência, temos acesso a todas as qualidades que o Amor inclui. Somente quando deixamos de compreender este fato é que aceitamos as crenças mortais causadoras de doenças, sofrimento e morte.
A disposição moral de nosso pensamento apóia a cura por meio do Cristo. Precisamos expressar conscientemente o amor puro, a sabedoria e a graça que são inerentes em Deus, o Ego real. Precisamos compreender e então demonstrar a presença do Amor, vivendo o amor. De um sentimento de genuína afeição espiritual pela Vida, por si mesmo, pelo próximo, advém uma influência que confere saúde aos nossos corpos.
Cedendo à influência invisível, porém tangível, do Amor puro, despertamos para o nosso relacionamento com os recursos infinitos do bem, da criatividade, da beleza, da inteligência e do amor, que existem em abundância na Mente verdadeira, a única consciência real. O Cristo e a Ciência Cristã estabelecem a relação entre o pensamento e o sentimento humanos e esta Mente verdadeira, ao elevar-nos acima de um sentido pessoal e corporal do ego, até à consciência da presença do Amor, o bem infinito. A Sra. Eddy resume-o assim: “Viver de maneira tal que se mantenha a consciência humana em constante relação com o divino, o espiritual e o eterno, é individualizar o poder infinito; e isto é Ciência Cristã.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 160.
