Muitos americanos e estrangeiros visitam o monumento a Lincoln, na cidade de Washington, nos Estados Unidos da América, e nele se inspiram. As vigorosas linhas do monumento e a enorme estátua simbolizam a integridade do homenageado. O visitante não confundirá o símbolo passageiro com a verdade eterna da integridade.
A fruta do ananás, que nos Estados Unidos se vê em cima de algumas cúpulas de igrejas, simboliza a imortalidade e a hospitalidade, e convida o transeunte a buscar refúgio no santuário.
Todos podemos nos lembrar de símbolos encontrados na vida diária, por exemplo, o dos algarismos de um a nove. Até mesmo uma palavra é só um símbolo; o termo, transcendendo a si mesmo, lembra algum objeto, ou conceito, certa idéia. Vemos assim que o símbolo tem por finalidade elucidar, fazendo-o quase sempre por meio de sinal ou figura, ao tornar compreensível algo que de outro modo seria meramente abstrato. Já que a figura é apenas um símbolo, este não deveria ser confundido com a substância. É preciso olhar além do símbolo. Num dicionário, parte da definição da palavra “símbolo” diz: “Aquilo que representa ou evoca outra coisa...; sinal visível de algo invisível.”
A Bíblia é rica em simbolismo oriental. O simbolismo, de que se valeram os profetas, Jesus e os apóstolos, permeia o Antigo e o Novo Testamentos. A Sra. Eddy afirma: “O ensino espiritual sempre deve ser por meio de símbolos.” Ciência e Saúde, p. 575; Estamos mais familiarizados com alguns dos símbolos bíblicos, como a cruz, o vinho e o pão do que com outros, como o peixe, a oliveira e a pomba.
Às vezes é difícil aos povos do Ocidente entender o simbolismo bíblico, porque estão acostumados com diferentes modos de exprimir idéias ou de descrevê-las, o que mostra a importância de conhecer tais símbolos. Seu uso torna as idéias e os relacionamentos a que dizem respeito muito mais inteligíveis. Os profetas e os escritores da literatura erudita de Israel valeram-se deles em profusão, como se pode constatar da freqüência com que aproveitaram em seus escritos a metáfora de pastor/rebanho, para descrever a relação de rei/nação, ou de guia/guiados.
É interessante estudar os símbolos das Escrituras a começar com os símbolos de Deus, usados em toda a Bíblia. Tomemos, por exemplo, esta apreciada descrição do Salmista: “Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio.” Salmos 91:2; Aí está o símbolo do baluarte, ou da fortaleza, descrevendo um aspecto do caráter divino. Pensemos nas fortalezas construídas nas diferentes regiões do mundo, no decurso da história. Algumas foram sitiadas numa época ou noutra, mas não puderam ser capturadas. Foram invencíveis. Tornava-se necessário ao inimigo abandonar o cerco e retirar as tropas. Que magnífico símbolo para descrever o fato de que Deus é invencível!
A seguir, podemos nos aprofundar um pouco mais no simbolismo e indagar: “Onde estamos colocados, nesse baluarte?” S. Paulo respondeu tal pergunta quando disse aos atenienses: “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos.” Atos 17:28; Vivemos bem no meio dessa fortaleza, protegidos por impenetrável muralha de qualidades divinais. O inimigo nem sequer pode nos atingir. As flechas que desfere não nos podem ferir. Estamos a salvo e protegidos dentro do baluarte, Deus. Com que vigoroso símbolo nos presenteia o Salmista, e como é copioso o enriquecimento e a inspiração que disso podemos obter!
Mais adiante, conquanto seja conveniente saber que o homem habita nesse baluarte, em Deus, é preciso compreender que o homem nunca é absorvido por Deus; que a construção da fortaleza ideal teve por fim torná-la inexpugnável. O fato espiritual é que por ser Deus, o Espírito, o único poder, não existe, na realidade, nenhum poder que se Lhe oponha.
É preciso darmo-nos conta de que, embora os símbolos tenham enorme capacidade descritiva, não passam de tentativas de exprimir certa verdade espiritual, ou realidade espiritual, mediante a linguagem de analogias humanas. Também à Bíblia aplica-se o que a Sra. Eddy diz em Ciência e Saúde sobre a dificuldade de expressar verdades espirituais por meio de termos materiais: “A dificuldade principal, no transmitir com exatidão os ensinamentos da Ciência divina ao pensamento humano, está em ser a língua inglesa, como todas as outras línguas, inadequada para exprimir conceitos e proposições espirituais, porque vemo-nos obrigados a usar termos materiais, ao lidar com idéias espirituais.” Ciência e Saúde, p. 349;
É importante compreender esse ponto, quando se estudam outros símbolos de Deus, como os de Pai, governador, príncipe, rei, todos eles comparações que indicam algo inerente ao caráter divino. A Ciência Cristã não põe Deus num nível corpóreo, não O reveste de características corporais, nem O apresenta como um ser corpóreo. A Sra. Eddy declara: “Deus é Mente, Espírito, Alma, Princípio, Vida, Verdade, Amor, incorpóreos, divinos, supremos, infinitos.” ibid., p. 465;
No simbolismo de Deus apresentado no Antigo Testamento, refletem-se não só a cultura em geral e a linguagem do antigo Oriente Próximo, mas também a própria história da cultura israelita. As figuras do deserto provavelmente tiveram muita importância para Moisés e Elias. No livro do Êxodo os abutres do deserto são usados para representar a salvação de Deus, que tirou Israel do Egito como “sobre asas de águias” (ver 19:4). Ao cruzarem as regiões montanhosas e o rio Jordão, o conceito de Deus seria ainda mais enriquecido de outras figuras de linguagem. Deus é descrito como tendo existido antes que os montes nascessem (ver Salmos 90:2). Os montes debaixo de Deus se derretem (ver Miquéias 1:4). Com o advento da monarquia é natural que se empregassem símbolos como o de governante real, e tudo quanto se associasse à realeza e à soberania. “Nos céus estabeleceu o Senhor o seu trono, e o seu reino domina sobre tudo.” Salmos 103:19; Esse símbolo também estende-se ao ensino dos profetas. Conquanto para os israelitas, durante os dias do deserto, o símbolo mais elevado da presença de Deus era a arca, depois foi essa presença representada pelo templo de Jerusalém. Tal símbolo recebeu lugar de destaque por parte de Isaías, Jeremias e Ezequiel, que foram moradores de Jerusalém. A abundância da natureza divina é tenuemente percebida com o auxílio desses símbolos.
Símbolo jamais usado em conexão com Deus foi o do próprio deserto. Na mitologia de Canaã, atribuía-se ao deus Mot (morte) reduzir todas as coisas a um estado estéril na terra. Um dos lugares em que se supunha Mot habitasse, era o deserto. Os escritores bíblicos podem ter propositadamente evitado unir o símbolo do deserto a Deus, em vista da associação negativa de idéias que despertaria entre o deserto e o deus dos cananeus. Referindo-se a Deus, o profeta Jeremias lança esta indagação pungente: “Porventura tenho eu sido para Israel um deserto? ou uma terra da mais espessa escuridão?” Jeremias 2:31;
O quanto é importante olhar além do símbolo e achar sua substância fica evidenciado nesta história: Um dos símbolos associados a Deus era a arca. Simbolizava ela Sua presença. Os israelitas pensavam que onde estivesse a arca, estaria Deus. Para eles a estrutura material tinha grande importância. Diz a Sra. Eddy: “Na tentativa de adorar o espiritual, os israelitas concentravam seus pensamentos no material. Para eles, a matéria era substância, e o Espírito era sombra.” Ciência e Saúde, p. 351; Ora, assim sendo, era natural que ficassem deveras consternados quando, certa vez, os filisteus capturaram a arca. Poder-se-ia dizer que, para os israelitas, Deus havia desaparecido do meio de Israel. “Foi-se a glória de Israel.” 1 Samuel 4:21; Os israelitas sentiam-se tentados a crer que, desaparecido o símbolo, desaparecia também a verdade do que ele indicava — a presença de Deus.
Oh, como é importante compreender que, embora o símbolo possa ser destruído, a verdade espiritual que ele simboliza é indestrutível! O profeta Jeremias deve ter vislumbrado, além do símbolo da arca, a idéia que ela representava, pois disse aos israelitas que se achava próximo o tempo em que já não se precisaria da arca: “...então, diz o Senhor, nunca mais se exclamará: A arca da aliança do Senhor! ela não lhes virá à mente, não se lembrarão dela nem dela sentirão falta; e não se fará outra.” Jeremias 3:16;
Nas Escrituras há muitos outros símbolos de Deus. Os estudantes têm o privilégio de analisar os trechos, compreender o símbolo, ir além da conotação material e encontrar a realidade espiritual que ele indica. O resultado se fará notar num aumento de espiritualidade e numa diminuição da consciência materialista, confirmando as palavras de Cristo Jesus. “Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.” Mateus 25:29.
