Valores espirituais defendidos por nossa igreja
Vista sob a perspectiva histórica, a raça humana sempre lutou com valores em conflito, padrões em mutação, a resistência do pensamento material quando se lhe exige submissão à autoridade espiritual. E, no entanto, houve ocasião em que as mais profundas declarações de valores espirituais emergiram e permaneceram firmes face à anarquia e à resistência empedernida.
Mesmo enquanto Moisés encontrava-se no Monte Sinai, o povo hebreu, cansado de seu deserto e farto de esperar pela volta de Moisés, desviou sua lealdade e devotou-a à feitura de uma imagem de ouro. Ao descer da montanha carregando as tábuas com o mandamento radical de Deus: “Não terás outros deuses diante de mim” Êxodo 20:3;, Moisés foi confrontado com a adoração dissoluta do bezerro de ouro!
Irado, Moisés quebrou as tábuas de pedra; e voltou ao Monte Sinai. Deus lhe deu outra vez os Dez Mandamentos. Desta feita moveu-se o coração do povo hebreu e eles retomaram sua longa aventura de confiar no único Deus, no Eu Sou o Que Sou.
Hoje, os valores em conflito e a resistência ao reconhecimento da presença de Deus mostram-se bem mais sofisticados e complexos do que no tempo de Moisés. Os problemas de oferta e procura têm implicações de caráter global. Uma economia em flutuação, questões prementes de responsabilidade empresarial e governamental, conceitos de crescimento, imperativos territoriais, padrões em mutação — tudo parece estar insuflado de valores que adoram o bezerro de ouro.
Não importa quão desconcertante possa ser a confusão na sociedade, os meios e os valores necessários ao atendimento das necessidades humanas genuínas permanecem tão espirituais e constantes como o eram nos dias de Moisés. Estão ancorados no primeiro mandamento. Estão implícitos em cada palavra e em cada ação de Cristo Jesus. E um invariável padrão de valores espirituais é encontrado hoje nos ensinamentos de Mary Baker Eddy. Está definitivamente declarado no livrotexto da Ciência Cristã:
“Pergunta . — Qual é a exposição científica do ser?
“Resposta. — Não há vida, verdade, inteligência nem substância na matéria. Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudo-em-tudo. O Espírito é a Verdade imortal; a matéria é o erro mortal. O Espírito é o real e eterno; a matéria é o irreal e temporal. O Espírito é Deus, e o homem é Sua imagem e semelhança. Por isso o homem não é material; ele é espiritual.” Ciência e Saúde, p. 468;
A tarefa que cabe ao cristão metafísico é a de avaliar espiritualmente o pensamento e a experiência à luz dessa exposição científica.
Por exemplo, como encaramos o lar? Como uma estrutura de tijolos ou de madeira, sujeita ao fogo e ao roubo, sendo pequena, precisando de uma cozinha nova, ou estando gravada por uma hipoteca altíssima? Ou encaramos o lar em termos de valores espirituais — da estabilidade, da proteção, do conforto, da beleza, da paz e da continuidade que oferece? Consideramos que a substância do lar é espiritual porque a substância do homem é espiritual? Uma avaliação veraz reconhece que tudo é essencialmente espiritual e, portanto, é a expressão da Mente infinita.
De igual modo, o Cientista Cristão não avalia a igreja e suas atividades em termos de sua configuração material, mas de acordo com seus valores espirituais. Vê a igreja como a expressão da “estrutura da Verdade e do Amor”, cuja substância tem de ser espiritual. Além disso, esclarece seus valores confiando a Deus cada setor das atividades de sua igreja — seu governo, sua economia, sua música, seu quadro social. Então estas atividades adquirem finalidade nobre e valores estáveis que não vacilarão sob controvérsia.
Uma igreja filial, preocupada com seus débitos, decidiu rever seu objetivo primordial de crescimento espiritual. Sua diretoria continuou com a prática de destinar, diariamente, parte do seu tempo à oração pela igreja e convidou os membros a participarem dessa atividade. Estavam reafirmando claramente os valores espirituais.
Então, continuando, a diretoria explicou: “Visando a colocar nossa casa em ordem, estabelecemos um plano de redução das despesas operacionais da igreja mediante serviço voluntário, sem reduzir o apoio às atividades da Ciência Cristã na comunidade. A decisão foi tomada como expressão de sabedoria econômica baseada na firme conscientização de que o suprimento não se acha limitado pelas condições materiais. Logo após termos tomado essa decisão, tivemos um aumento de receita proveniente de fontes inesperadas.”
Demasiadas vezes ao começarmos a falar especificamente a respeito de economia, de nossa própria situação particular ou da economia de nossa igreja filial, acreditamos ser essa uma área que já não tenha muito a ver com metafísica. Talvez digamos: Está tudo muito bem com os valores espirituais, num nível teórico. Mas será que eles têm realmente algo a ver com minha receita, ou com o salário dos Leitores, com os direitos de propriedade, com as mercadorias, com a impreterível necessidade de dinheiro para pagar a hipoteca e a conta da luz?
Considerar que qualquer faceta da experiência humana, inclusive a econômica, esteja fora da jurisdição da Mente divina, é acreditar que o homem seja material, que sua existência dependa da matéria organizada e de seus símbolos. Essa crença material equaciona dinheiro com poder, suprimento, realização, e então diz que não há quantidade suficiente para continuar com as atividades. A Ciência Cristã desafia tal ponto de vista, afirmando e demonstrando que o poder, o suprimento, a realização, são espirituais e, portanto, controlados pela Mente.
“Mais cedo ou mais tarde ... emerge o verdadeiro valor”
Marc Engeler, Tesoureiro de A Igreja Mãe, falou com A Igreja em ação a respeito de valores espirituais:
“Penso que precisamos ter coragem de dar prioridade aos valores espirituais em tudo e para tudo quanto fazemos, em nossa vida particular, no campo profissional, nas atividades da igreja. Temos de estar dispostos a abandonar as diretrizes humanas e ver que a Mente já proveu o que é preciso.
“Se dissermos que estamos lidando com valores espirituais, mas trabalharmos como se tivéssemos de nos promover a partir de diferentes níveis materiais de dependência, nosso conceito de valores não está claro. Os níveis da mente mortal não são mais reais do que a própria mente mortal. Mas parece que estamos condicionados a pensar partindo do ponto de vista de níveis humanos e mortais. Devido a essa falsa premissa nossos valores não se elevam acima do humano; confiamos mais no material do que no espiritual.
“É uma insensatez ter medo de confiar na Verdade. Penso que temos de aceitar a verdade de que a ‘semente esteja dentro de si mesma’ Gênesis 1:11 (conforme a versão King James); e demonstrá-la como o fez Jesus. Não resta dúvida de que ele estava ciente da capacidade ridiculamente pequena de uns poucos pães e peixes quando ordenou a seus discípulos que alimentassem cinco mil pessoas. ver Mateus 14:15–21; Não teria sido preciso mais do que um breve cálculo para medir o desequilíbrio entre a oferta e a procura, materialmente falando. Os símbolos estavam presentes, embora fossem pequenos; e Jesus, dando graças, olhando além dos símbolos, percebeu a realidade espiritual. Viu a prova espiritual do suprimento amplo e abundante, porque seu ponto de partida era sempre a semente que estava dentro de si mesma, causa e efeito como um só, o subjetivo e o objetivo como um só, o interior e o exterior como um só. E este um, o Espírito e sua criação espiritual.
“Acreditamos nisso, ou não? Em caso negativo, então o que precisamos é adquirir um sentido verdadeiro de vida e substância.
“A Ciência Cristã — e todas as igrejas filiais e todos os membros — aceita a premissa: ‘Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita.’ É interessante considerar, então, a que nos leva tal premissa. Ao fato de que tudo o que é bom na experiência humana, corretamente encarado, é alguma forma de manifestação da Mente.
“Gosto de relacioná-lo com a própria economia, que é de fato uma questão de comportamento humano. O mercado de capitais, por exemplo, reage ao que as pessoas fazem com as ações. Reagem, investem ou recusam-se a investir; talvez manipulem as ações ou joguem com elas. Mais cedo ou mais tarde, porém, o excesso cede e o que chamamos de verdadeiro valor emerge. O valor intrínseco de uma companhia ou de uma ação vem, por fim, à tona.
“Claro está que há uma grande diferença entre a atividade humana no mercado de capitais e a atividade de uma igreja. Contudo, talvez possamos dizer que, mais cedo ou mais tarde, o verdadeiro valor de cada atividade da igreja emerge porque sua base repousa na identidade espiritual, portanto, na Verdade.
“Em nossa maneira de viver, em nossa atividade na igreja, podemos acentuar nossa confiança em Deus e no fato de que inevitavelmente haveremos de descobrir a base espiritual, o verdadeiro valor, de tudo.
“Penso que o perigo, hoje em dia, não é tanto a inflação, o excesso disto ou a escassez daquilo. Não é a maneira como o governo age ou deixa de agir. O perigo está em ficarmos a contar quantas pessoas estão na igreja ou qual é ou deixa de ser a receita, e assim duvidarmos da totalidade e da onipotência de Deus, conferindo-lhes limites. A Sra. Eddy diz claramente: ‘Existe hoje em dia o perigo de se repetir a ofensa dos judeus, limitando o Santo de Israel e perguntando: “Pode, acaso, Deus preparar-nos mesa no deserto?” Que é que Deus não pode fazer?’ ” Ciência e Saúde, p. 135.
[Excertos transcritos da coluna “Church in Action” do Christian Science Journal]
