Para alcançar uma melhor compreensão de Deus, que liberta de limitações e medo, precisamos empreender um estudo profundo e sincero da Ciência Cristã. Mas não é preciso que isso seja uma experiência tediosa, nem que nosso estudo fique confinado aos livros. Todas as atividades de nossa vida podem ser usadas em apontar esse caminho, aumentando nossa compreensão da Verdade com a oportunidade que oferecem de pormos em prática tudo o que já aprendemos. Ao usar a Ciência Cristã para me ajudar no esporte altamente preciso e competitivo de queda-livre com pára-quedas, também descobri que muitas de minhas experiências de mergulho livre eram análogas à minha demonstração da Ciência Cristã, mostrando-me como aplicar suas normas com maior eficiência.
Algo que todo pára-quedista tem de enfrentar é o medo. É preciso que o pára-quedista vença o medo rapidamente ou o medo o vencerá. A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: “Deveríamos vencer o medo em vez de cultivá-lo.” Ciência e Saúde, p. 197. Cultivamos o medo e o aumentamos quando achamos que há razão para sua existência; quando aceitamos o medo como sendo nosso, chamando-o de “meu” medo; quando o ampliamos; quando o vemos nos outros.
O medo não faz parte de nós, porque não faz parte de Deus, o Amor infinito, cujo reflexo e imagem exata somos em realidade. Desse modo podemos superar o medo, começando por afirmar que o medo não é nosso e então substituindo-o por pensamentos de Deus. João escreveu: “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo.” 1 João 4:18. E nos Salmos lemos que “na tua presença há plenitude de alegria” Salmos 16:11.. Quando atacado pelo medo, recordo essas duas citações e trato de substituir o medo pelo amor e a alegria.
Enquanto subia num pequeno avião para o meu quinto salto, eu lutava contra uma grande ansiedade que vinha aumentando com cada salto sucessivo. Agachado na porta aberta do avião, olhando a terra a centenas de metros abaixo, eu ouvia as sugestões com que a mente mortal — a suposta mente dos mortais — estava tentando me convencer do seguinte: “Poderá acontecer um mau jeito durante esse salto.” “Você está muito velho para esse esporte.” “Você nunca vai passar dessa porta.”
Orei para me libertar desses temores e apeguei-me à alegria da presença de Deus. Agradeci a Deus pela beleza das nuvens e do céu à minha volta. Mas, o esforço para me sentir alegre não foi muito bem sucedido. O medo e as sugestões negativas persistiam. “Diga-lhes que você não pode saltar”, dizia o medo. “Eles não se importarão.” De repente vi o rosto tenso de outro aluno pára-quedista atrás de mim. Era igualmente o seu quinto salto, e, assim como eu, era óbvio que também estava lutando contra o medo. Eu muito queria ajudá-lo. Enquanto orava, veio-me o pensamento: ajude-o, ele precisa. Voltei-me para ele e sorri com a inspiração da alegria espontânea. Imediatamente ele também sorriu e o medo se dissipou para ambos. Aquele salto foi para nós dois um dos mais felizes. Nenhum de nós jamais o esqueceu, nem a lição que dele aprendemos.
Em muitos saltos posteriores fui acometido de medo. Às vezes isso se dava porque meu estudo e orações tinham sido insuficientes ou então porque deixara de detectar e rejeitar o medo que disfarçadamente se apresentava sob diferentes formas. Pouco a pouco aprendi que na demonstração da Ciência Cristã, como em tudo o mais, a prática consegue a perfeição.
Ciência e Saúde declara: “Precisamos lembrar-nos de que a Verdade é demonstrável quando compreendida, e que o bem não é compreendido enquanto não for demonstrado.” Ciência e Saúde, p. 323. Seja qual for seu esporte ou sua atividade, se o medo tentar limitá-lo, olhe em volta e veja de que maneira você pode expressar mais amor e alegria. Certo da totalidade e onipresença do Amor divino, você vencerá e progredirá.
As analogias úteis que se podem fazer entre o pára-quedismo e a prática da Ciência Cristã são muitas. Quando o pára-quedista salta do avião em vôo, ele precisa assumir rapidamente uma posição estável durante a queda livre ou se despencará sem controle, podendo inclusive se enlear no pára-quedas quando este abrir. Ele consegue essa posição estável abrindo os braços e as pernas e olhando para cima. Do mesmo modo os Cientistas Cristãos têm de demonstrar estabilidade espiritual e força olhando para cima, elevando o pensamento espiritualmente em vez de olhar para baixo, para o panorama material; devem abrir seus corações e incluir toda a humanidade em seu amor.
Na queda livre, enquanto a velocidade aumenta até aproximadamente duzentos quilômetros por hora, o ar passa rugindo, as mangas se agitam, e toda e qualquer coisa solta no equipamente faz barulho e bate no pára-quedista até que o ruído se torna intenso e ameaçador. Mas o pára-quedista não deve dar-lhe importância. Tem de superar o sentimento de medo, mantendo sua posição estável. Como Cientistas Cristãos, também muitas vezes não devemos dar importância ao clamor ensurdecedor dos sentidos materiais. Devemos manter nossa estabilidade e calma, sem medo, confiantes no treinamento que recebemos por meio do estudo da Bíblia e dos escritos da Sra. Eddy, e seguros de nosso equipamento, nosso conhecimento do poder sempre atuante de Deus.
Cristo Jesus disse: “Não temais, ó pequenino rebanho.” Lucas 12:32. E a Sra. Eddy escreve, acerca daqueles que amam a Deus: “... Ele chamou os Seus, armou-os, equipou-os, e os proveu de defesas inexpugnáveis. Seu Deus não permitirá que se percam; e, se caírem, levantarão de novo, mais fortes que antes do tropeço.” Continua: “Recebem eles a melhor lição de sua vida ao cruzarem espadas com a tentação, com o medo e com as arremetidas do mal; já que assim terão experimentado e provado poder; já que terão comprovado que este se aperfeiçoa nas fraquezas, e que o medo se imola a si mesmo.” Miscellaneous Writings, p. 10.
Quando o pára-quedista puxa a corda de abrir o pára-quedas, nada acontece aparentemente durante três a quatro longos segundos. Mas, enquanto continua a queda livre em direção à terra, deve manter sua posição estável e aguardar confiante enquanto o pára-quedas se abre e estende até o ponto de poder sustentá-lo. Quando nos valemos do poder de Deus para solucionar alguma dificuldade mediante o reconhecimento de Sua verdade, muitas vezes há uma pausa antes que apareçam as provas de que a situação está melhorando e a ameaça desaparecendo. Durante esse período de tempo podemos manter nossa posição com confiança, sabendo que a cura está se desenvolvendo.
Nos últimos metros de uma descida com pára-quedas, a terra parece se aproximar com repentina aceleração, e se tem a impressão de estar caindo com bastante força. No entanto já aprendemos que isso não passa de ilusão e que a velocidade de descida não aumenta. Dependendo de que eu deixasse de lado essa ilusão, sempre aterrissei com segurança. Depois de um trabalho dedicado na Ciência Cristã a evidência física de uma situação discordante pode às vezes parecer ainda mais agressiva, mas isso, tal como o aumento da velocidade de descida do pára-quedista quando se aproxima da terra, é somente ilusão. Assim, fique firme, sem medo e sempre alegre, lembrando-se da promessa confortadora do Salmista: “Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra.” Salmos 91:11, 12. Felizes aterrissagens!
