Será o tempo um elemento primário de tudo quanto é real? Assim parece. Se tentamos, porém, encontrar um começo para o tempo, temos de perguntar: “O que houve antes disso?” Ou encontrar-lhe um fim: “O que virá depois?” Não há maneira de compreender o tempo senão reconhecendo-o como um conceito mental, limitado, finito, mortal — um sonho de algo que não tem explicação real.
Cristo Jesus sabia disso. Ele explicou sua própria existência como filho do eterno Único, ao dizer: “Antes que Abraão existisse, eu sou” João 8:58;, e não, eu fui. A idéia espiritual da Mente infinita, idéia que é o Cristo sempiterno — e que foi conhecida como Jesus no tempo humano — existe agora, não porque o Cristo ultrapassa os séculos, mas porque os séculos são uma ilusão. O tempo não existe.
Quando Jesus foi crucificado, parecia estar morrendo à vista dos mortais. No entanto, a idéia espiritual, o Cristo, é a Verdade imortal, eterna. O Jesus humano sabia o suficiente de sua verdadeira identidade, de maneira a estar consciente de sua Vida divina, e ele sabia que essa Vida permanecia intocada pelo sonho dos acontecimentos materiais. Uma vez que podia ver a irrealidade da seqüência de acontecimentos desde “antes que Abraão existisse” até o presente, podia também ver a irrealidade da seqüência dos acontecimentos desde antes de seu próprio nascimento humano até o momento de sua crucificação e morte aparente na cruz. Era coisa diferente de um julgamento, de uma sentença, de carregar uma cruz ao topo de uma colina, de ser lá crucificado e de morrer; era uma questão de imagens mentais, verdadeiras ou falsas, para cada uma delas ser reconhecida como aquilo que era. Para Jesus a morte não era o resultado de uma série de acontecimentos, mas sim o erro culminante da crença em vida na matéria, da qual um elemento primário é o tempo. Por saber disso, ele não estava sujeito à crença que outros tinham a seu respeito, de que tinha morrido ao final de tal série. A Vida, para ele, era Deus, o bem eterno; e a morte era tão desconhecida da idéia de Deus, a qual Jesus sabia que ele mesmo era, como era desconhecida para a própria Vida.
Se Jesus não tivesse tido essa compreensão da Vida eterna, a transição com que ele parecia se defrontar lhe teria sido tão real quanto o era para os outros, e lhe teria sido impossível voltar o tempo para trás a fim de resolver seu problema no túmulo. Ele, porém, o resolveu, porquanto na sua compreensão da Vida eterna, a morte era apenas outra ilusão. Mary Baker Eddy, Descobridora e Fundadora da Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss), escreve sobre Jesus: “Seu trabalho de três dias no sepulcro imprimiu o selo da eternidade ao tempo.” Ciência e Saúde, p. 44;
Por que ficamos apreensivos sobre o nosso futuro? Porque não nos damos conta da Vida eterna. A única maneira pela qual nos será possível predizer acontecimentos do futuro está em compreender, nalgum grau, que passado e futuro são ilusões inerentes ao conceito de tempo.
Como a ilusão de tempo simula, às vezes, a realidade, a história humana pode ensinar-nos lições valiosas que nos capacitam a tomar decisões melhores sobre o futuro. Assim como uma fotografia, que é sempre uma ilusão, um acontecimento no tempo pode incluir exemplos de indivíduos que exprimem inteligência divina, sabedoria, integridade, pureza ou qualquer das qualidades da Mente infinita. E quando examinamos a história, podemos ver os efeitos dessas qualidades. Toda a vida de Jesus foi a mais completa concepção humana da idéia divina, a partir da qual podemos compreender melhor a nós mesmos e como encarar o futuro.
Quando aprendermos a distinguir entre os fatos reais e os irreais da história e aumentarmos nossa capacidade de dar os devidos descontos aos erros naquilo que as ilusões do tempo apresentam, e de descartá-los, começaremos a superar o próprio conceito de tempo. Primeiramente acharemos fácil colocar nossa próprio vida em tal ordem, que perderemos toda a sensação de pressão e de ansiedade acerca do que há de vir. O tempo tornar-se-á nosso servo. Então, finalmente, elevarnos-emos acima da noção de tempo.
De que modo, porém, encaramos calamidades, desastres, depressões, guerras, fracassos? Esses não são fatos de uma realidade definitiva, mas evidências da crença — ou da fé — que a humanidade tem no irreal. Por outro lado, atos de fé, de compreensão, de amor por aquilo que é de Deus, o bem, evidenciam a presença e o poder da Mente infinita e da verdadeira natureza do homem como idéia da Mente.
A mente materialista coletiva — a mente mortal — desconcertada por sua crença num mundo material que entre seus elementos inclui o tempo, vivencia essa mesma confusão e ignorância. Quando confrontada com a verdade da realidade eterna, essa assim chamada mente declara ser a materialidade um fato que seria tolice ignorar; também nos diz que pessoas inocentes, tementes a Deus, sofrem juntamente com as de mentalidade má em conseqüência de furacões, guerras, atos criminosos e assim por diante. E essas declarações parecem válidas se aceitarmos o testemunho da mente mortal.
No entanto, precisamos aprender que essa mente falsa é nulidade, vê-la como a ilusão da qual um elemento primário é o tempo. Então podemos expor seu argumento como “mentiroso e pai da mentira” João 8:44; (citando Jesus), e começar, gradativamente, a discernir a realidade. À medida que progredirmos nesse rumo, poderemos predizer o futuro de acordo com o governo que Deus exerce em Seu universo espiritual.
Que na atualidade não sejamos especificamente bem sucedidos em tais predições, mostra apenas que não somos verdadeiramente conhecedores do ser eterno. Algumas pessoas estão cientes dele, mas em realidade não o conhecem nem o compreendem. Não obstante, toda cura pela Ciência Cristã é, em essência, uma profecia que se realiza. O praticista, compreendendo alguma coisa da nulidade do tempo, vê que a doença que parece haver em alguém não é o resultado de condições prévias tais como hereditariedade, exposição ao contágio, desordem funcional, ação biológica ou química.
Vê que a causa única é Deus, o Princípio eterno. Vê também as qualidades da Mente perfeita que esse indivíduo já está expressando e as reconhece como a realidade indestrutível de sua identidade. No universo da causa divina e única, onde o paciente realmente vive, não há acontecimentos materiais; aí existem unicamente o Princípio e sua idéia eterna. As causas materiais que aparecem no caso são apenas crenças falsas da mente mortal, a serem refutadas pela compreensão espiritual que provém da única Mente divina. A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Essa compreensão não é intelectual, não é o resultado de conhecimentos eruditos; é a realidade de todas as coisas trazida à luz.” Ciência e Saúde, p. 505.
Quando alguém está doente, podemos predizer sua recuperação se compreendemos a irrealidade do tempo e os erros de crença que existem no tempo, assim como a realidade de tudo aquilo que no tempo coincide com a Verdade divina, eterna. A doença é irreal. Seus sintomas (dor, deterioração, disfunção, febre e assim por diante) são irreais. Hipotéticas causas mentais — medo, ódio, egoísmo, voluntariosidade, frustração — bem como causas físicas, são irreais. Eliminemos o tempo de qualquer uma dessas assim chamadas causas, e ela cessará até de parecer uma causa. Ver-se-á que ela é apenas um fenômeno que, focalizado sob a luz da Verdade, é apenas ilusão. Então, começando com a Verdade eterna, o Princípio, a Vida, o Amor — Deus — podemos rejeitar os sintomas da doença, entender sua nulidade e demonstrar a realidade. A recuperação torna-se, então, mais do que uma esperança. Ela é um fato. Sem o tempo podemos ver que a saúde é aquilo que sempre existiu e sempre existirá — o ser imortal, perfeito, harmonioso.
Podemos estar a alguma distância da habilidade de predizer em detalhe acontecimentos futuros. Contudo, à medida que crescermos na nossa habilidade de distinguir cientificamente entre o irreal e o real, aprenderemos mais e mais a prever e a provar no tempo a realidade eterna do homem sem nascimento, imorredouro, harmonioso. E nossa antevisão forçosamente se expandirá até se converter na capacidade de prever e demonstrar o governo que Deus exerce sobre nossa própria vida e sobre o universo como um todo.
