Em que é que pensamos quando surge o assunto filhos? Normalmente, em alegria, curiosidade, inocência, espontaneidade. Somente nessas qualidades boas? Ora, os filhos também são dependentes, muitas vezes turbulentos, às vezes desobedientes. E, algumas vezes, são vítimas de extrema crueldade.
Alguém, certa vez, comentou ter amor pelas crianças mas disse que lhe faltava paciência com elas. Não há nisto contradição inaceitável? Quando aprendermos a considerar as crianças como sendo de fato idéias de Deus, teremos para com elas carinho e cuidado inteligentes. Precisamos fazer distinção entre os filhos de Deus e os pequenos mortais indefesos. Cada filho do homem dá expressão, em certo grau, a qualidades que Deus lhe outorga. Para ver além do quadro mortal, temos de desassociar as qualidades negativas e limitadoras de cada criança e acentuar as boas, como sua única identidade real.
A Sra. Eddy oferece-nos duas perspectivas da maneira em que a Bíblia emprega o termo “filhos”. Primeiro, a visão verdadeira ou espiritual: “Os pensamentos e representantes espirituais da Vida, da Verdade e do Amor.” Depois: “Crenças sensuais, mortais; contrafações da criação, cujos originais melhores são os pensamentos de Deus, não no estado de embrião, mas no de maturidade; suposições materiais de vida, substância e inteligência, opostas à Ciência do ser.” Ciência e Saúde, pp. 582–583.
Que visão mais profunda proporciona essa última definição a pais, professores, avós, a nós todos? Indica a necessidade de nos identificarmos corretamente — identificarmos espiritualmente — aos filhos e a nós próprios. Essa identificação ajuda a nós e a nossos filhos a deixarmos dos padrões destrutivos.
Todos somos, na realidade, filhos de nosso divino Pai-Mãe Deus. Somos, agora mesmo, os filhos e as filhas do único todo-inteligente, todo-amoroso, sempre presente Genitor, que nos gera de Suas qualidades e que a cada instante nos governa. A Bíblia confirma nossa filiação divina e seu valor: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo.” Romanos 8:16, 17. Somos herdeiros das riquezas de Deus: sabedoria, paciência, beleza, integridade. O divino Pai-Mãe, na realidade, não nos deixa por conta própria, em luta com uma mente finita. Como Mente única, Deus permanece conosco por toda a eternidade.
Estes fatos não são ideais abstratos. São verdades metafísicas práticas que podemos usar, mesmo em circunstâncias as mais desafiadoras. Podemos, diariamente e a toda hora, procurar o conselho de Deus, o único pai e mãe verdadeiro. Como? Através da oração científica que percebe a eterna presença do Amor divino.
A verdade que compreendemos em profundidade sobre as crianças se comunica. Faz-se sentir e é sempre eficaz para o bem.
Certa mãe encontrava-se entre um grupo que visitou a Sra. Eddy em 1897. A mãe estava muito preocupada porque havia um furúnculo doloroso na cabeça de sua filha. A mãe, a filha e um filho entraram na fila de pessoas que a Sra. Eddy cumprimentava. Quando as crianças chegaram perto de nossa Líder, pararam e trocaram sorrisos com ela. A mãe comentou, mais tarde, que, por vez primeira, havia percebido o “verdadeiro Amor-de-Mãe”, no breve momento que durara a saudação, e que reconhecera estar a presença do Amor divino em toda parte e entendera ser este “uma presença inteligente que me falava...” Mais tarde, no mesmo dia, descobriu que o furúnculo na cabeça da filha tinha desaparecido completamente. Irving C. Tomlinson, Twelve Years with Mary Baker Eddy (Boston: A Sociedade Editora da Ciência Cristã, 1966), pp. 60–62.
A oração científica não é uma petição frustrada que se faça a um Deus distante. É o reconhecimento claro da presença e do controle do Amor. Essa oração une nosso pensamento com a Mente divina e afirma a eterna identidade de cada criança, homem e mulher. Tal oração anula a falsa ação das mentalidades mortais, conduzindo à obediência, docilidade, alegria, ternura e saúde. Habilita-nos a identificar adultos e crianças como Deus os conhece. E disto resulta harmonia.
Quando Cristo Jesus disse a seus seguidores que deveriam tornar-se como crianças para entrar no reino dos céus Ver Mateus 18:3., certamente não se estava referindo à teimosia ou inexperiência do filho da mortalidade. Não. Falava no pensamento inocente da infância, na humildade e receptividade espiritual com que se vê ao homem que Deus criou, a realidade de todos nós.
A experiência humana é pensamento objetivado, segundo a Ciência Cristã. O que aceitamos em nosso pensamento, vemo-lo freqüentemente manifestado em nossa vida. Quão importante é, então, conseguir o ponto de vista espiritual! Como vale a pena! Requer elevação do pensamento perceber-se a realidade de cada indivíduo. Mostra o melhor nas crianças que estão sob nossos cuidados. Mostra o melhor em nós. Promove ação recíproca alegre e produtiva entre crianças e adultos.
Alguém poderá dizer: “Bem, isso será útil para mim e minha própria família, mas, o que dizer do cruciante problema que é o abuso e a negligência do menor? Sinto-me tão impotente para ajudar crianças que estão fora de minha responsabilidade.” Nossas orações sinceras e científicas pelas crianças desafortunadas farão grande diferença. Cada esforço que fizermos para elevar nossa própria perspectiva da humanidade, do mortal para o espiritual, abençoará a outros bem como a nós. A criança maltratada e o adulto que maltrata precisam urgentemente de nossas orações por eles, de reconhecermos sua verdadeira individualidade. Há, subjacente, uma realidade espiritual de amor, inteligência e atividade disciplinada, que é expressa individualmente por todo filho de Deus. Podemos negar a presunção de que pequenos entes mortais estejam sujeitos às ações imprevisíveis e tirânicas de mortais maiores. Podemos compreender que só Deus governa Seus filhos. Nossa consciência desse fato cura. Auxilia o ajustamento de toda situação mortal injusta que pretenda lesar o inocente.
Podemos afirmar cientificamente que todas as crianças habitam na consciência do Amor, não na lama mortal. Podemos reconhecer que Deus provê o valor inato e o status imortal de todas as crianças. Podemos reconhecer que o Cristo, a Verdade, que alimentou os seguidores de Jesus no deserto, está continuamente presente. Podemos nos lembrar de que o poder do Espírito acompanha a ternura do Amor — e que este sempre cerca o homem.
