Quando jovem, meu pai foi curado de cegueira incipiente graças à Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss), e pelo resto de sua vida, longa e útil, seguiu os ensinamentos desta Ciência. No entanto, apesar de seu encorajamento e exemplo, cresci sem partilhar desse interesse. Antes de aprender a ler, eu sabia de cor o conceito de Deus apresentado por Mary Baker Eddy (ver Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 587), mas não quis ir à Escola Dominical da Ciência Cristã, pois as possibilidades de um Deus presente e bondoso não pareciam muito importantes — o céu era suficientemente azul sem Ele, o ar era doce em meus pulmões e nunca me faltava comida.
Curas instantâneas ocorreram em nossa família, mas lhes dei pouca importância, ou não avaliei o valor delas. Certa vez, em dezembro, quando meus pais estavam numa viagem de emergência, repentinamente adoeci seriamente. A secretária que estava tomando conta de minha irmã de doze anos e de mim, prontamente chamou um médico, o qual diagnosticou pneumonia e solicitou que eu fosse transferido com urgência para um hospital. Entretanto, minha irmã, sabendo o que meu pai faria nessas circunstâncias, telefonou a uma praticista da Ciência Cristã para que orasse por mim. Para surpresa do médico e da secretária, minha temperatura elevada rapidamente cedeu e o delírio e a congestão passaram. Dois dias mais tarde, eu estava bem e em pé numa escada, alegremente enfeitando a árvore de Natal.
Com o passar dos anos, os problemas acumulados e a insatisfação com minha vida forçaram-me a procurar ajuda fora de mim mesmo. Certo dia, lembrei-me de quão rapidamente se dera minha recuperação em resultado do apelo à Ciência Cristã. Após conversar por telefone com a mesma praticista, comecei a estudar o livro Ciência e Saúde. Ainda que impelido freqüentemente pelo desespero, o progresso, no entanto, era lento. Ocupava-me em ler, memorizar e freqüentar a igreja filial. No entanto, o significado essencial do Amor divino e de minha verdadeira identidade como expressão do Amor, de algum modo me escapavam. A crença na matéria permaneceu intocada em meu pensamento, a identidade mortal era aceita com sólida convicção, e Deus não parecia mais substancial que anteriormente.
O momento crucial veio no final de uma primavera, quando retornei ao campus da universidade que freqüentara no sul do país. Hospedei-me numa mansão do século dezenove que havia sido transformada em hotel, planejando usar as férias para aprofundar-me no estudo da Bíblia e de Ciência e Saúde. Entretanto, o calor intenso me distraía, e com alegria fiz uso da sala de estudos com ar condicionado existente no campus. À tardinha do terceiro dia, recebi um telegrama de casa dizendo que voltasse logo, pois minha mãe estava muito doente.
As notícias abalaram-me profundamente e voltei para o hotel onde arrumei as coisas com rapidez. Só então dei-me conta de que não tinha dinheiro suficiente para comprar uma passagem aérea até a Califórnia. Os bancos estavam fechados e não consegui contato com alguns conhecidos no campus, que poderiam me emprestar algum dinheiro. Parecia não haver escolha senão esperar pela manhã — tempo que, decidi, certamente podia ser empregado em refutar a mentira da doença. Entretanto, para meu desespero, descobri que havia deixado meus livros da Ciência Cristã na sala de estudos do campus, que então já estava fechada. Na cidade, a Sala de Leitura da Ciência Cristã também estava fechada até de manhã e eu não conhecia Cientistas Cristãos por perto para pedir ajuda. Como metáfora de meu estado mental turbulento, densa chuva tropical desabou sobre a cidade.
Sentei-me sozinho na varanda do velho hotel, tentando acalmar-me e lutando para lembrar frases sanadoras contidas nos escritos da Sra. Eddy. Mas, cada vez mais estava cedendo ao medo e à dúvida. Existia realmente Deus, pensava eu, ou encontrava-me pronunciando palavras sem nexo? A Ciência Cristã realmente curava? E, se curava, seria minha compreensão dela adequada neste caso? Quando vi, estava clamando em silêncio por alguma prova da presença do Pai.
Quase imediatamente, percebi a presença de uma pequena senhora, a gerente do hotel, que se aproximava. Fechei os olhos e virei-me de lado, esperando desencorajar qualquer conversa sobre o tempo numa hora dessas. Entretanto, ela puxou uma cadeira e gentilmente disse que durante sua rotina diária havia notado livros sobre minha mesa que indicavam termos algo em comum. Virei-me para ela tão admirado que, por um momento, mal podia falar. Então eu disse: “A senhora teria um Ciência e Saúde que me pudesse emprestar?” Sim, tinha. De fato, tinha todos os escritos da Sra. Eddy, inclusive uma Concordância para eles e também um Hinário da Ciência Cristã. Em minutos eu estava no quarto, estudando.
Pela meia-noite a tormenta cessou, tanto externamente como dentro em minha consciência. No mais absoluto silêncio, maravilhei-me ao dar-me conta de que minha necessidade havia sido instantaneamente suprida. E, de repente, eu sabia que se Deus podia tomar conta de minha necessidade de modo tão bondoso e rápido, então também era capaz de suprir à necessidade de minha mãe. Com profunda confiança de que a Mente divina estava no comando — governando Suas idéias espirituais e mantendo-as em perfeita saúde e harmonia — fui para a cama e adormeci. Na manhã seguinte, recebi segundo telegrama dizendo que minha mãe estava fora de perigo. Após uma semana ela estava de pé, perfeitamente bem, e por muitos anos mais seu entusiasmo, afeto e riso estiveram conosco.
Em Ciência e Saúde a Sra. Eddy diz (p. 449): “A Verdade é tão onipotente que um grão de Ciência Cristã faz maravilhas para os mortais, mas é preciso apropriar-se mais da Ciência Cristã a fim de perseverar em fazer o bem.” Por muitos anos meu estudo desta Ciência tem continuado, e cada passo adiante em compreensão espiritual veio acompanhado por curas. Temperamento instável e língua afiada foram acalmados e o hábito do cigarro foi vencido. Houve proteção num acidente de automóvel e num furacão no mar. Um dedo quase decepado por um cortador de gramas foi rapidamente curado, e o pesar e a solidão persistente foram invertidos. Melhor de tudo, estou compreendendo gradualmente que os valores que procurei na existência material — amor, segurança, saúde e realização — na realidade são encontrados somente em Deus, a Mente divina, que é minha própria Vida. É tão fácil ser grato por tudo isso que parece ser pouco para oferecer.
East Hampton, Nova Iorque, E.U.A.
