Por que ética? Sua observância é indispensável ao êxito na prática da cura pela Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss). Sem ética perderíamos de vista nesta Ciência o que verdadeiramente ela é: o restabelecimento da cura pelo Cristo e de seu maravilhoso poder de redimir a vida humana e de curar os doentes.
Consideramos serem padrões éticos meros regulamentos e restrições? Isso seria um engano. A ética expressa a integridade espiritual desta Ciência; e assegura a integridade espiritual do sanador e do estudante. É proteção para praticista e paciente. Sua finalidade é dupla:
• Guia espiritualmente o praticista e o paciente. Em outras palavras, garante que o espírito cálido, amável, curativo e enaltecedor do Cristo, a Verdade, anima nossas orações e pensamentos e atos.
• Mantém incontaminada a pureza da prática da Ciência Cristã genuína como sendo a dos ensinamentos de Cristo Jesus tornados práticos, em contraste com os métodos baseados no que é material, inclusive os inúmeros sistemas de cura pela mente humana, em voga nos dias atuais.
A essência da ética da Ciência Cristã não se encontra em regulamentos e fórmulas executados mecanicamente. A ética desta Ciência tem sua base na sabedoria, no amor e no bom senso inculcados pelos preceitos de Cristo Jesus. Está enraizada nos dois grandes mandamentos do Mestre: “Amarás ... o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” e: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Marcos 12:30, 31.
O tratamento pela Ciência Cristã é oração, é obediência profunda, sincera e consciente a esses dois mandamentos cristãos. É um modo de adorar o Pai — o único Deus infinito — “em espírito e em verdade” como o Mestre instava.
Toda verdade que afirmamos em tal tratamento é um reconhecimento — relacionado especificamente à necessidade humana em questão — de que o Amor e a Mente infinitos são o único poder, substância e inteligência. É também um reconhecimento da identidade real do homem e de seu status como imagem imortal que reflete essa Mente.
Cada negação dada a medo, dor, doença e confusão expressa — em termos aplicáveis ao caso — a nossa mais clara percepção do poder imensurável e da terna solicitude de nosso Pai-Mãe Deus. A partir desse ponto de vista, e com o pensamento verdadeiramente elevado na fé e na gratidão, o sanador rejeita todo e qualquer erro que precisa ser enfrentado e superado, e o inverte.
Essa base espiritual radical de que existe apenas uma única Mente onipotente separa de modo conclusivo a prática metafísica da Ciência Cristã dos sistemas mentais que confiam num suposto poder da mente humana. Do início ao fim, o Cientista Cristão confia no poder do Amor onisciente que, quando compreendido, leva conforto e vigor ao coração humano e cura o corpo. Esse é um ponto cardeal da ética.
Como este método espiritual confia por inteiro no poder da Mente divina, repudia absolutamente a noção de haver qualquer poder curativo (ou qualquer outro tipo de poder) no hipnotismo e mesmerismo. Não emprega tais métodos. Eficazmente os anula. Nossa Líder, Mary Baker Eddy, escreve: “Tais teorias não têm relação alguma com a Ciência Cristã, que assenta no conceito de que Deus é a única Vida, substância e inteligência, e que exclui a mente humana como fator espiritual na obra curativa.”
E continua: “Jesus expulsava o mal e curava os doentes, não só sem remédios, como também sem hipnotismo, que é o inverso do poder ético e patológico da Verdade.” Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 185.
O Cientista Cristão não deposita nem um pouco de confiança na mente humana como agente curativo. Não parte da premissa de encontrar-se um mortal a ajudar outro mortal. O praticista não depende de maneira alguma da transferência de pensamentos de uma mentalidade finita para outra. E, o que é mais importante, a ética da cura pela Ciência Cristã exclui o uso da força de vontade humana, e, bem assim, exclui a prática de qualquer forma de dominação mental. O tratamento que o Cientista Cristão dá não inclui qualquer forma de influência por sugestão.
Antes pelo contrário. Seu tratamento é uma oração singela que reconhece e reitera o poder e a presença soberanos da Mente que, sabendo tudo, inclui a Verdade universal. Essa Verdade, quando compreendida e utilizada de maneira específica, destrói os pesadelos do sentido físico e silencia o alarido do medo.
Do que previamente foi dito fica evidente também que o praticista da Ciência Cristã não usa técnicas pseudopsiquiátricas. Não sonda desde um ponto de vista do raciocínio material ou psicológico a mentalidade do paciente a fim de encontrar nela uma suposta, causa mental real da enfermidade e do sofrimento. Antes pelo contrário, esforça-se por reconhecer mais claramente a identidade real do paciente como sendo a do homem espiritual criado por Deus. Procurando a intuição dada por Deus e obtida mediante a compreensão espiritual, o praticista confia na orientação da Mente divina que o habilita a identificar os erros que precisam ser destruídos pela Verdade.
O espírito do mandamento de Jesus de que nos amemos uns aos outros adquire forma prática na ética quando, por exemplo, ambos, praticista e paciente, atêm-se estritamente à natureza confidencial do relacionamento entre o praticista e o paciente. Tal padrão requer também que ambos, praticista e paciente, sejam radicais em confiar nos meios espirituais e reciprocamente honestos em realizar seu trabalho. Requer que seja manifestado por ambas as partes um espírito profundamente cristão.
Assim, aderir à ética da Ciência Cristã é responsabilidade tanto do praticista como do paciente. Tal como o praticista nunca tenta controlar o paciente, quer pela força de vontade quer mental ou verbalmente, de igual modo o paciente, compreendendo-o, não procura obter nem animar qualquer controle pessoal. Como o papel do praticista é espiritual e metafísico, não dá conselhos humanos nem expressa opiniões pessoais acerca daquilo que o paciente deve ou não deve fazer; o paciente, por sua vez, não espera receber tal tipo de conselho nem se apóia no praticista para tomar suas decisões humanas. O praticista confia em que a Mente divina guia o paciente; o paciente volta-se para essa mesma Mente em busca de orientação.
Tal padrão ético eleva tanto o praticista como o paciente. Protege a prática da cura pela Ciência Cristã contra as muitas facetas do sentido pessoal — vontade mortal, opiniões, emoções, dominação, preconceitos, etc. A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: “As armas da intolerância, da ignorância e da inveja tombam ante um coração sincero. Adulterar a Ciência Cristã é torná-la inoperante. ... Nem a desonestidade nem a ignorância jamais fundaram, nem podem derrubar, um sistema científico de ética.” Ibid., p. 464.
Em razão de sua própria natureza, a Ciência Cristã precisa incluir “um sistema científico de ética”. Esta Ciência provém do Princípio divino perfeito que é a Verdade e o Amor imutáveis e o expressa. A Ciência Cristã elucida esse Princípio na prática mental científica.
[Primeiro de dois editoriais sobre ética. O segundo, que contrasta a Ciência Cristã com a terapêutica de orientação médica, será publicado no número de agosto do Arauto.]
