Por que é que imediata e instintivamente compreendemos que não pode haver prática anti-ética da Ciência Cristã? Não será porque a prática desta Ciência é a prática da lei invariável de Deus, e essa lei não permite desvio algum da regra do Princípio, a Verdade e o Amor? Mary Baker Eddy, quem descobriu e fundou a Ciência do Cristo, certa vez respondeu à pergunta: “Como define a Ciência Cristã?” da seguinte maneira: “Como sendo a lei de Deus, a lei do bem, que interpreta e demonstra o Princípio divino e a regra da harmonia universal.” Rudimentos da Ciência Divina, p. 1. A prática dessa lei é uma prática sanadora e é uma prática ética.
Na imutabilidade da lei de Deus reside a nossa certeza de que ela está sempre disponível e é sempre completamente aplicável às necessidades humanas. Mas a imutabilidade dessa lei é uma espada de dois gumes. Está invariavelmente disponível, mas, à maneira de Deus. Não podemos alterar a lei divina para que se ajuste aos nossos propósitos pessoais. Devemos aceitá-la tal como é, conforme Deus a estabeleceu em Sua infinita sabedoria. De todo o coração devemos pôr-nos em conformidade com as suas exigências, se quisermos estar na linha de sua ação e de suas bênçãos. Não podemos intencional ou ignorantemente transgredir a lei de Deus e esperar ao mesmo tempo nos beneficiarmos de sua ação auto-executora.
A lei humana é eficaz somente quando executada. A lei de Deus, entretanto, é auto-executora. Não depende de ninguém para tornar-se efetiva; ela é lei sempre atuante, em todo lugar. A obediência a essa lei, a honesta conformação de nossos pensamentos e ações a sua direção, abre-nos e prepara-nos o coração para receber suas bênçãos infinitas. A desobediência a ela cerra o nosso pensamento aos seus benefícios, e assim os perdemos. Desse modo, a lei de Deus invariavelmente põe em execução a si mesma.
O mesmo se dá com a Verdade. Como a Verdade é Deus, um afastamento da veracidade, por mais inofensivo e corriqueiro que possa parecer, é, não obstante, um afastamento de Deus e uma privação, na mesma medida, do poder divino que está sempre em ação para abençoar.
Aqueles que estão se interessando pela Ciência Cristã e estão procurando aplicar a lei divina a eles mesmos ou a outros, logo descobrem que são abençoados por essa lei na medida em que mantêm seu pensamento e sua conduta em concordância com ela. Se não lhe forem completamente obedientes, seus problemas não serão resolvidos completamente. É a Sua vontade que é feita, não a nossa, e precisamos nos colocar em harmonia com ela. Uma conduta moral e ética é a evidência visível de que estamos pensando e raciocinando em concordância com a lei de Deus.
Alguém que está envolvido com práticas imorais descobre que sua capacidade de invocar o poder da lei de Deus fica proporcionalmente enfraquecida, porque o afastar-se de sua linha de atuação separa-o do fruto dessa atuação. A imoralidade é a negação da inerente validade do Amor, do Princípio e da Verdade, e nos separa do fruto que eles dão conforme sua espécie. Ética e moralidade parecem ser meros arranjos humanos, mas a questão é muito mais profunda. A lei divina não pode ser praticada com êxito na cura pela Ciência Cristã, sem uma completa conformidade aos mais altos padrões de ética e moralidade.
A ética da prática da Ciência Cristã não é um mero código humano de conduta. É o resultado de aplicar-se a lei divina à conduta humana, e desde esse ponto de vista pode ser entendida como sendo um código de requisitos espiritualmente fundamentados.
Uma pesquisa nos escritos da Sra. Eddy, particularmente no Manual de A Igreja Mãe, para encontrar as regras de conduta que ela estabeleceu para os membros de sua Igreja, dentro da prática da Ciência Cristã, é extremamente proveitosa. O § 22 do artigo 8° do Manual inclui a exigência: “Os membros desta Igreja deverão manter em sagrado sigilo todas as comunicações de caráter particular que lhes fizerem seus pacientes; também todas as informações que venham a obter em razão das relações entre o praticista e o paciente.” Não seria tal sigilo uma conseqüência inevitável da conformidade ao Princípio? O praticista que ama divinamente, não viola esse sigilo, nem mesmo divulga o nome de um paciente, direta ou indiretamente, como que para impressionar alguém ou pará atrair outros pacientes, ou por qualquer outro motivo. O praticista tem consciência da invariabilidade da lei de Deus e de sua promulgação no Manual da Igreja, e percebe sua preeminência acima dos conceitos humanos de bem ou de mal.
O praticista que é impelido pela lei divina do amor, está, por certo, completamente disposto a reduzir seus honorários em casos especiais, conforme exige o § 22 do artigo 8°. E está igualmente disposto a obedecer à exigência divinamente inspirada da Sra. Eddy, exposta em The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany: “Os praticistas da Ciência Cristã devem estipular seus honorários por tratamento, em par de igualdade com os honorários de médicos bem conceituados em suas respectivas localidades.” Miscellany, p. 237. E, conforme a Sra. Eddy instrui alhures, deve ganhar conscienciosamente os seus honorários. Ver Rud. 14:6–9. O paciente, por outro lado, obediente ao requisito divino do Manual de que “a gratidão e o amor devem reinar em todo coração cada dia e todos os anos” Manual, § 2° do art. 17. tem prazer em retribuir de acordo com esse padrão. Como diz a Bíblia: “Digno é o trabalhador do seu salário.” Lucas 10:7.
A regra áurea do Amor impede logicamente um praticista de tentar monopolizar o trabalho de cura em sua localidade. Ver Manual, § 30 do art. 8°. O amor pelo praticista novo ou por qualquer outro praticista não é menor do que o amor por seus próprios pacientes. Esse amor está em conformidade com a lei do Amor divino, o qual, sendo imutável, é necessariamente universal e inclui tudo.
Esse amor é expresso também na atenção constante para ajudar o paciente a ver como fazer seu próprio trabalho. Longe de qualquer tentativa de agarrar-se a um paciente, o objetivo primordial do praticista é o de animar o paciente a compreender que essa ajuda vem diretamente de Deus, sem qualquer intermediário pessoal. Carinhosamente, anima o paciente a voltar-se para as Escrituras e os escritos da Sra. Eddy, e a compreender melhor como ir diretamente a Deus para obter auxílio.
A Sra. Eddy não tentou codificar a ética da Ciência Cristã em uma só série de normas de conduta para os praticistas da Ciência Cristã. A lei de Deus é imutável, mas a experiência humana varia grandemente. O Manual de A Igreja Mãe, que a Sra. Eddy preparou para o governo de sua Igreja e de seus membros, bem como os seus outros escritos, estão repletos de exemplos da aplicação e ação da lei divina do amor. A conduta ética, tanto do praticista como do paciente, demonstra a compreensão deles acerca da lei divina e a medida de sua boa vontade em se conformar com essas exigências.
Nossa disposição de deixar que se faça a vontade do Pai, em detrimento de fazerem-se os nossos desejos pessoais, mede nosso preparo para a verdadeira, duradoura e infinita alegria que nos advém quando vivemos o Amor divino.
