“Tivemos sorte em conseguir aquela casa!” “Por puro acaso, encontrei-a.” “Foi um acidente!” Muitas pessoas não se consideram supersticiosas, no entanto, quem dentre nós não fez comentários como esses? E quem nunca se sentiu atraído por supostas oportunidades de ganhar na sorte? Bilhetes de loteria, bingo, concursos na TV, interesse ávido na astrologia e cartomancia são todos exemplos óbvios de uma tendência a confiar no acaso para conseguir felicidade e suprimento.
E que variedade de crenças supersticiosas há: desde números de sorte, datas e cores até pé de coelho, trevo de quatro folhas e ossinho da sorte! Tudo isso indica que muitas pessoas se crêem sujeitas à influência de dois poderes: um bom, outro mau. A Ciência Cristã refuta esse ponto de vista e revela que o bem é o único poder.
“A superstição e a compreensão nunca se podem combinar” Ciência e Saúde, p. 288., escreve a Sra. Eddy em Ciência e Saúde. O que é que precisamos compreender a fim de ver e provar que o acaso não é poder? A verdade que Cristo Jesus declarou quando interrogado pelos escribas. O Mestre repetiu: “O Senhor nosso Deus é o único Senhor!” E continuou: “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força.” Marcos 12:29, 30. Foram essas as palavras que Moisés havia dito aos israelitas logo após ter-lhes dado os Dez Mandamentos. Ver Deuter. 6:4, 5. Nosso objetivo, então, é aprender a unicidade e totalidade de Deus, é perceber Sua bondade infinita.
Tão insistentes são os falsos argumentos que sustentam a crença num poder separado de Deus, o bem, que mesmo muitas pessoas que se consideram cristãos ativos, parecem deixar-se enganar. Porém, ao reiterar a lei mosaica, Jesus deixou claro que a unicidade de Deus é a verdade básica do cristianismo. O Apóstolo Paulo também o percebeu, pois ensinou às pessoas que precisam abandonar seus ídolos materiais a fim de poderem ser verdadeiras adoradoras do único Pai.
A crença em sorte ou acaso — seja para o bem ou para o mal — nega o fato de que há um único e bom Deus, uma Mente única e toda poderosa, que constitui e governa a tudo. E, se aceita, aquela crença nos roubaria da habilidade de nos governarmos pela obediência à lei de Deus.
É claro que os termos “sorte”, “acaso” e “acidente” não possuem, por si mesmos, nenhum poder. É a crença da pessoa neles o que produz uma ilusão de poder que, então, parece agir em sua vida diária. A única maneira de desfazer-se dessa ilusão está em substituir a crença de que o homem seja uma criatura material sujeita ao acaso, pela verdade de que o homem é o reflexo espiritual e imutável da única Vida, Deus, e de que reflete a bondade infinita, o bem-estar e o domínio de Deus.
Orar dessa maneira parecerá difícil apenas porque o conceito mortal das coisas insiste em que toda a realidade é material e mortal. Mas não é assim! Desde a antigüidade, as pessoas têm reconhecido e provado a presença e o provado a presença e o poder do Espírito, o único Deus.
Veja-se o caso do profeta Moisés, que ouviu e obedeceu uma voz cuja fonte divina não era perceptível aos sentidos. Explicando o que Moisés deveria fazer para libertar os filhos de Israel da escravidão, a voz parecia emanar de um arbusto que, como a Bíblia nos conta, queimava mas “não se consumia”. Deus assegurou a Moisés: “Eu serei contigo” Êxodo 3:2, 12. e lhe deu instruções específicas para o trabalho à sua frente.
Elias, em face de circunstâncias incrivelmente adversas, provou, ante os quatrocentos e cinqüenta profetas de Baal, que o Deus invisível de Israel é supremo em Seu poder — é, de fato, o único poder. Ver 1 Reis 18.
Cristo Jesus, em sua incomparável carreira de cura, não apenas desprezava o testemunho dos cinco sentidos físicos, mas consecutivamente provou que não mereciam confiança.
Não usou, cada um deles, seu sentido espiritual inato para guiá-lo além do sentido material e suas crenças supersticiosas em espíritos, em corporalidades? Não provou, cada um, a realidade e a estabilidade do Espírito único?
Também nós podemos provar a totalidade do bem, ao atermo-nos de bom grado à convicção de que há um só Deus, um só poder. Podemos recusar-nos a aceitar a superstição quando, literalmente, recusamo-nos a fazer seu jogo. Podemos dizer “não” ao jogo, mesmo o aparentemente mais inocente, às loterias, às rifas “para uma boa causa”. Não estão todos dizendo: “Tente a sorte”?
Podemos recusar-nos a ser hipnoticamente levados a hábitos desleixados de pensamento e oração, que pretenderiam impedir-nos de examinar nossos pensamentos de forma metódica e científica. Podemos recusar-nos a apoiar a crença geral em acidentes e riscos ao declararmos, com firmeza, a verdade absoluta do ser — Deus e homem indestrutíveis e perfeitos — sempre que com tais mentiras nos defrontemos.
Podemos dizer “não” a toda falsa lei que pretenda fazer-nos crer que planetas, estrelas ou signos tenham poder para controlar o homem, e substituir essas noções pela verdade da origem e governo espirituais do homem. Podemos recusar-nos a entreter teorias sobre predestinação, destino e hereditariedade e manter uma estabilidade que nenhuma superstição pode abalar.
O homem à semelhança divina é criado, governado e preservado exclusivamente pela lei divina do bem. Ao reivindicarmos nossa herança como filhos de Deus, podemos demonstrar esse fato, libertando-nos da carência, do medo e de acontecimentos ditados pelo acaso.
Supersticioso? Eu não!
