Nos últimos dias de suas férias de verão, Pedrinho estava visitando os avós que moram no campo. A casa deles era um pequeno chalé vermelho, cercado de muitas árvores grandes, nas quais era gostoso subir. Pedrinho gostava de ir lá e brincar com Robby, um lindo papagaio verde e azul que morava com vovó e vovô. Robby ficava solto pela casa e só ia para a gaiola comer e dormir.
O papagaio corria atrás de qualquer coisa que se mexesse, especialmente do aspirador de pó. Gostava de ficar em cima dele enquanto a vovó passava o aspirador pelo tapete. Matraquear continuamente era outra de suas façanhas. A expressão que mais usava e que mais alto gritava, era: “Vamos, Robby, vamos!”
Numa noite de calor, Pedrinho pediu à vovó para jantarem no quintal. Bem, o lugar favorito de Robby para empoleirar-se era a parte de trás do colarinho do vovô. Mas, dessa vez, escolheu o colarinho de Pedrinho. Pedrinho não sabia que Robby estava lá; era tão leve, e Pedrinho estava ocupado preparando a mesa e conversando. Ninguém reparou quando Robby voou para uma das árvores próximas.
Depois do jantar, o vovô, a vovó e Pedrinho resolveram ir à praia nadar um pouco. Trancaram cuidadosamente todas as portas da casa e saíram de carro. Não sabiam que o pequeno Robby havia ficado do lado de fora da casa.
Ao voltarem, a vovó foi cobrir a gaiola e achou-a vazia. Numa rápida busca, constatou-se que o papagaio não estava em casa. Todos entenderam o que havia acontecido. Correndo para fora, chamaram e chamaram por Robby, mas não houve resposta. Tristes, fecharam a casa para aquela noite, deixando a luz do quintal acesa e a gaiola do lado de fora.
Naqueles momentos, Pedrinho sentiu-se culpado. Devia ter prestado mais atenção. Depois de tantas horas, o pequeno pássaro provavelmente havia ido embora para sempre. Levantara-se forte ventania, e Robby estava acostumado com uma casa quente e acolhedora. Outros pássaros ou animais poderiam atacá-lo!
Pedrinho não ficou triste por muito tempo. Foi para o seu quarto, orar. Lembrou-se de que, apenas duas semanas antes, sua classe na Escola Dominical da Ciência Cristã tinha debatido isto: como e onde os animais se encaixam na vasta criação de Deus. Durante o debate, o professor pedira a Pedrinho que lesse as palavras da Sra. Eddy: “Deus é a Vida, ou inteligência, que forma e preserva a individualidade e a identidade tanto dos animais como dos homens.” Ciência e Saúde, p. 550.
Ocorreu a Pedrinho que, se Deus, o bem, é a Vida de cada ser vivente, nada de mal poderia suceder ao pequeno pássaro. Como poderia? Satisfeito com saber que seu amiguinho extraviado estava sendo dirigido pela inteligência divina, Pedrinho não teve mais medo. Deixou tudo entregue ao cuidado bondoso de Deus e enfiou-se na cama. Dormiu profundamente.
No dia seguinte, Pedrinho despertou com o gorjeio feliz dos muitos e diferentes pássaros que viviam no arvoredo em volta do chalé. Pulou da cama e correu para ver se Robby tinha voltado. Não, não tinha. A gaiola ainda estava vazia. Mas isso não conseguiu abalar a confiança de Pedrinho no poder do bem. Continuou a orar.
A vovó saiu para o quintal. “Pedrinho,” pediu ela, “vamos dizer o Salmo noventa e um.” O que Pedrinho gostava mais era desta parte: “Cobrir-te-á com as suas penas, sob suas asas estarás seguro.... Não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia.” Salmos 91:4, 5. Era isso exatamente o que Pedrinho precisava — ouvir que, onde quer que Robby estivesse, as asas do Amor divino estavam sobre ele.
Então Pedrinho ouviu, no meio do coro matinal dos pássaros, uma voz mais alta e mais persistente do que as outras, o que o fez chamar: “Robby, Robby.” E de volta veio a resposta: “Vamos, Robby, vamos!” O destemido papagaio continuou a responder cada vez que Pedrinho chamava seu nome, até que o menino pôde localizá-lo, em cima de uma grande árvore, no outro lado da rua.
Por duas vezes (como que para mostrar a alegria de ter sido encontrado), Robby voou para o telhado da casa e de volta para a árvore em que estivera abrigado durante a noite. Finalmente desceu e pousou gentilmente na mão estendida de Pedrinho.
Impossível encontrar-se família mais agradecida do que aquela. O terno cuidado de Deus por toda a Sua criação capacitara o pequenino animal de estimação para retornar a salvo de sua viagem inesperada.
    