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Um caso de identidade trocada

Da edição de janeiro de 1983 dO Arauto da Ciência Cristã


Quando conhecidos e colegas de trabalho perguntavam agradavelmente surpresos: “O que aconteceu com você? Parece outra pessoa!” a jovem vacilava. Suas respostas vagas nunca mencionavam o poder de Deus ou as bênçãos da Ciência do Cristo.

Com o estudo da Ciência Cristã, tinha ela rapidamente vencido uma timidez e um constrangimento agudos, que impediam o progresso em todos os aspectos de sua vida. A cura fora tão notável que muitos lhe perguntavam qual a causa dessa transformação. Entretanto, ao ver-se no limiar de um novo mundo de aprovação social, a jovem temia ser rotulada de “diferente”, e por isso permitia que o medo lhe silenciasse a gratidão.

Durante os vários anos de sociabilidade fácil e de autoconfiança nos contatos profissionais que se seguiram à cura, a moça foi gradualmente abandonando as verdades espirituais radicais que havia vislumbrado na Ciência Cristã. Ficou novamente absorvida na personalidade material. Já não estava preocupada com a figura tímida e pálida como as flores da parede, figura com que se comparara antigamente. Entretanto, sua nova personalidade — a mulher profissional, sofisticada, fascinante, requisitada — prendeu-lhe completamente a atenção e o interesse. Sua “sociabilidade” incluía mexericos maldosos, fumo, bebida e relacionamentos irrefletidos.

Nunca gozara de tanta popularidade e ... nunca se sentira tão infeliz. Lutando sob o peso de um profundo vazio, voltou-se para a Bíblia e leu a pergunta que Cristo Jesus dirige a seus seguidores de todas as épocas e de todas as sociedades: “Que aproveita ao homem, ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” Marcos 8:36.

Que aproveita ao homem? Dinheiro, popularidade, aprovação dos homens, gratificação dos sentidos? Ainda que tenazmente ganhasse todos esses prêmios do mundo material, a moça havia perdido sua “alma” — seu verdadeiro sentido de si mesma como filha amada de Deus, eternamente valorizada como a perfeita expressão espiritual de Deus. Voltando-se para seu Pai-Mãe em oração, sabia que Deus, a Alma, lhe restauraria o sentido espiritual e mostrar-lhe-ia que nunca pudera, em realidade, perder sua identidade espiritual.

A Bíblia e o livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de autoria da Sra. Eddy, revelam que a procura de popularidade e aprovação humana não são atividades inócuas, como a princípio parecem ser. Essa procura envolve a preocupação com o ego e a personalidade materiais; impede-nos de reconhecer, e de demonstrar diariamente, a verdadeira identidade do homem como idéia espiritual de Deus. A Sra. Eddy escreve: “Na atualidade, os mortais progridem lentamente, pelo receio de serem julgados ridículos. São escravos da moda, do orgulho e dos sentidos. Algum dia compreenderemos como o Espírito, o grande arquiteto, criou homens e mulheres na Ciência. Devemos enfadar-nos do fugidio e do falso, e não acalentar nada que cause empecilho à nossa mais elevada noção do eu.” Ciência e Saúde, p. 68.

Em que consiste a nossa mais elevada noção do eu? No ego que ora esmola o reconhecimento do mundo, ora apregoa sua auto-suficiência e superioridade? Descobrimos logo que esse assim chamado “eu” nunca pode ser apaziguado ou satisfeito, porque é ilegítimo: é uma identidade trocada. Não importa o quanto tentemos ajustar, dobrar ou alterar a personalidade material, ela nunca nos será confortável; nunca expressará quem realmente somos. Devemos largar o sentido limitado, errôneo, de identidade na matéria — o de sermos mortais que devem competir com outros mortais por uma exígua participação na felicidade, na segurança ou na estima — e revestir-nos de uma nova auto-imagem. A imagem que temos de nós mesmos deveria corresponder à imagem de Deus, a Mente, na qual somos individualmente formados da própria substância do Espírito, para refletir Sua perfeita semelhança.

Você se sente relutante em livrar-se do impostor? Não se sinta assim. Ao descrever o quanto é vasta e livre a verdadeira identidade, a Sra. Eddy escreve: “Essa noção científica do ser, que abandona a matéria pelo Espírito, não sugere de modo algum a absorção do homem na Divindade nem a perda de sua identidade, mas confere ao homem uma individualidade mais desenvolvida, uma esfera mais ampla de pensamento e de ação, um amor mais expansivo, uma paz mais elevada e mais permanente.” Ibid., p. 265.

O homem feito à imagem de Deus é intrinsecamente valioso. Tem valor inestimável para a Mente que o gerou. A Bíblia conta que, quando Cristo Jesus saiu das águas batismais do Jordão, uma bênção divina se fez ouvir: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” Mateus 3:17. Cada um de nós, na medida em que purifica seu pensamento e demonstra o Cristo, a semelhança divina, pode experimentar o calor e a satisfação de ouvir a aprovação do Pai-Mãe. Expressando a verdadeira filiação, cada um de nós é prezado pelo Amor divino como sua expressão completa e imaculada. Não precisamos de nenhuma outra prova de nosso valor ...

Ou do valor de outros. Poderíamos verdadeiramente provar que a identidade espiritual é a única identidade do homem se, silenciosa ou audivelmente, negássemos a filiação de outrem? Quando tentados a sentir repulsa, ou atração, frente a características de personalidade, ou tentados a atribuir a outrem uma “natureza” humana limitada, qual seria a resposta sanadora? Deus requer de nós que olhemos além da identidade errônea, para o homem crístico, o Filho amado, e para tanto nos capacita. A exigência divina é a de que acalentemos a mais elevada noção a respeito de outros, e que a sustentemos — que mentalmente afastemos o impostor mortal e reconheçamos somente o homem feito à imagem de Deus. Do ponto de vista cientificamente cristão, os indivíduos com quem entramos em contato diariamente nunca podem ser menos do que filhos de Deus.

Se a pressão das amizades ou a ânsia de aprovação social parecem nos dominar ou nos intimidar, Deus, a Verdade, nos dá a capacidade de derrotá-las com a oração. Podemos silenciar o clamor “da moda, do orgulho e dos sentidos”. Na oração, o Princípio divino de toda existência revela-nos seu governo onipotente de todo relacionamento. Na realidade, não há muitas mentes, muitas vontades ou personalidades, com potencial para comparações ou conflitos. Há uma Mente só, infinita, englobando em si mesma todas as idéias, todas as identidades, em harmonia. Na medida em que humildemente reconhecemos depender por inteiro da Mente, Deus, para todo pensamento, objetivo, motivo e ação podemos demonstrar ativamente o autocontrole divino que não conhece nenhuma influência material.

Através de muito estudo feito alegremente, e de descoberta pela oração, a jovem mulher que se condoía pela aparente perda da “alma”, pôde experimentar seu renascimento — a substituição de um conceito de identidade pecadora e material, por um sentido justo do eu eterno, imutável e espiritual do homem. Em conseqüência, reforma vigorosa seguiu seu arrependimento. Em um mês os hábitos de fumar e beber foram curados sem qualquer dificuldade. Com a ajuda de uma praticista da Ciência Cristã, os relacionamentos levianos foram interrompidos, e a estudante filiou-se com entusiasmo a A Igreja Mãe e a uma filial da Igreja de Cristo, Cientista. O medo de perder a aprovação humana desvaneceu-se.

Depois disso, quando amigos e conhecidos perguntavam: “O que aconteceu com você, que está tão diferente?” achava natural expressar a si mesma, expressar a sua mais elevada noção do eu. Com gratidão, abertamente, reconhecia o poder transformador do Cristo, a Verdade. Logo a seguir, percebeu que as pessoas já não a procuravam para fazer mexericos ou para conversa fiada. Em vez disso, muitos estavam ansiosos para falar em Deus.

Motivos egoístas não podem induzir a uma reforma duradoura, mas o desejo sincero de servir a Deus pode. Quando nos esforçamos para demonstrar em nossa vida a beleza e a bondade de Sua criação, deitamos fora progressivamente as crenças egocêntricas de uma identidade errônea. Permanecendo firmes no conhecimento de que nossa identidade real é estabelecida e constituída por Deus, o Espírito infinito, regozijamo-nos com o Salmista: “Na justiça contemplarei a tua face; quando acordar eu me satisfarei com a tua semelhança.” Salmos 17:15. Nada pode obscurecer, escravizar, ou destruir tal semelhança, pois pertence a Deus.

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