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Graça: o “dom de Deus”

Da edição de maio de 1983 dO Arauto da Ciência Cristã


Dá-se muita ênfase, em discussões religiosas correntes, a uma fase específica da teologia de S. Paulo contida na sua declaração: “Pela graça sois salvos, mediante a fé: e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” Efésios 2:8, 9. A palavra “dom”, nesse contexto, está sujeita a várias interpretações. Algumas pessoas consideram-na como pura dádiva incondicional, enquanto outras talvez estejam cientes de que um dom exige de alguém alguma coisa.

Por exemplo, pode-se considerar um músico possuidor de um “dom” ou talento. E, no entanto, qualquer pessoa com conhecimento de arte sabe que treinamento intensivo e disciplina são necessários para trazer tal dom à experiência prática. Não há lugar para complacência, preguiça ou irresponsabilidade. O dom não existe sem obrigações.

A declaração de Paulo é, muitas vezes, interpretada como se não tivéssemos de fazer nada para merecer o dom ou a graça. Uma definição popular de graça é a de esta ser um favor de Deus que não merecemos; e isso é como bálsamo de cura para aqueles que sentem não merecer a graça de Deus. A experiência, no entanto, mostra que não herdamos ou refletimos essa graça se não estamos preparados, em certo grau, para recebê-la. É pela espiritualização de nosso pensamento e de nossa vida que entramos na graça de Deus. A Sra. Eddy diz: “Deus somente espera pelo mérito do homem para intensificar os meios e as medidas de Sua graça.” Miscellaneous Writings, p. 154.

O conceito de “dom” pode estar relacionado com o fato de que todo o poder provém de Deus. A graça emana da fonte divina tão naturalmente como a luz provém do sol. O poder de curar procede de Deus. Deus é o único poder criador, a causa de tudo o que é real. Quando compreendemos que há uma Mente única e que esta é a Mente do homem, sabemos que não temos de agir por nós mesmos: agir é dom de Deus. É poder refletido. É a graça de Deus manifestada no homem como imagem e reflexo de Deus. Esse fato espiritual não libera ninguém de responsabilidades; requer que demonstremos ser o homem a expressão de Deus e estar o homem em união com sua fonte divina.

Ao falar sobre o poder da Ciência Cristã, manifestado na cura da doença e na do pecado, a Sra. Eddy afirma: “Tudo isso se consegue pela graça de Deus — o efeito de Deus compreendido.” Christian Science versus Pantheism, p. 10. Quando Paulo disse: “Pela graça sois salvos, mediante a fé”, certamente não estava se referindo à fé cega. A fé assenta na compreensão. Temos fé nas tabuadas da matemática porque as compreendemos e nossa fé tem uma base segura. Assim também nossa fé na bondade e na presença de Deus baseia-se numa compreensão de Deus e não em mera crença. Temos de ir além de todo sentido etéreo de graça e fé indefinidas. A cura apóia-se numa compreensão prática da natureza de Deus e da relação do homem para com Deus como Sua expressão.

Um rapaz interrogou-me: “O senhor acha que a salvação se dá pela fé? É o que a Bíblia diz.” Respondi que é necessário mais do que fé cega porque a Bíblia também diz: “A fé sem obras é morta.” Tiago 2:26. Então ele me perguntou: “Como se explica a afirmação de Paulo: ’Não de obras, para que ninguém se glorie’?” Pareceu-me bastante evidente que Paulo se referia a esforços humanos autodirigidos. Não era uma negação das obras provadas pela graça de Deus refletida no homem. Era uma afirmação do fato de que o homem não tem poder próprio, nenhuma base para jactância egotística. As obras essenciais de cura provêm do poder refletido. Isso era evidente na própria experiência de Paulo — em suas obras de cura. E Cristo Jesus disse: “Eu nada posso fazer de mim mesmo.” João 5:30. A vida do Mestre estava repleta de boas obras. Ele é nosso Guia, nosso exemplo.

É a graça de Deus, agindo por meio da compreensão espiritual, e nosso reflexo diário da natureza divina, o que traz a prova desse poder divino à nossa experiência. Desenvolvemos esse dom por meio da oração, por exercitarmos o sentido espiritual, por refletirmos o amor. Dessa maneira a divindade alcança a humanidade, e o amor de Deus evidencia-se de forma prática na cura.

A vida da Sra. Eddy mostra que ela foi, desde cedo, divinamente preparada para receber a revelação da Ciência Cristã. Por meio de muitas provações e desapontamentos, ela foi, de forma persistente, levada a volver-se da matéria para o Espírito, do humano para o divino, como o remédio para todas as suas dificuldades. Isso continuou até que toda dependência material comprovou-se fútil e a fé na matéria foi vencida. Então, a luz mais plena da compreensão espiritual, “a graça de Deus”, raiou em seu pensamento e a descoberta, de fato, da Ciência Cristã teve lugar. A natureza prática da graça de Deus foi demonstrada em cura.

A Sra. Eddy considerou a Ciência Cristã como o dom de Deus. Ao contar como descobriu a Ciência do Cristo, ela se refere às palavras de S. Paulo: “o dom da graça de Deus, a mim concedida, segunda a força operante do seu poder.” Efésios 3:7; ver Ciência e Saúde, pp. 107–108. E, no entanto, ela trabalhou muito para o estabelecimento desta Ciência. Disciplina e oração ilimitadas foram aplicadas ao desenvolvimento desse dom. Ela escreve: “A descoberta e a fundação da Ciência Cristã custaram mais de trinta anos de labuta e inquietação incessantes; porém, comparando-as com a alegria de saber que o pecador e o doente são por ela ajudados, que o tempo e a eternidade dão testemunho desse dom de Deus à raça humana, sou eu a devedora.” Mis., p. 382.

A beneficência divina tem suas exigências. Ainda que seja dada gratuitamente como a luz do sol, temos de estar preparados para recebê-la, dignos de ser dotados por ela e diligentes em concretizar o imenso potencial envolvido nesse dom. É um presente caro, em termos do que temos de sacrificar da materialidade. Quando, porém, nos apartamos dos pontos de vista mundanos, há pura alegria nesse reflexo. Então podemos apreciar completamente esse dom, ver que não fazemos nada de nós mesmos, mas que todo o bem é realizado pelo reflexo do poder divino.

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