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O lugar da expectativa no tratamento pela Ciência Cristã

Da edição de setembro de 1983 dO Arauto da Ciência Cristã


O tratamento pela Ciência Cristã, para ser eficaz, deve destruir o erro. Para consegui-lo, deve basear-se na compreensão da natureza absoluta de Deus. Ser absoluto é ser perfeito, puro e completo. É também ser infinito e eterno: é não proporcionar lugar nem tempo para que exista algo que torne Deus, o Espírito, e Sua expressão completa — o homem — imperfeito, impuro ou material. Se considerássemos ser Deus menos do que absoluto, este juizo reduziria (em nossa crença) Sua onipotência, onipresença e onisciência. Deus não seria Tudo; e, sem ter-se compreensão adequada de Sua totalidade, o tratamento pela Ciência Cristã dado a um erro aparente, se reduziria a uma argumentação desprovida de fundamento racional. Ou seja, não poderíamos esperar destruir com a Verdade um estado material errôneo se acreditássemos que, ocasionalmente, a Verdade não fosse verdadeira, e que o erro ocasionalmente o fosse. A cura, ou a destruição do mal aparente, é a demonstração científica de que Deus é absolutamente Tudo e de que tudo quanto afirme ser contrário a Deus é irreal.

Além de ter essa compreensão da natureza absoluta de Deus e do homem, no entanto, todo aquele que deseja dar tratamento eficaz pela Ciência Cristã deve levar em consideração suas expectativas. Apesar de ser capaz de captar gloriosos vislumbres da totalidade de Deus, o sanador defronta-se diariamente com conceitos humanos que virtualmente negam a absoluta totalidade de Deus. Como Paulo, poderá estar deixando de fazer o bem que desejaria e sentindo-se incapaz de pôr um freio às coisas materiais que não desejaria fazer! Ver Romanos 7:19. Frente a essa perspectiva humana dualística, o que pode um sanador da Ciência Cristã esperar que aconteça quando afirma a totalidade absoluta de Deus? Quanto da materialidade de cuja falsidade está ciente, mas que ainda não superou, pode ele esperar ser destruído pelo Cristo, a Verdadeira idéia de Deus?

Essa pergunta já foi, em substância, levantada anteriormente. Num exemplar do início do século do Christian Science Sentinel está a pergunta: “ ‘Se toda matéria é irreal, por que negamos a existência da moléstia no corpo material e não o próprio corpo?’ ” Em resposta, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy, escreve: “Negamos em primeiro lugar a existência da moléstia, porque podemos vencer essa negação mais rapidamente do que podemos negar tudo o que os sentidos materiais afirmam. Está escrito em ‘Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras’: ‘Uma crença melhorada é apenas um passo para fora do erro, mas ajuda a dar o passo seguinte e a compreender a situação na Ciência Cristã’ (p. 296).

“É desse modo que o nosso grande Modelo, Jesus de Nazaré, primeiro aborda o assunto. Não exige que o último passo seja dado em primeiro lugar. ... Restaurou o corpo doente às suas atividades, funções e organização normais e, explicando seus atos, disse: ‘Deixa por enquanto, porque assim nos convém cumprir toda a justiça’.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, pp. 217–218.

Aquele, então, que dá tratamento pela Ciência Cristã equilibra as suas expectativas com o ‘deixa por enquanto’. Mas, assim procedendo, deve tornar-se-lhe bem claro o que é que está ocorrendo quando, por meio do tratamento pela Ciência Cristã, um corpo ainda suscetível ao “deixa por enquanto” fica restaurado. Ao considerar o corpo antes e depois da cura pela Ciência Cristã, muitas pessoas dirão que a matéria melhorou. O que ocorreu realmente, no entanto, foi que as crenças materiais perderam parte de sua aparente realidade. Tanto a matéria como as doenças que parecem apegar-se a ela são produtos mentais daquilo que é uma descrença na totalidade de Deus. Na Ciência Cristã, vê-se o corpo físico como temporário, e não como a substância sempre presente e ilimitada do homem real, o qual existe eternamente como idéia espiritual e incorpórea de Deus.

O progresso a partir da doença rumo à saúde, em razão do tratamento pela Ciência Cristã, dá-se, assim, porque foi afrouxado o mesmérico domínio da mente mortal sobre o paciente. Este sente-se mais livre, mais saudável e mais seguro moralmente porque encontra-se agora um pouco menos cego à liberdade, à saude e à pureza que sempre pertenceram ao Espírito e ao homem espiritual. Quando o ser humano se esforça para alinhar-se com a lei do Espírito (a Ciência Cristã), seu corpo torna-se mais sadio porque sua consciência torna-se progressivamente menos material — menos limitada. Com cada cura, com cada falsa lei da mente mortal que é cancelada, o “deixa por enquanto” a que a humanidade se submeteu diminuirá pouco a pouco. Chegará a ocasião em que a crença da mente mortal na matéria já não poderá cegar, em qualquer grau, o ser humano ou a humanidade à absoluta totalidade do bem — Deus.

Quando virá o tempo em que podemos esperar ver e sentir esse estado absoluto de ser? “A respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe,” disse Cristo Jesus, “nem os anjos no céu, nem o Filho, senão somente o Pai. Estai de sobreaviso, vigiai [e orai]; porque não sabeis quando será o tempo.” E recomendou: “Para que, vindo ele inesperadamente, não vos ache dormindo.” Marcos 13:32, 33, 36.

Para estar em guarda contra a sonolência da mente mortal, a primeira obrigação de cada Cientista Cristão é a de vigiar e orar — defender diariamente a si mesmo e a humanidade da descrença da mente mortal na totalidade de Deus. Ver Manual de A Igreja Mãe, §§ 1°, 4° e 6° do art. 8°. Esta defesa é específica. Permitir-nos vagar em generalizações sonhadoras acerca da totalidade de Deus e deixar de diariamente focalizar — e destruir — os erros específicos de alguma crença, seria negar ao Cristo seu lugar no progresso humano e ignorar o exemplo de Cristo Jesus. Jesus andou sobre as águas e ele, a si mesmo, ressuscitou dos mortos, mostrando em que direção o caminho que ele trilhava leva a humanidade; deixou, no entanto, registro muito maior de curas, eliminando a doença e o pecado. Suas demonstrações inigualadas de domínio e suas palavras acima citadas revelam a natureza progressista do cristianismo e da Ciência Cristã e sobre elas profetizam.

Esperar que cada geração sucessiva de sanadores que curam pela Ciência Cristã continue a curar apenas o que seus predecessores curaram, ou esperar que os problemas de hoje se assemelhem bastante aos de ontem, é resistir inconscientemente (cegamente) ao progresso espiritual. Tal ponto de vista limitado sobre a Ciência Cristã é uma concessão, pela mente mortal induzida, que afirma haver na totalidade de Deus um lugar semipermanente para que o Espírito e a matéria coexistam. Presume que Deus não seja absoluto. A eficácia do tratamento deixará a desejar na proporção em que se permita existir essa estagnação da expectativa. E, permitir-lhe que continue estagnada, é ignorar as implicações mais amplas dos ensinamentos de Cristo Jesus e os da Sra. Eddy.

“Enquanto o erro não for de todo destruído, haverá interrupções na rotina geral e material”, escreve a Sra. Eddy em Ciência e Saúde. E mais adiante acrescenta: “Durante esse conflito final, mentes maldosas esforçar-se-ão para achar meios de causar mais males; mas os que discernem a Ciência Cristã, porão um freio ao crime. Ajudarão a expulsar o erro. Manterão a lei e a ordem, e aguardarão alegremente a certeza da perfeição final.” Ciência e Saúde, pp. 96–97.

Nessa altura do progresso humano, a mente mortal resiste arduamente a esse processo de rompimento. Tal resistência dá origem a um crescente tumulto de âmbito mundial que é a causa primordial de grande parte do pecado, da doença e do sofrimento verificados hoje em dia. Esse tumulto, que parece tão real, poderá levar-nos à seguinte pergunta: Como pode a mente mortal — uma aparente cegueira à única inteligência que existe — ser tão experta ao ponto de resistir à sua propria destruição? Bem, a verdade é que ela não tem inteligência. Até ser destruída, porém, a cegueira da mente mortal parece colocar limites à inteligência divina que sempre está fluindo ao homem. A esse sentido limitado, o que é mentira parece ser real: que a Vida eterna se modifique e termine em doença e morte; que a Mente infinita se torne limitada e dê lugar à imbecilidade e à insanidade; que o Amor sempre presente se omita e tenham lugar a fome, o ódio e o medo. Esse conceito limitado — a consciência humana mesmerizada — quando não é desafiado pela Ciência Cristã, aceita como realidade uma falsa limitação do bem e conseqüentemente a presença do mal. Essa consciência distorcida encara como sendo real um mundo em que se misturam características materiais e espirituais. Encara o homem como uma corporalidade dotada de personalidade material e vê em si mesma a prisioneira desse corpo, dessa personalidade. Assim sendo, qualquer ameaça à matéria faz-se ameaça a essa consciência material — faz-se ameaça pessoal.

Tal consciência, ainda não destruída pela compreensão espiritual da “situação na Ciência Cristã”, deseja fazer cessar esse processo de rompimento. Como compreendia melhor a limitação, deseja que as curas efetuadas por intermédio da Ciência Cristã façam as coisas voltar a ser o que eram anteriormente. Convencida, pela cegueira da mente mortal, de que o poder vivificante do Cristo é indesejável, essa consciência procurará matar o Cristo e “julgará com isso tributar culto a Deus” João 16:2.. Procura desviar o Cristo e a Igreja de Cristo, Cientista, de sua missão de despertar o mundo e de levá-lo para canais menos radicalmente espirituais e mais atraentes ao sentido humano de intelecto e de organização. Esse sentido material da existência procura um “status quo” — o direito de a mente mortal exigir interminavelmente o “deixa por enquanto”. E procura fazê-lo na consciência do próprio sanador.

Se o sanador Cientista Cristão não estiver antecipando tanto o rompimento das crenças materiais em geral como a reação da mente mortal a esse processo, não estará capacitado a interpretar corretamente o que acontece à sua volta. Ao invés de ajudar “a expulsar o erro” e aguardar jubilosamente pela “certeza da perfeição final”, poderá estar tentando curar “superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz” Jeremias 6:14..

Para destruir a tentativa que faz o erro de limitar e sufocar o bom trabalho do sanador Cientista Cristão, este deve conhecer seu inimigo: antever suas sugestões e saber como destruí-las. “O erro básico é a mente mortal” Ciência e Saúde, p. 405., afirma Ciência e Saúde. A mente mortal — cega — não pode ver o bem, Deus, e viver. Uma metáfora poderá auxiliar a ilustrar essa cegueira: Incapaz de compreender o bem, a mente mortal sente, ou “vê”, no desabrochar de uma rosa, somente um processo em que a substância se amplia, as membranas se dividem, em que há exalação de umidade e rompimento da casca. Vê apenas um botão que se abre e muda de forma. Não compreende que a realidade que não pode ver — e nunca verá — é a idéia espiritual encontrada na Mente. Dessa forma a mente mortal não está na expectativa de que apareça.

O universo de Deus — o céu — é a realidade preexistente. Hoje em dia, as falsas limitações da matéria estão se desmoronando de forma que este universo se possa revelar em sua grandiosidade inabalável. Coisas que, há apenas alguns anos, pareciam à consciência humana tão dignas de confiança: aposentadoria assegurada por programas governamentais ou poupanças seguras; saúde “garantida” por seguro médico; transporte, aquecimento e abrigo rapidamente disponíveis por meio de suprimento adequado de combustível e custos financeiros bem administrados, e assim por diante, estremecem, tornam-se distorcidas e estão desmoronando. Talvez fiquemos tentados a crer que é a realidade — e não a cegueira da mente mortal a ela — que está em ruína, ruína, ruína; e que o que está por vir não é o Cristo, mas o vácuo: a perda de identidade, de segurança, saúde e amor.

Mesmerizada pelo horripilante quadro de um abismo vazio a abrirse, a consciência humana sente-se temerosa. Mas, ao invés de crermos em imagens atemorizadoras, todos nós precisamos conhecer a realidade — e esperar que ela apareça progressivamente. É obrigação do Cientista Cristão enfrentar a fermentação causada pelo rompimento da crença material. Precisa aquietá-la, como Cristo Jesus aquietou as ondas. Precisa penetrar a cegueira da mente mortal com o fogo consumidor da Verdade revelada.

Alerta aos temores induzidos pela mente mortal, e em atitude de expectativa, o sanador que cura pela Ciência Cristã não só destrói os males específicos do dia, mas também mantém a sua atenção e a de seu paciente fixas na rosa — na verdadeira idéia e substância espirituais que sempre aí estiveram — desabrochando suave, mas firmemente, para toda faceta da consciência humana. Está tratando de sua própria consciência na expectativa desse desabrochar. E está ampliando sua expectativa de percebê-lo.

Em estado mental de enlevo e maravilha perante o poder irresistível da presença eterna de seu Criador, o sanador fica na expectativa de que desponte, em cada consciência humana — individual e coletivamente — a infinidade do Amor, a manifestar-se por meio do Cristo que consola e orienta; o Cristo que mansa e compassivamente cura e desperta a humanidade, passo a passo, para a maternidade, bem como para a paternidade, de Deus, o Tudo absoluto da existência.

“Os montes se retirarão, e os outeiros serão removidos; mas a minha misericórdia não se apartará de ti, e a aliança da minha paz não será removida, diz o Senhor, que se compadece de ti.” Isaías 54:10.

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