Se considerarmos herança como algo a receber no futuro, como por exemplo dinheiro ou bens, nosso pensamento estará num nível muito material. Cientistas Cristãos aprendem que a herança verdadeira é espiritual: vida eterna e incorpórea; amor espiritual e a satisfação que traz; substância espiritual e o bem que, graças à nossa compreensão dela, enche-nos a experiência humana.
Esta herança está disponível agora! Deus, que dá todo o bem, é refletido pelo homem, Sua imagem ou idéia, a cada momento, e isso sempre foi assim. O bem que Deus dá não depende de um período de espera ansiosa, privação ou vez. Não está reservado para depois da experiência chamada morte, nossa ou de outrem. Nosso direito inato, como herdeiros de Deus, estende-se por toda a eternidade. Mary Baker Eddy, Descobridora e Fundadora da Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss), exclama: “Que gloriosa herança nos é dada graças à compreensão do Amor onipresente!” Miscellaneous Writings, p. 307.
Verdadeira herança não é algo que adquirimos quando o proprietário anterior acabou de usá-lo, nem é divisível em partes a serem distribuídas. Como tudo o que é verdadeiro é perene, sabemos que nossa herança genuína, nossa dádiva irrevogável de Deus, a substância de nosso ser real, é espiritual. Esse direito inato não está sujeito a validação por um tribunal nem a ser taxado por um governo material. Não começa com o que chamamos nascimento, nem muda de dono devido à ilusão chamada morte.
Pensemos nesses fatos se e quando estivermos envolvidos em uma questão de herança humana. Cada faceta da experiência material é uma contrafação do presente que Deus dá a Sua idéia, o homem, ainda que aponte para ele. Qualquer pessoa que já teve de separar o acúmulo de bens materiais de uma casa e distribuí-lo entre os novos donos aprendeu, sem dúvida, importantes lições sobre valores autênticos. A avaliação mental de si mesmo torna a tarefa mais fácil, elimina pensamentos de medo, ganância, limitação e inveja. Ajuda a pessoa a manter no pensamento, acima de tudo, a verdade de que cada idéia espiritual de Deus emana de sua fonte inesgotável, o Amor divino, e é por ele eternamente mantida e sustentada.
Podemos apreciar em objetos bonitos os símbolos das idéias da Alma, em coisas úteis a evidência do domínio do homem e no suprimento a indicação da natureza sustentadora do bem, Deus. Assim, volvemos o pensamento da matéria para o Espírito e começamos a entender nosso legado real e a ver que não é deixado a um ou a vários indivíduos excluindo outros, nem passa de um para outro. A identidade verdadeira e espiritual do homem reflete Deus, o bem, e reivindicamos, de modo eficaz, o bem divino, nossa herança espiritual, na proporção em que o compreendemos.
Quando aceitamos Deus como Mente, nossa Mente verdadeira, percebemos que nos é natural expressar a inteligência em sabedoria e que refletimos as idéias de que necessitamos a cada momento. À medida que compreendemos mais acerca de Deus como Vida, provamos mais da realidade imorredoura do homem e vencemos gradativamente a crença do mundo em mortais decadentes, prestes a morrer.
Testamentos têm sua utilidade e devem ser respeitados; não podem, contudo, dar-nos o bem eterno e espiritual nem privar-nos de um mínimo dele. Fideicomissos são úteis e de bom senso, mas não substituem nossa confiança em que Deus, a Mente divina, cuida sempre de nós, Suas queridas idéias espirituais, e em que nos sustenta aqui e agora. Ainda que o legado material seja grande, nunca assegura suprimento perpétuo, porque a matéria é, por natureza, limitada.
Cristo Jesus tinha poucas possessões materiais. As roupas que vestia foram divididas entre seus perseguidores. Não há prova de que algum dos que “repartiram entre si as suas vestes” Mateus 27:35. tenha se tornado mais semelhante a Deus ou adquirido a habilidade de demonstrar saúde ou bondade. A herança que Jesus deixou aos que seguissem suas pegadas é a verdade do ser: seu ensino e demonstração da filiação do homem com o Pai.
Jacó usurpou a primogenitura do irmão Ver Gênesis, cap. 27., e hoje em dia famílias discutem ainda divisões de propriedades. Mas Jacó pagou alto preço por sua trapaça: nunca mais viu a mãe; foi enganado e levado a se casar com a mulher errada; e, mais tarde, incorreu na ira do sogro. Quando afinal se arrependeu e fez reparações, encontrou o bem em abundância.
Se nos atolarmos no conceito de que podemos ser privados de algo bom porque isso está na posse de um pai, avô ou tio rico, talvez fiquemos tentados a tramar para garantir nossa parte. Mas, os passos humanos só estão certos quando resultam de oração, a oração científica que reconhece a verdade do ser, a universalidade do bem. Tal oração aceita a declaração bíblica: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo.” Romanos 8:16, 17. Vemos nossa situação humana harmonizar-se mais com a Verdade quando mantemos a esta em consciência.
A Bíblia está repleta de promessas do bem contínuo e explica como obtê-lo. Em Deuteronômio, lemos o apelo de Moisés: “Ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os cumprirdes, para que vivais, e entreis e possuais a terra que o Senhor, Deus de vossos pais, vos dá.” Deuter. 4:1. Não seriam o bem e a vida eternos a nossa terra prometida?
Depois que estudei as Escrituras e as obras da Sra. Eddy à procura das verdades específicas discutidas neste artigo, e que as partilhei com amigos, inverteram-se circunstâncias injustas. Obstruções legais foram desfeitas sem protestos e fizeram-se acordos justos. Quando apelamos corretamente à lei de Deus, esta predomina. É nosso privilégio descobrir qual é nosso papel e desempenhá-lo da melhor forma possível. Então descobriremos que nossa herança verdadeira está sempre sob o controle de Deus, eternamente a salvo!
O Senhor guardará a tua saída
e a tua entrada,
desde agora
e para sempre.
Salmos 121:8
 
    
