Um filme sobre a vida na selva a que assisti na televisão mostrava uma pata selvagem cujo ninho fora feito numa árvore. A pata chocou os ovos. Quando chegou o tempo em que os filhotes estavam prontos para acompanhá-la até um lago ali perto, a pata selvagem voou até o chão e os chamou para que a seguissem. Os patinhos, no entanto, não sabiam voar como a mãe, por isso, um a um, todos tiveram de saltar para baixo, caindo ao chão desajeitadamente, mas valeu a experiência.
O último patinho relutou muito em saltar e ficou para trás durante algum tempo, enquanto a mãe continuava a chamá-lo insistentemente. A câmera mostrava o panorama que o filhote via desde o ninho e certamente parecia haver uma distância enorme até o chão. Mas, por fim, o patinho atendeu ao chamado da mãe e também pulou a salvo, seguindo os outros patinhos até à água para dar o seu primeiro mergulho.
Todos nós, vez ou outra, somos obrigados a dar grandes saltos na vida. Com um novo empreendimento comercial, talvez deixamos para trás um ambiente de conforto, a companhia de entes queridos, e fazemos novo começo numa área desconhecida; ou, talvez, precisamos assumir um cargo — ou aceitar uma responsabilidade — para o que não temos tempo nem disposição e para cujo desempenho não nos consideramos suficientemente qualificados; ou, ainda, talvez seja-nos preciso enfrentar e resolver um problema renitente que vimos tentando evitar ou ignorar.
Quando Deus nos leva a dar um passo à frente, não nos manda de mãos vazias, pois isso não estaria de acordo com a natureza de Deus, que é Amor divino. Nem nos pede Deus fazermos algo que esteja fora de nossa compreensão e aptidão no presente. Segundo a Bíblia, Abraão foi levado a dirigir-se para um país estranho e lá viver. “E partiu sem saber aonde ia.” Hebreus 11:8. Moisés foi divinamente ordenado a liderar um povo à liberdade, ainda que ele se sentisse totalmente despreparado para a tarefa. E a Jacó foi dito que voltasse a sua terra natal e enfrentasse o irmão que, para vingança, o ameaçara de morte. Em cada um desses casos, a cada um desses homens foram asseguradas a presença, a orientação e a proteção de Deus, e eles as encontraram.
É possível reconhecer não só na Bíblia, mas também em Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy, a confirmação de que Deus sustenta aquilo que Ele ordena. Em determinado lugar ela escreve: “... o progresso é a lei de Deus, lei que exige de nós apenas aquilo que com certeza podemos cumprir.” Ciência e Saúde, p. 233.
Deus é Mente divina, e quando nos voltamos a Deus em busca de orientação, Deus nos supre de toda a sabedoria, a coragem, o vigor, a capacidade e a provisão de que necessitamos para dar esse passo à frente. Nunca precisamos ter medo de falhar ao ser obedientes às exigências de Deus. Deus tem um plano perfeito para Sua criação espiritual. Seu Cristo, a Verdade, guia-nos a cada passo do caminho em nosso despertar espiritual, no qual achamos nosso lugar em Seu amor. O Cristo mostra-nos quando estamos prontos para tomar passos de progresso e torna evidente o momento certo para que os tomemos.
Certa vez, vi-me diante da possibilidade de dedicar-me ao mesmo a dois novos empreendimentos. Ambos envolviam a necessidade de tomar emprestadas grandes somas de dinheiro. Embora aquilo fosse como que um salto grande demais, eu estava tão certa de que os empreendimentos eram dirigidos e orientados por Deus que me senti impelida a levá-los avante.
No primeiro ano, em diversas ocasiões acometeu-me o pânico diante das enormes obrigações assumidas, mas nessas horas lembrava-me do filme a respeito da pata selvagem e seus patinhos. Compreendi que eu não podia ter atendido àquele impulso dirigido por Deus, qual seja, o de tomar determinados passos, a menos que Deus me tivesse feito plenamente capaz de realizar o que me era exigido. Depor confiança na sabedoria e no amor de Deus superou as minhas dúvidas e os meus temores. Em bem pouco tempo o empreendimento comercial prosperou e todos os débitos foram saldados.
Nosso Mestre e Guia, Cristo Jesus, nunca vacilou em sua obediência ao Pai. Jesus sabia que só fazendo a vontade de Deus poderia demonstrar verdadeira felicidade e conseguir a vitória sobre a carne. Nosso Mestre disse: “Aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada.” João 8:29. Esse mesmo Amor que protegeu Jesus da violência da tempestade e das mãos da populaça enfurecida, ainda estava com ele na escuridão do túmulo solitário após a crucificação, dotando-o de toda a compreensão espiritual e da inspiração necessárias para que triunfasse sobre a morte e o túmulo.
Anos mais tarde Paulo, que se tornara leal seguidor de Jesus, asseverou à igreja em Corinto: “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra.” 2 Cor. 9:8. Paulo provou-o, muitas vezes, em sua própria existência, enquanto pregava o Cristo e o cristianismo de cidade em cidade. A convicção de que sua missão era da vontade de Deus o levava avante, apesar da resistência da teologia, da indiferença, da prisão, do naufrágio e da perseguição.
Quando nossa Líder, a Sra. Eddy, partilhou com o mundo sua descoberta da Ciência Cristã e, desta, o poder de curar, também encontrou rejeição e vitupério por parte de muitos setores da imprensa e das igrejas estabelecidas. Sem deter-se, ela continuou seu trabalho de edificar sua Igreja no firme alicerce da cura-pelo-Cristo, para as gerações vindouras. Em sua Message to The Mother Church for 1901 escreve: “... Ficai certos de que nunca vos poderá faltar o braço estendido de Deus desde que vos encontreis a Seu serviço.” '01., p. 1.
Que maravilhosa garantia há nisso para todos os que no presente enfrentam tremendas exigências enquanto se esforçam para seguir no caminho!
 
    
