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Supere as barreiras do preconceito

Da edição de setembro de 1985 dO Arauto da Ciência Cristã


O preconceito e as opiniões limitativas sobre pessoas de outra raça, religião, antecedentes étnicos ou sexo parecem ter raízes profundas no pensamento da humanidade, estendendo-se pelos séculos da história humana. Muitos de nós talvez não tenhamos estado pessoalmente envolvidos nas formas mais evidentes e violentas do preconceito, porém milhões de pessoas no mundo o estiveram. E, há ainda aquelas formas mais sutis de preconceito das quais, de modo invisível, germinam e se perpetuam as mais agressivas entre elas. Tais formas sutis, passam, com freqüência, despercebidas ou são racionalizadas.

A Bíblia, no entanto, entendida espiritualmente, não dá sanção a nem mesmo o mais sutil dos preconceitos. A Bíblia registra o progresso que fez a humanidade (às vezes arduamente) enquanto crescia em sua compreensão e prática da lei moral e espiritual. Contudo, quão lento esse progresso, às vezes, parece ser! E, com quanta freqüência a humanidade repete seus velhos erros! No entanto, a compreensão de que Deus é Amor divino e o homem, Sua imagem e semelhança, Seu amado filho, está despontando na consciência humana.

Da época dos patriarcas aos anos do Novo Testamento e, finalmente, até à nossa época, investigadores sinceros romperam barreiras e conseguiram chegar até à verdadeira natureza de Deus e do homem. E, à medida que essas barreiras vão sendo rompidas, percebem-se as evidências exteriorizadas do poder da Verdade para governar a experiência humana.

A Bíblia registra ocorrências em que o preconceito e o pensamento limitado cederam e possibilitaram unificar nações e famílias, salvar vidas, alimentar multidões famintas, proteger do perigo e curar moléstias.

No registro bíblico do ministério de Cristo Jesus encontramos o relato de seu encontro com uma mulher samaritana e a lição espiritual que lhe deu, apesar de os judeus, por várias gerações, não se comunicarem com os samaritanos, a quem consideravam inferiores. E, se hoje nos deleitamos com o relato da parábola do bom samaritano, apresentada pelo Mestre, conviria perguntar-nos se os judeus, dentre os seguidores de Jesus, não se teriam sentido pouco à vontade ao ouvi-la. Durante toda a vida deles, muitos talvez tivessem se desviado de seu caminho para evitar encontrar-se com um samaritano!

Cristo Jesus rompeu o preconceito tradicional contra as mulheres, quando abertamente as ensinou, falou com elas em público e relacionou-se com pessoas que, pelos rígidos códigos religiosos da época, eram consideradas “impuras”. Jesus passou parte de seu tempo com homens e mulheres que, sem sombra de dúvida, eram considerados proscritos em termos da sociedade da época. Em seu trabalho de cura transcendeu, muitas vezes, normas, rituais, tabus, tradições ortodoxas.

Não agiu dessa forma, porém, para tornar-se um dissidente. O Cristo sanador, a Verdade, que animava Jesus e caracterizava sua missão, precisou anular o pensamento mesquinho e convencional com todas as suas limitações, e curou. E curou sem prejudicar com isso a ninguém.

O Apóstolo Paulo, percebendo o intento de Jesus, de que a Igreja cristã fosse universal e indivisa, escreveu em uma de suas cartas às jovens igrejas: “Todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes. Dessarte não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão, e herdeiros segundo a promessa.”  Gálatas 3:26–29.

Cristo, a Verdade, desfaz a crença de separação e desigualdade, da própria mortalidade. Substitui essas mentiras pela verdade da natureza totalmente espiritual do homem e da unidade deste com Deus; pela verdade de ser o homem inseparável de Deus e de ser inseparável a família universal de Deus. A mentira de separação e disparidade, não importa quantas vezes repetida, não importa com quantas variações, é sempre uma mentira. Não é, nem mesmo temporariamente, uma verdade.

Dar testemunho da verdade, porém, com tal intensidade que este testemunho realmente liberte e cure, exige fidelidade e discernimento espirituais, e auto-exame freqüente.

A Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã
Christian Science (kris´tiann sai´ennss), Mary Baker Eddy, explica em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Para derrubar a pretensão do pecado é preciso descobri-la, tirar-lhe a máscara, assinalar a ilusão e, desse modo, obter a vitória sobre o pecado e provar sua irrealidade.” Ciência e Saúde, p. 447. A mentalidade humana, por si só, é incapaz de semelhante tarefa. É o Cristo, presente na consciência, que desmascara os conceitos errôneos limitados, ao nos revelar, com clareza inconfundível, a verdade sobre a identidade do homem.

O Cristo penetra as próprias raízes do preconceito e o cura, entrando em nosso coração e desfazendo os temores, a ignorância, a ansiedade, a voluntariosidade e o egotismo que constituem o preconceito. O Cristo demonstra o Amor divino em nossa presença, aí mesmo onde parece haver ausência de amor.

Eliminar o preconceito significa muito mais do que apenas “tolerar” ou “não nutrir desamor”. Testemunhar a presença do Cristo é viver profundamente o fluxo do amor de Deus dentro em nós! Nenhum obstáculo pode deter o amor de Deus por nós ou deter nosso amor por Deus e nossa consideração e amor para com o nosso próximo. Curar o preconceito significa muito mais do que aprender a ser gentil com outros. Requer desfazer-se de todo laivo de desigualdade e, até mesmo, de formas sutis de intolerância. Consiste em ceder ao Amor divino.

À medida que detectamos o preconceito e dele removemos a máscara, percebemos rapidamente que ele precisa ser atacado no pensamento e como pensamento. Não podemos esperar bons resultados se apenas vamos no encalço dos sintomas. Quer constatemos ser vítimas do preconceito quer o estejamos praticando, sabemos que é possível discernir o reino dos céus, o reino da harmonia, em nossa própria consciência. À medida que vamos discernindo esse reino, a verdade se manifesta visivelmente em nossa vida e na vida dos demais.

Foi o que aconteceu com o Apóstolo Pedro. Apercebeu-se ele de que as crenças judaicas com respeito aos gentios contradiziam os ensinamentos de Jesus. Pedro procurava ser fiel à sua herança judaica, e, por meio da oração e do desejo de obedecer ao Cristo, adquirira uma percepção da universalidade da igreja fundada por Cristo Jesus. Sua compreensão sobre “o povo escolhido” ampliou-se de tal forma que Pedro foi capaz de declarar livremente: “Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável.”  Atos 10:34, 35.

Pedro ficou curado da aversão por aquilo que anteriormente lhe parecera “comum e impuro”. Claro é que, por ter-se libertado de um preconceito cultural, teve ainda maior convicção e coragem quando ele mesmo defrontou-se com perseguições por ser cristão.

Num mundo em que há pessoas envolvidas em guerras religiosas e raciais, o indivíduo que dá testemunho do amor de Cristo pode contribuir, muito mais do que talvez imagine, para o bem universal. Sua sincera compreensão da verdade, mesmo que lhe pareça modesta, poderá produzir a primeira brecha nalgum muro de preconceitos, ou auxiliar a produzir o derradeiro lampejo espiritual que fará tal muro tombar. Precisamos confiar na oração. Se os sintomas de preconceitos forem violentos ou sutis, apeguemo-nos firmemente ao fato de que, como idéias espirituais de Deus, somos um só em Cristo. Aí não há temor, orgulho nem egos em conflito.

Ciência e Saúde fornece-nos a definição espiritual de “Eu, ou Ego” que inclui a seguinte afirmação: “Há um só Eu, ou Nós, um só Princípio divino ou Mente, que governa toda a existência. ...” Ciência e Saúde, p. 588.

Com que exatidão essas palavras fazem eco à oração que Cristo Jesus proferiu na noite anterior a sua crucificação, quando se aproximava dele a vitória final. Sua oração foi oração de unidade. Reconheceu sua própria unidade com Deus e afirmou que sua missão se cumprira pelo próprio poder de Deus. Orou para que as gerações de então e as gerações futuras despertassem para esta unidade espiritual que ele demonstrara. Como foi inclusiva e de amplo alcance a sua oração! “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.”  João 17:20, 21.

“Eles em nós”, o que Jesus almejava ver concretizado, e “um só Eu, ou Nós”, o que Ciência e Saúde descreve, dão vislumbres de algo muito mais significativo do que a mera reunião de elementos díspares. Nossa tarefa não consiste tanto em “juntar coisas”, mas em perceber que, na Verdade, já estamos juntos.

Há algo extremamente surpreendente na simplicidade desta oração de Jesus sobre unidade. Familiarizados que estamos com as palavras dela, talvez simplesmente as passemos por alto, perdendo assim seu significado completo. Como seguidores de Cristo Jesus não somos apenas os beneficiários de sua oração, mas temos a responsabilidade de apoiá-la, demonstrando mais amplamente em nossa vida a unidade do ser que ele compreendeu.

O Cristo governou a Jesus. Na proporção em que o Cristo nos governar a nós, seremos os seguidores de Jesus, destemidos e humildes, que se regozijam na riqueza, na diversidade e no amor encontrados entre a grandiosa família universal de Deus. Todos nós somos, na verdade, esta família. Prometamos fidelidade ao “um só Eu, ou Nós”.

Na proporção em que nos dedicarmos sem reservas a Deus e às demais pessoas em nossa vizinhança, em nossa igreja, em nosso coração, a demonstração de nossa unidade espiritual adquirirá impulso. Os vislumbres da Verdade com que contamos hoje já estão esfacelando os alicerces das barreiras do preconceito, expondo sua nulidade e dando provas dela!

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