Logo após o nascimento de nossa filha, o ginecologista disse a mim e a meu marido que, devido à coloração inusitada da recém-nascida, ela fora submetida a um teste sangüíneo. O teste mostrara haver perigoso desequilíbrio nas células do sangue, e o médico, empenhado em lhe salvar a vida, chamara um especialista. Este já estava a caminho do hospital, a fim de dar à recém-nascida uma transfusão de 100 por cento de sangue.
O médico sabia que éramos Cientistas Cristãos. Disse-nos que essa medida drástica fora tomada, sem nosso consentimento, porque tinha havido uma sucessão de mortes de recém-nascidos naquela área. O secretário de saúde da comunidade dera ordens a todos os médicos para que estivessem atentos a essa condição em especial nos recémnascidos. Uma vez detectada a condição, os médicos deviam seguir certos procedimentos delineados pelas autoridades médicas. O médico, gentil, porém firmemente, declarou que a situação estava além de nosso controle — e que, se protestássemos, o hospital pediria uma ordem judiciária para que nossa filha recebesse o tratamento médico julgado necessário.
Recebemos essa informação às dezenove e trinta. Embora desnorteados, tivemos suficiente sabedoria para telefonar a uma praticista da Ciência Cristã, a fim de nos ministrar tratamento pela Ciência Cristã. Estávamos conscientes do trecho em Ciência e Saúde de autoria de Mary Baker Eddy em que declara, após explicar o que vem a ser o tratamento feito em espírito de oração (p. 412): “Quando se trata de uma criança pequena ou de um bebê, é preciso enfrentar o caso principalmente por meio do pensamento dos pais, seja em silêncio ou em voz audível, na base já mencionada da Ciência Cristã.”
Foi necessário que meu marido voltasse para casa a fim de cuidar de nosso filhinho. Depois que ele partiu, li na íntegra, e pela segunda vez naquele dia, a lição-sermão semanal (delineada no Livrete trimestral da Ciência Cristã) e tornei a lê-la pela terceira vez. Entre uma e outra leitura apagava a luz e ficava à espera de um pouco de descanso. Passaram-se horas de inércia mental antes que eu sentisse um impulso no meu pensamento. Percebi gradualmente que eu tinha um trabalho a realizar, que eu não podia esperar que a praticista fizesse tudo sozinha. (Estou convencida de que foi o tratamento pela Ciência Cristã e meu profundo desejo de corresponder a esse tratamento o que desfez a sensação de desamparo e me reconduziu a um modo de pensar correto.) Aí uma percepção revigorante da verdade galvanizou minha vontade e entreguei-me a uma oração ardente.
Pedi a Deus que me dissesse o que me era necessário saber para ajudar nossa filha. Vieram-me à mente as palavras de Cristo Jesus (Mateus 21:22): “Tudo quanto pedirdes em oração, crendo, recebereis.” Com um impulso repentino de esperança, liguei a luz e peguei o livro-texto. As primeiras palavras que li foram as de um título marginal à página 273: “Lei espiritual, a única lei.” E eu disse em alta voz: “Lógico, a única!”
A luz que inundou minha consciência, naquele instante, era tão brilhante que o quarto inteiro parecia estar cheio de luz. No mesmo instante aceitei o fato de que o bebê estava curado. Minha convicção sólida ficou reforçada quando li este trecho na página 273: “Deus nunca decretou uma lei material para anular a lei espiritual. Se existisse tal lei material, ela se oporia à supremacia do Espírito, Deus, e impugnaria a sabedoria do criador. Jesus andou sobre as ondas, alimentou a multidão, curou os doentes e ressuscitou os mortos em oposição direta às leis materiais. Seus atos eram a demonstração da Ciência, que vence as falsas pretensões dos sentidos materiais ou da lei material.”
Eu sabia com tão absoluta certeza que a criança estava curada, que anotei na guarda do livro-texto o número da página da citação mencionada acima, a hora e a data. Enquanto fazia essa anotação, pensava de que maneira iria contar a nossa filha essa cura maravilhosa, quando ela tivesse suficiente idade para compreender. Uma sensação de domínio espiritual impregnou meu ser, e senti uma felicidade que nunca dantes havia conhecido. Apaguei a luz, e tive um descanso completo.
Quando acordei, na manhã seguinte, o médico estava ao pé da cama e olhava para mim. Houve silêncio entre nós dois. Tive a impressão de que ele esperava de mim alguma pergunta sobre o bebê, mas não proferi sequer uma palavra. Eu não precisava de que alguém me dissesse que minha filha estava bem — eu o sabia! Finalmente ele me disse que, com apenas olhar para mim, podia afirmar que eu tinha dormido um sono pacífico. E acrescentou que nossas orações haviam sido atendidas, pois o bebê estava tendo perfeita recuperação sem qualquer atendimento médico.
Explicou que o especialista não havia podido vir na véspera. Tinha chegado naquela manhã e fizera outro teste com o sangue do bebê. O teste revelara uma melhora inesperada. A grande melhora ocorrida num período de doze horas foi aceita pelos médicos como evidência suficiente de que a normalidade estava rapidamente se estabelecendo. A transfusão foi cancelada. O bebê e eu fomos para casa dois dias mais tarde, e não houve dificuldades posteriores.
Ser-me-ia impossível exprimir inteiramente a nossa gratidão pelo trabalho consagrado, desprendido, da praticista da Ciência Cristã durante todo aquele tempo.
Na minha opinião, a declaração seguinte em Ciência e Saúde certamente descreve os pormenores de como a supremacia absoluta da Mente divina foi demonstrada nesse caso (p. 423): “O médico da matéria lida com a matéria como se ela fosse ao mesmo tempo sua inimiga e seu remédio. Considera a doença como atenuada ou agravada, segundo a evidência que a matéria apresenta. O metafísico, que faz da Mente sua base de operações sem levar em conta a matéria, e que considera a verdade e a harmonia do ser como superiores ao erro e à discórdia, tornou-se forte, em vez de fraco, para enfrentar o caso; e proporcionalmente fortalece seu paciente com o estímulo da coragem e do poder consciente.”
No decorrer dos anos nossa filha e eu mantivemos um relacionamento carinhoso. Enquanto ela progredia em seus anos infantis, depois, na adolescência e, a seguir, nos anos de universidade, muitas vezes eu pensava nela como que envolvida pelos cuidados carinhosos e gentis de Deus. Em resultado, foram evitadas a nós duas as vicissitudes muitas vezes atribuídas às várias fases do crescimento humano. Hoje ela está casada, feliz, é Cientista Cristã que já participou de um Curso Primário de Ciência Cristã, e presta colaboração à igreja filial de que é membro. Seus próprios filhos estão matriculados na Escola Dominical da Ciência Cristã.
Pasadena, Califórnia, E.U.A.
O livro-texto com a mensagem que minha mãe escreveu na guarda é agora meu tesouro especial.
Foi tão bom ter sido educada no seio de uma família onde se fazia o esforço sincero de viver em harmonia com as leis espirituais de Deus. O lar de minha infância foi verdadeiramente um abrigo de amor, e tenho a esperança de manter esse padrão para minha própria família, onde quer que possamos estar nos anos vindouros.
Bridgewater, Nova Jérsia, E.U.A.
 
    
