Quase todos esperamos progredir durante este ano. Porém, através da Ciência CristãChristian Science (kris´tiann sai´ennss), começamos a perceber o fato notável de que o bem pelo qual ansiamos, o bem que antecipamos obter, está disponível já agora. Já está criado. Faz parte daquilo que existe em grande abundância e variedade — porque Deus existe.
Pela oração conscientizamo-nos de uma justiça e ordem ilimitadas, muito além de tudo quanto conhecemos por um sentido materialista do ser, as quais ao mesmo tempo são, no entanto, maravilhosamente concretas. É toda uma vida de excelência, não apenas um ideal — isto é, possui toda a dimensão, substância, inteireza e atividade que comumente pensamos serem as características de algo “real”, sem ter, todavia, nenhuma das suas imperfeições.
Esta conscientização é a descoberta do universo real — o universo de Deus — e da verdadeira Vida e individualidade do homem. Poderia haver incentivo mais forte para nossos esforços, ou alguma razão melhor para persuadir-nos de que é inevitável o progresso em nossa vida diária?
O Apóstolo Paulo esclarece a maneira em que realmente progredimos, quando diz que é como olhar num espelho e ver a glória do Senhor e, então, ser transformados nesta imagem. Ver 2 Cor. 3:18. Em outras palavras, “viremos a ser” aquilo que já é; não podemos opor-nos à glória daquilo que Deus está expressando no homem como Sua imagem, e isto transforma e cura toda a concepção humana.
Pela espiritualização do pensamento, começamos a participar do bem infinito equiparável com a existência de Deus. Chegamos à compreensão de que a verdade declarada não é algum ideal abstrato que se concretizará se nos apegarmos a ele; a verdade que afirmamos é inteiramente real, expressada em toda forma individual de beleza e propósito que constituem o reino de Deus.
Declaramos a verdade porque ela é verdadeira. Portanto, estaria errado afirmar a verdade apenas de modo vago ou resvalar para certas dúvidas, enquanto ao mesmo tempo a repetimos obedientemente. De Colossenses recebemos um bom conselho: “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor, e não para homens, cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da herança.” Coloss. 3:23, 24.
Então, a fim de progredirmos mais, a mudança da qual precisamos é a de encarar com maior obediência e firmeza a penetrante perfeição do Cristo, a Verdade. É bem certo que isto há de provocar também uma mudança substancial em nosso conceito acerca de nós mesmos. Mas é uma mudança que deve ser bem-vinda, não importa o que esta regeneração venha a provocar em termos de exigências ou efeitos.
Logo descobrimos que até mesmo uma boa e nova decisão tomada precisa ser refinada no fogo do fato espiritual que tudo consome. Uma decisão não tem força suficiente para ter êxito enquanto integrar o sonho escapista de sermos um mortal bom que tenta melhorarse. O que se precisa é a decisão que não emana do conceito de sermos um mortal com força de vontade, mas que brota da vontade da Mente única, ou Alma, que é Deus.
As palavras do hino n° 123 [e no inglês “metal” refere-se a ouro] dizem bem: “Consome a escória, refina o metal.” Hinário da Ciência Cristã, n° 123. Entretanto, a quantos de nós já terá ocorrido, não muito bem-humorados, se ainda irá sobrar algum ouro depois da refinação, quando o que é como fogos da fornalha ardente se extinguir! No entanto, esta pergunta ardilosa trai a noção de que o ouro está nalgum bom sentido humano, material, das coisas, que esperamos preservar. O verdadeiramente bom e o resultado da demonstração espiritual na experiência humana é preservado, mas a fantasia humana, o falso quadro de uma vida real e “em progresso” na matéria e como matéria, não pode ser salva. Em 1 Coríntios lemos: “Qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. ... Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo.” 1 Cor. 3:13, 15. Felizmente, nós não estamos naquilo que sofrerá dano. Nosso “ouro”, ou nossa verdadeira individualidade, que expressa a Deus, está segura, é indestrutível — é de natureza espiritual.
Podemos perguntar-nos, portanto, o que concebemos como a estrutura na qual virá a ocorrer progresso. Seria um sentido de vida na matéria, com sua carne imperfeita, seus dramas diários de bem e de mal, seus altos e baixos por demais familiares? Estaríamos pensando em ser capazes de introduzir certa medida de verdade espiritual num conceito essencialmente materialista da existência e torná-la permanentemente progressiva e eterna? Atitude como essa realmente ignora a natureza radical da descoberta que é a Ciência Cristã, e produz inevitavelmente progresso lento.
A mente mortal pretenderia argumentar de outra forma, mas de fato é perfeitamente normal e possível superar o conceito humano da existência mortal. Estas palavras de Cristo Jesus: “Importa-vos nascer de novo” João 3:7. exigem de nós este conceito radicalmente diferente. Por que precisamos nascer de novo? A resposta, não será a de que o “primeiro” conceito de nascimento, crescimento e vida num mundo material separado de Deus, é uma ilusão? Cultivar esse conceito seria desconhecer o vasto bem que temos porque Deus o proporciona para o homem.
A perspectiva de que necessitamos, então, para haver maior progresso, é aquela que percebe a natureza espiritual da existência e da nossa própria individualidade. Não nos é preciso ter medo de perdermos a nós ou a algo de bom. Quando acolhemos sem reservas esta descoberta, acompanha-a geralmente um surto de alegria e um sentimento de realização — e dá-se a cura. Esta Ciência do ser, a revelação de como as coisas são, é tão poderosa que desfaz concepções ignorantes e parciais acerca da vida. À luz desta compreensão espiritual persuasiva, sem dúvida consentiremos com que noções inexatas nos desapareçam da vista.
Recalcitrar é aceitar, de uma forma ou de outra, que as deformidades e limitações de uma mente mortal sejam naturais e que nos pertençam. É aceitar inadvertidamente a idéia de sermos ignorantes, orgulhosos, voluntariosos. Pensando estar corajosamente a sustentar o que é certo, talvez estejamos manifestando justificação própria. Queixando-nos de ser vítimas da resistência mental, quiçá nos tenhamos envolvido em falsos julgamentos morais. Em resultado, há pouco ou nenhum progresso.
Mary Baker Eddy insta: “Vigiai e orai a fim de vos conhecerdes a vós mesmos; pois então e assim vem o arrependimento — e conquistais a vossa superioridade sobre a ilusão.” Miscellaneous Writings, p. 109.
Paulo forneceu uma metáfora que, sem dúvida, vez ou outra galvanizou a atenção de todo cristão ao contemplar a necessidade de progresso — a analogia de correr alguém a carreira que lhe está proposta, disposto a abandonar toda consideração terrena, dando tudo de si e voltado apenas para a meta: Cristo.
Os Cientistas Cristãos também adotamos estas metáforas bíblicas e cristãs. Move-nos a idéia de correr a grande carreira, de entrar na vereda estreita, de escalar a montanha e realizar o cristianismo do Cristo. A cada passo há descobertas. Há novidades à toda a volta quando descobrimos a verdadeira natureza da existência.
Para o Cientista Cristão esta aventura espiritual não é apenas um meio de melhorar a existência humana ou de conseguir a redenção no além. É a maior consumação possível agora mesmo, e dela deriva a saúde, ou o suprimento, ou a proteção, ou a inteligência, ou seja qual for o necessário, neste exato momento, em nossa experiência humana. Mas este progresso, podemo-lo conseguir por uma razão fundamental: por tudo o que Deus é e já nos fez ser.
Com alegria estamos descobrindo o que já existe. Estamos nos tornando o que realmente somos, encontrando aqui, sob nossos pés, o próprio solo do reino de Deus.
 
    
