Mary Baker Eddy, Descobridora e Fundadora da Ciência CristãChristian Science (kris´tiann sai´ennss), fala no poder transformador e purificador do Cristo, dizendo: “O estudante honesto de Ciência Cristã é purificado por meio do Cristo, a Verdade, e está, portanto, preparado para a vitória na luta enobrecedora. O bom combate tem de ser travado por aqueles que mantêm a fé e completam sua carreira. A purificação mental tem de prosseguir: promove o crescimento espiritual, escala a montanha do empenho humano, e atinge o cume na Ciência, que de outra forma não poderia ser alcançado — onde a luta com o pecado está para sempre terminada.” Miscellaneous Writings, p. 41.
O que é o Cristo que nos purifica do pecado e promove nosso crescimento espiritual? O Cristo define a filiação do homem com Deus. Sendo a idéia perfeita de filiação com o perfeito Pai-Mãe Deus, o Cristo é a manifestação de Deus, Sua expressão. O Cristo está sempre presente na consciência humana.
Jesus exemplificou o Cristo. Demonstrou sua filiação com Deus melhor do que ninguém, entretanto assinalou claramente que essa verdade sobre Deus e o homem está à disposição de todos. Ao viver sua filiação espiritual e dar provas dela, Jesus indicou-nos o caminho para que vençamos o pecado, a doença e a morte. O “caminho” é compreender e dar provas da unidade do homem com Deus, da união do homem com sua origem divina e seu criador. Quando Tomé inquiriu Jesus sobre o caminho, e como encontrá-lo, Jesus disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” João 14:6.
Jesus compreendia tão claramente sua filiação com o Pai, Deus, que continuamente superava a sugestão de uma identidade na matéria, criada e condicionada na mortalidade. O homem mortal, “Adão”, simboliza a sugestão de um oposto ao homem criado à semelhança de Deus. O sonho adâmico sugere que o homem, o qual na realidade é o descendente de Deus, tenha de alguma forma se misturado com a matéria, com o pecado, a doença e a morte. À medida, porém, que compreendemos nossa verdadeira identidade, somos purificados, transformados, liberados dos sonhos emaranhados e confusos da mente mortal, a suposta mente do homem adâmico.
Como e onde o Cristo nos transforma? Na proporção em que compreendermos progressivamente nossa filiação divina, nossa verdadeira natureza, viremos a libertar-nos das ilusões do sonho adâmico. Jesus, com profunda singeleza, disse: “Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” João 8:31, 32. Pela percepção do Cristo, a idéia divina da filiação do homem com Deus, desfazemo-nos de um sentido pessoal de individualidade mortal, substituindo desta forma o orgulho pela humildade, libertando-nos da vontade própria, do egoísmo e do medo. A inveja e a insegurança cedem aos claros vislumbres do amor imparcial de Deus para com todos os Seus descendentes. O sonho adâmico de culpa, responsabilidade e desânimo se desvanece com o crescente reconhecimento da imutável e incontestável filiação divina do homem. Ao percebermos cada vez melhor que nada é verdadeiro ou real a respeito de nossa individualidade a não ser aquilo que Deus, o único Pai-Mãe, sabe, despertamos da crença em uma individualidade separada de Deus.
Esse despertar para nossa verdadeira natureza e sua conseqüente libertação de crenças materiais, não ocorre, certamente, de um momento para outro, mas requer uma “luta enobrecedora”, um “bom combate”. Uma persistência paciente faz-se necessária para que descubramos nossa verdadeira semelhança divina. É preciso renunciar à materialidade, à falsa evidência dos sentidos, quando humildemente lutamos para que nosso pensamento seja diariamente transformado pelo Cristo. A verdade sobre nossa filiação divina capacita-nos a compreender mais nossa natureza espiritual, nossa liberdade da crença de havermos nascido na matéria e sermos portadores de falhas de caráter ou limitações que somos obrigados a aceitar.
Honestidade para com nós mesmos é imprescindível nessa guerra com a falsa crença. É preciso que estejamos dispostos a parar de justificar-nos ou de desculpar-nos pelo erro, e que nos volvamos a Deus para perceber qual é a verdade a nosso respeito e sobre os outros. Precisamos resistir com firmeza a tudo quanto tente opor-se à compreensão que temos de nossa verdadeira natureza espiritual.
À medida, porém, que honestamente nos empenhamos em compreender e expressar melhor nosso verdadeiro eu, podemos esperar com confiança que ocorra um efeito transformador e sanador em nossa vida diária, em nossa saúde, em nosso relacionamento com os demais. A Sra. Eddy escreve: “Essa idéia espiritual, ou Cristo, penetrou nas minúcias da vida de Jesus como pessoa. Fez dele um homem honesto, um bom carpinteiro e um homem bom antes de poder fazer dele o glorificado.” Mis., p. 166.
Em certas ocasiões, talvez nos defrontemos com uma aguda e urgente luta em nosso pensamento entre aquilo que compreendemos sobre nosso verdadeiro eu e os erros ainda não curados do sonho adâmico. A luta de Jacó com o erro, em Peniel, ilustra essa situação. Jacó lutou arduamente pouco antes de reencontrar-se com o irmão Esaú, de quem, anos antes, usurpara o direito à primogenitura e a bênção de seu pai. Apesar de Jacó haver crescido muito, espiritualmente, nos anos que haviam-se sucedido, foi tomado de medo ao aproximar-se o momento de seu encontro com Esaú. Enquanto orava, durante a longa noite em Peniel, a crescente percepção de sua filiação divina capacitou-o a persistir corajosamente na luta com os temores materiais e as dúvidas da mente mortal. Não permitiu que o anjo, a mensagem da Verdade, partisse até que ele, Jacó, ficasse curado. Foi então capaz de ir ao encontro do irmão com humildade, amor e destemor.
Podemos perguntar-nos: “Quão disposto estou a empreender a luta em meu pensamento entre Adão e Cristo, entre os erros que parecem tão reais e a verdadeira filiação espiritual do homem?” Por vezes nos defrontamos com crises, como aconteceu naquela noite com Jacó. O poder transformador do Cristo, no entanto, também se manifesta em nosso persistente esforço de pensar e agir como descendentes de Deus, e de demonstrar, nas minúcias de nossa vida diária, o que conhecemos acerca do Cristo.
A “purificação mental” que acompanha a ação transformadora do Cristo na consciência individual muitas vezes encontra a resistência daquilo a que Paulo chama “o pendor da carne”, a falsa consciência adâmica que é eliminada pelo Cristo. Essa oposição ao Cristo assume muitas formas: a crença em personalidade magnética; a pretensão de que a matéria tenha poder, ou que controle e governe o homem; a tentação de crer-se que o homem seja um amálgama do imortal e do mortal; a luta e a ganância pela matéria, a qual parece manter cativa a humanidade através dos séculos.
Como podemos triunfar nessa luta que ocorre em nosso pensamento entre o Cristo e tudo quanto tenta se lhe opor? Triunfamos diariamente baseando nosso pensamento na totalidade e perfeição de Deus, a Mente única, e compreendendo que somos Sua descendência, incapazes de corresponder às sugestões da mente mortal, quer se manifestem como nosso próprio pensamento, quer como o pensamento de outrem. A filiação divina do homem é a verdade viva e atuante a respeito de nossa natureza. Podemos devotar nosso pensamento, em espírito de oração, à contemplação de Deus e de nosso relacionamento com Deus. Podemos nos empenhar continuamente em compreender mais acerca de Deus, de Seu Cristo e do homem de Sua criação, por meio do estudo da Bíblia e das obras da Sra. Eddy. Podemos também reivindicar crescente evidência, em nossa vida cotidiana, da eficácia demonstrável da verdade que estamos aprendendo.
Na proporção em que persistirmos fielmente em empreender a luta mental diária que, com freqüência, parece necessária para elevar nosso pensamento acima do sonho adâmico e rumo à realidade imortal do ser, seremos transformados e purificados. Aumentando atentamente nossa compreensão e demonstração da verdadeira individualidade do homem, deixaremos gradativamente de ser enganados pelas sugestões da mente mortal, as quais constantemente tentam acusar-nos de ser mortais que vivem numa atmosfera material e temporal cheia de pressões.
O autor do Apocalipse viu a batalha que parece ocorrer continuamente entre o bem e o mal, tanto no pensamento individual como no coletivo. Apercebeu-se da vitória final de Deus e Seu Cristo sobre tudo quanto tenta opor-se à verdade e desacreditá-la. Escreveu sobre essa vitória do bem sobre o mal: “Ouvi grande voz do céu, proclamando: Agora veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia, e de noite, diante do nosso Deus.” Apoc. 12:10. À medida que cedemos à energia transformadora do Cristo, a vitória sobre tudo quanto tenta opor-se ao Cristo é inevitável.
Essa transformação progressiva ocorre primeiro no pensamento dos indivíduos, proporcionando, porém, uma modificação gradual para toda a humanidade. Por meio dela a doença, o pecado e a morte são vencidos. Somente o sonho adâmico inclui tais mentiras, e o Cristo liberta-nos de suas falsidades. Paulo começou a sentir essa libertação do mal a partir do momento em que vislumbrou o Cristo, a Verdade, na estrada de Damasco. O efeito transformador imediato do Cristo levou-o cessar a cruel perseguição aos cristãos, à qual tão erroneamente se dedicara.
À medida que Paulo, orando, progrediu em sua nova compreensão do Cristo e abandonou o conceito mortal a respeito de si mesmo, chegou a ser o maior missionário que o mundo jamais conheceu. Por haver cedido tão completamente ao Cristo, foi transformado como indivíduo e assim sua contribuição para a humanidade foi modificada.
Escreveu aos romanos: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te livrou da lei do pecado e da morte.” Romanos 8:1, 2. E, aos coríntios, Paulo escreveu: “Porque assim como em Adão todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo.” 1 Cor. 15:22.
A liberdade, estabilidade e abundância da Vida, Deus, desdobra-se em nossa experiência à medida que permitimos ao poder transformador do Cristo, a filiação divina do homem, tomar posse de nosso pensamento e manifestar-se em nossa vida diária.
 
    
