Algumas pessoas — e nações — de fato tentam intimidar outras. Procuram apavorá-las e ameaçá-las, querem que estremeçam e se intimidem. Pode-se dizer que tentam atemorizar seus oponentes. Essa é exatamente a definição que meu dicionário dá, de “intimidar”.
Ora, por que deveríamos permitir que alguém nos atemorizasse? Na verdade, como é que iríamos permiti-lo, quando estamos reverenciando genuinamente Deus e só Deus? Essa reverência brota do amor e não do medo. Baseia-se nas provas que temos, do cuidado de Deus.
Nosso Mestre, Cristo Jesus, não se deixava atemorizar. Sempre sabia qual era o seu princípio e o que representava, mesmo quando sua própria vida estava em risco. Certa ocasião, uma multidão estava a ponto de jogá-lo dum pináculo. Isso é assustador! “Jesus, porém,” relatam as Escrituras, “passando por entre eles, retirou-se.” Ver Lucas 4:28-30. Jesus reverenciava Deus como o único poder e fonte do ser. Recusou-se a ser intimidado pela multidão hostil. Resultado: passou por esta sem sofrer dano e, estou certo, sem se impressionar.
Quando ficamos tentados a temer uma ou mais pessoas, sigamos o exemplo de Jesus. Então, também nós passaremos intocados pelo que for necessário, não tendo medo de qualquer ameaça, carranca ou palavreado.
Suponhamos, por exemplo, que nos sintamos intimidados por um vizinho arrogante, ou um parente resoluto, ou um colega manipulador, cioso de hierarquias. O que fazer?
Podemos dizer, como disse Jesus quando tentado a reverenciar algo à parte de Deus: “Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto.” Mateus 4:10.
Jesus não falava a outra pessoa, quando disse isso. Reconhecia claramente que o que instiga qualquer tentação, não é alguma outra pessoa. É nada mais do que um pensamento demoníaco, algo que pretende destronar a Divindade e Seu poder soberano em nossa vida, com o intuito de confundir-nos, subjugar-nos e controlar-nos, valendo-se de argumentos contrários ao domínio que Deus nos outorgou. Ora, não temos de ceder a isso nem suportá-lo, não importa quão sutis ou atraentes os argumentos.
Deus de modo total controla e sempre controlará Sua criação, inclusive o homem. Essa percepção espiritual simples, mas profunda, nos habilita a enfrentar o modo de pensar demoníaco de qualquer tipo, qualquer grau, com um vigoroso (e geralmente silencioso) “Some-te!” Digamos à Satã e a todas as suas mentiras: “Retira-te ... porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto.”
Adorar a Deus é muitíssimo mais do que repetir palavras certas, ir à igreja e ler a Bíblia. É ver que Deus é o bem eterno, é servi-Lo com exclusividade, reconhecendo só Sua onipotência e presença constante. É depender inteiramente de Deus para que nos guie e oriente. Quando adoramos de modo genuíno, recusamo-nos a nos curvar ao mal. Compreendemos que Deus, o Espírito, é Tudo-em-tudo, é a única base e essência do ser. Lançamos à crença na jurisdição da matéria o nosso desafio.
É fundamental, para essa adoração, compreendermos corretamente que o homem é da criação de Deus, é Sua semelhança, a semelhança do Espírito infinito, a Mente divina. O homem está sempre sob o controle infalível da Mente divina. O homem é completamente espiritual e bom. Não é um mortal material com neuroses humanas. Por isso, não tem de lutar com traços de caráter culposos, egotísticos e inclinados à desarmonia.
O homem criado por Deus, o homem criado pela Mente e pelo Espírito, é sábio e inteligente, inocente e imaculado. Definitivamente, não é o indivíduo de carne e osso, inseguro, egocêntrico e ambicioso que as pessoas em geral crêem ser o homem. Quando vislumbramos a verdade de que o conceito espiritual acerca do homem é o único conceito verdadeiro — é tudo o que todos são de fato, quer estejam cientes disso, quer não — estamos melhor preparados para devassar a máscara intimidadora da beligerância e da dominação.
Quando, devido a seu prestígio, posição ou experiência, alguém procura impor-se e imobilizar algum curso de ação correto que começamos a seguir, não precisamos torcer as mãos em desespero, nem fugir na direção oposta. Detenhamo-nos e, antes de qualquer outra coisa, oremos para ver no homem a expressão perfeita e espiritual do bem e só do bem. Desse modo, alinhamo-nos com a Mente divina, a única Mente que o homem tem.
A Mente divina nunca comete enganos, nunca vacila nem foge dos problemas. Sempre nos confere o discernimento e a visão de que precisamos para decidir o que é o certo em determinada situação. Daí, sabemos como sair dos emaranhados de confusão e dúvida.
Sempre podemos ater-nos à verdade do ser do homem: que o homem é a expressão da única Mente divina. Os pensamentos demoníacos de fato não subjugam nossa consciência. Quando confrontados com a verdade, se dissolvem. Vemos que o mal, sob qualquer forma em que apareça, não pode impedir nosso crescimento espiritual individual e nossa confiança exclusiva em Deus. Nunca é verídico — nunca o foi e nunca o será. Quando aderimos a essa verdade, é inevitável que resultem curas.
Um Cientista Cristão, meu conhecido, encontrava-se numa situação de família difícil de resolver. O pai dele, já aposentado, não estava em condições de viver sozinho e precisava de alguém que cuidasse dele em sua própria casa. O Cientista Cristão foi visitar o pai e ver o que se podia fazer.
O pai ficou muito irritado. Sempre fora dominador e teimoso, e novamente agia de acordo com sua reputação. Categoricamente recusou ter alguém em casa para cuidar dele e nem queria tocar no assunto. Até mandou que o filho fosse embora.
O filho recusou-se a ir, pois não podia ignorar a situação, se bem que naquela hora quisera ter saído. Orou, em silêncio, para reconhecer a perfeição do pai, perfeição conferida por Deus, e voltou a falar no assunto. Nenhuma melhora!
Naquela noite, depois que o pai foi deitar-se, o filho ficou acordado e orou um pouco mais pela situação. Percebeu que, quanto mais reverenciasse Deus, adorando-O e servindo só a Deus, a solução viria do modo certo, sanador. Orou para reconhecer que de fato só há uma Mente e que esta Mente é Deus. Orou para saber que o homem reflete só a Mente divina e que, portanto, não tem outra vontade senão a de Deus.
A Sra. Eddy nos diz em Ciência e Saúde: “Não tendo outros deuses, não recorrendo a nenhuma outra mente para o guiar, senão à única Mente perfeita, o homem é a semelhança de Deus, puro e eterno, e tem aquela Mente que havia também em Cristo.” Ciência e Saúde, p. 467.
O Cientista Cristão orou dessa maneira e examinou o que o levava a estar ali. Viera para ajudar e não para impor sua vontade sobre quem quer que fosse. Entendeu que tinha de deixar a Mente divina solucionar tudo à sua maneira. Orou até sentir-se completamente em paz no que dizia respeito ao pai. Então, também foi dormir.
Na manhã seguinte, o pai estava outra pessoa. Perguntou ao filho se este orara durante a noite. Quando ouviu resposta afirmativa, o pai acudiu: “Eu notei. Vejo tudo sob luz diferente.”
Toda teimosia e rabugice desaparecera. Juntos, com alegria, procuraram e encontraram uma pessoa adequada, que não só podia começar a trabalhar no dia seguinte mas também era excelente cozinheira. Em vinte e quatro horas o filho estava a caminho da própria casa e o pai ficara muito agradecido por tudo que fora feito por ele.
O filho recusara deixar-se intimidar. Também nós podemos recusar-nos a isso, na medida em que reverenciamos Deus e ouvimos o que Deus nos diz, em vez der temer outras coisas. O problema da intimidação nunca está no que outra pessoa faz, mas naquilo que cremos sobre a outra pessoa. Por esta ou aquela razão, parece que a pessoa se deixa levar pelo pensamento do mundo, pela crença em haver muitas mentes. Mas, há uma Mente só, e esta é a Mente divina, a qual sempre mantém sua criação intata.
Lemos em Ciência e Saúde: “Tudo o que realmente existe é a Mente divina e sua idéia, e nessa Mente o ser inteiro se revela harmonioso e eterno. O caminho reto e estreito consiste em ver e reconhecer esse fato, em ceder a esse poder, e seguir as diretrizes da verdade.” Ibid., p. 151.
À medida que o fazemos, descobrimos que não precisamos deixarnos intimidar por ninguém nem por coisa alguma. Muito ao contrário, podemos reagir com coragem moral e discernimento espiritual, os quais são totalmente adequados para levar paz a qualquer situação, da maneira que for melhor para cada um.
 
    
