A maioria dos Cientistas Cristãos se sentem felizes ao poder partilhar algo de sua compreensão espiritual a respeito de Deus com alguém que esteja passando um momento difícil. “A felicidade é espiritual, nascida da Verdade e do Amor. Não é egoísta; por isso, não pode existir sozinha, mas exige que toda a humanidade dela compartilhe,” Ciência e Saúde, p. 57. escreve a Sra. Eddy em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras.
Por que, então, permitir às barreiras de reserva — quer se chamem timidez, reticência ou acanhamento — que nos tolhem, de partilhar o amor e a verdade que abençoam a outros e a nós mesmos?
Existe, é claro, uma atitude reservada correta que é um aspecto atraente da verdadeira modéstia. Quando, porém, a modéstia é levada ao extremo de não desejarmos expressar-nos, impedindo-nos de partilhar livremente o que compreendemos da Ciência Cristã, possivelmente privamos alguém da ajuda que necessita nesse dado momento. Cristo, a Verdade, chega à humanidade de infinitas formas. Muitas vezes, nossa expressão espontânea dele é a primeira oportunidade de uma pessoa para tomar consciência do Cristo.
Um exemplo disso aparece numa carta que recebi de uma jovem mãe. Muito recentemente havia travado contato com a Ciência Cristã. Em sua carta, fala de seu primeiro encontro com uma Cientista Cristã e o resultado dessa conversa.
Escreve ela: “Veio uma mulher à minha casa, num dia ventoso de outono — havíamos nos mudado recentemente para essa zona e quase não conhecíamos ninguém. Abri a porta e, diante de mim, estava uma senhora com um sorriso cálido e sincero, dando-nos as boas-vindas como vizinhos. Ela me entregou alguns biscoitos que havia feito e se foi com uma exuberância que eu nunca vira antes. Fechei a porta e disse a meu marido: ‘Que anjo!’ (Não sabia, a essa altura, que ela viria a me ensinar a respeito de pensamentos angelicais Ver ibid. 581:4–7..)”
Dentro em breve, as duas mulheres se tornaram amigas. A correspondente continua, dizendo que um dia contara à Cientista Cristã alguns de seus males físicos e sua nova amiga explicou-lhe algumas simples verdades espirituais que a Ciência Cristã ensina — as verdades da totalidade e da bondade de Deus e a irrealidade básica de tudo o que é dessemelhante de Deus. A jovem mãe escreve: “Pensei comigo mesma: Seria isso verdade? Sim, isto deve ter fundamento, porque essa mulher é a pessoa mais gentil e amável que já conheci. Quero saber algo mais!”
Após continuar relatando como sua amável vizinha lhe trouxera exemplares do Christian Science Sentinel e a levara às reuniões de testemunho às quartas-feiras à noite, a mãe escreve: “A alegria de viver da Cientista Cristã e a capacidade de transmitir-me a idéia de que eu também podia sentir essa mesma alegria e paz, foram tão preciosas, que não resisti. Ela me mostrou, por suas inumeráveis demonstrações de gentileza, que realmente se interessava por mim e que tudo aquilo que a Ciência Cristã representava, funcionava de fato.” E essa mãe conclui: “Tive tanta sorte — não, não é isso. Não é sorte. É Deus que está agindo! Agora sei que Deus está comigo também e me levou à Ciência Cristã.”
Essas palavras honestas, de uma carta cheia de alegria e sinceridade, indicam que a Cientista Cristã, ao partilhar seu amor e sua compreensão da Verdade divina, foi capaz de comprovar que não havia timidez que pudesse impedir um indivíduo de ser testemunha de Deus. Cristo, a Verdade, a idéia de Deus, não conhece barreira alguma que impeça sua manifestação do bem espiritual e, quanto mais cedemos ao Cristo, tanto maiores serão as bênçãos para a humanidade.
A Bíblia diz: “Não te furtes de fazer o bem a quem de direito, estando na tua mão o poder de fazê-lo.” Prov. 3:27. Temos o poder, o amor e a capacidade de dar generosamente aos outros, porque nossa verdadeira identidade é o homem, a testemunha espiritual do Amor divino. O homem é a evidência de que o Amor divino existe, de que Deus é bom e quer muito bem a todos os Seus filhos. Quanto mais reconhecemos, em oração, que nossa verdadeira natureza procede do Amor divino, que essa natureza é criada, sustentada e impelida pela onipotência do próprio Deus, tanto mais generoso será o nosso coração.
E, contudo, essa generosidade não é uma abordagem impetuosa e impulsiva de fazer o bem para chegar aos outros. Um dos biógrafos da Sra. Eddy cita estas suas palavras: “Só amar não basta. É preciso manifestar também a sabedoria divina, se quiseres realmente ajudar os outros.” Irving C. Tomlinson, Twelve Years with Mary Baker Eddy (Boston: The Christian Science Publishing Society, 1966), p. 85.
A sabedoria é uma qualidade do Amor divino. Expressaremos essa sabedoria na proporção de nosso reconhecimento de que Deus é a fonte da inteligência perfeita e manifesta essa inteligência no homem. Essa inteligência protege a capacidade de dar e faz com que os beneficiários apreciem genuinamente o que lhes foi dado. A oração e a vigilância constantes, para que expressemos tanto o amor quanto a sabedoria, são essenciais para se manter um equilíbrio correto ao apresentar a Ciência Cristã aos outros. Quando a sabedoria do Amor divino nos impele a dar a outros, não estamos expressando uma impulsividade louca que é simplesmente o reverso da timidez da mente mortal. Pelo contrário, dar sinceramente é uma qualidade do coração, e procede do Cristo na consciência humana — uma intuição espiritual da necessidade alheia que acalenta a atmosfera do pensamento com seu intento de cura.
Cristo Jesus não tinha um falso senso de modéstia, nenhuma reticência que o impedisse de ser comunicativo e o fizesse reter seus tesouros espirituais a serem partilhados com outros. E esperava que seus seguidores vivessem de tal modo o ensinamento espiritual recebido, que a humanidade viesse a ser infinitamente abençoada. Ele foi enfático em seu mandamento aos discípulos: “Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai.” Mateus 10:8.
Estender a hospitalidade de nossa gentileza cristã ou partilhar umas poucas e simples verdades com outra pessoa, não está na mesma categoria de curar os doentes e ressuscitar os mortos, mas esses gestos de benevolência podem ser a porta aberta pela qual alguém pode encontrar a profundidade da cura na Ciência Cristã. A timidez, o acanhamento, o alheamento, não são qualidades do Cristo e não têm lugar em nossa verdadeira consciência, que é o reflexo da Mente divina.
Essas pretensas barreiras da timidez que procurariam ocultar o que nossa Igreja tem para oferecer, podem ser superadas, à medida que amamos a Deus e ao homem o suficiente para desejar romper a casca da consciência ensimesmada. Em realidade, o homem só pode estar consciente de Deus e da individualidade de toda criação como expressão do Amor. E não existe coisa alguma de que tenhamos de nos sentir embaraçados ou com medo, na totalidade do Amor. À medida que se aprofunda nosso amor por Deus, nossa gratidão por Sua bondade e nosso desejo de repartir essa bondade com outros, as barreiras mentais da reserva antinatural e do egotismo hão de se desfazer na nulidade do pó que realmente são. O homem de Deus não pode ser nada menos do que a própria evidência do Amor divino em ação.
Dar calorosamente as boas-vindas a um novo vizinho, convidar um novo visitante da igreja para jantar, dirigir-se a um estranho na igreja, dizer gentilmente a um amigo: “Você gostaria de saber como a Ciência Cristã me ajudou numa situação semelhante?” não são grandes coisas em si mesmas e de si mesmas. Mas, na Epístola aos Hebreus, lemos: “Seja constante o amor fraternal. Não negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber acolheram anjos.” Hebreus 13:1, 2. Quem pode dizer quantas bênçãos espirituais podem resultar do dar espiritualmente que está imbuído de amor em quantidade suficiente para oferecer à humanidade um afeto altruísta?
 
    
