Mãos humanas. Acaso são elas, física ou espiritualmente, dotadas do poder de curar? Algumas pessoas hoje em dia acreditam que sim. As igrejas cristãs fizeram ressurgir o interesse na prática bíblica chamada de imposição de mãos. Em alguns círculos médicos o contato humano ou a proximidade física são considerados terapêuticos.
A Bíblia registra que às vezes Cristo Jesus, ao curar, estendia a mão e tocava algumas pessoas: um leproso, a mulher com febre, os dois cegos e um homem cuja orelha fora decepada. Ver Mateus 8:2, 3, 14, 15; Mateus 9:27–30; Lucas 22:50, 51. Outras curas, porém, foram realizadas pelo Mestre cristão, sem nenhum tipo de contato físico. Algumas curas aconteceram até mesmo sem sua presença. Um bom exemplo é o caso do servo do centurião, que foi curado de grave enfermidade, apenas com a palavra de Jesus. Ver Lucas 7:1–10.
De acordo com o relato bíblico de seu ensino e pregação, Cristo Jesus nunca atribuiu poder curativo ao toque humano. Ele orientou seus seguidores para o poder de Deus, o Espírito divino, como o restaurador da saúde física, da força e da vida. Disse claramente: “O Pai que permanece em mim, faz as suas obras.” João 14:10. Não há implicação alguma de que o Pai precisasse da ajuda de mãos humanas para ativar Sua onipotência.
Na Ciência Cristã, a verdadeira idéia de Deus que salva e cura, cujo exemplo se manifestou em Jesus, é chamada de Cristo. A Sra. Eddy explica: “Jesus era o mais alto conceito humano do homem perfeito. Ele era inseparável do Cristo, o Messias — a idéia divina de Deus, fora da carne. Isso habilitou Jesus a demonstrar o seu domínio sobre a matéria.” Ciência e Saúde, p. 482.
A união consciente de Jesus com o Pai permitiu-lhe revelar a seus seguidores a verdadeira natureza de Deus. Acima de tudo, os ensinamentos e a prática do Mestre revelaram que a Divindade é o Amor divino. Ele provou que o amor de Deus é infinitamente poderoso, está eternamente presente e ampara continuamente o homem.
Jesus talvez tenha tocado as pessoas ao curar, para lembrá-las do terno desvelo de Deus e para avivar-lhes a fé no Espírito divino, para expressar o Cristo, o espírito do Amor, de uma forma tangível e significativa. Esse motivo é particularmente compreensível no caso do leproso, pois a tradição não consentia que pessoas o tocassem, nem mesmo que se aproximassem dele.
A cura pela Ciência Cristã é praticada, na atualidade, segundo os ensinamentos de Cristo Jesus. As mãos não constituem agente curativo. Pelo contrário, os Cientistas Cristãos oram com fervor, para sentir o toque do Cristo sanador e o amor de Deus. O Cristo não se afastou da terra quando Jesus, o homem, ascendeu. A verdadeira idéia de Deus, o Amor, é tão presente e poderosa hoje, quanto nos dias de Jesus.
Em 1866, por meio da oração, a Sra. Eddy foi curada dos efeitos quase fatais de uma queda no gelo. Após seu restabelecimento, passou três anos estudando as Escrituras para descobrir como se realizara a cura. O resultado de sua pesquisa dedicada foi que se lhe revelaram, por influência divina, as leis da cura espiritual, e ela as expôs no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde. Ali ela explica a essência totalmente espiritual do homem e o fato de ser ele feito à semelhança de Deus, o Espírito divino. Ela mostra que a cura é o despertar e reconhecer essa semelhança inata do homem com Deus.
A Ciência Cristã explica que a doença não é apenas uma condição do corpo humano, mas é principalmente um estado de pensamento que nega o governo de Deus (por ignorância ou por vontade), resultando em distúrbio físico. A cura acontece quando a consciência cede, compreendendo algo acerca da supremacia do Amor divino e da perfeição do homem como expressão do Amor. A Sra. Eddy declara no seu livro Miscellaneous Writings: “Que herança gloriosa recebemos, graças à compreensão do Amor onipotente!” Uma ou duas linhas adiante, escreve: “Essa doce certeza é o ‘Acalma-te, emudece’ a todos os temores humanos, a todo tipo de sofrimento.” Mis., p. 307.
O toque do Cristo, ao transformar o pensamento, revela a natureza do Amor divino, e traz a cura. Nenhum toque humano, por mais afetuoso ou sensível que seja, representa a força espiritual do Cristo. O poder de Deus comunica-se espiritualmente à humanidade e é conhecido e utilizado através da oração. Como a Bíblia diz: “Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.” Tiago 5:16.
Essa oração consiste na comunhão humilde com Deus. Mais do que mera repetição de palavras, a oração é o pensamento humano em atitude de atenção às idéias divinas, cedendo ao reconhecimento da totalidade de Deus, o Espírito.
Não é através dos cinco sentidos que discernimos a presença do Amor. Para conhecer a Divindade, temos de silenciar esses sentidos e cultivar o sentido espiritual, o discernimento espiritual, dado por Deus. A capacidade de compreender a Deus cresce à medida que expressamos qualidades cristãs nascidas do Amor divino, como a mansidão, a pureza, a compaixão e o afeto.
O exemplo mais sublime de cura cristã, deixado por Cristo Jesus, foi sua vitória sobre a própria morte. Jesus foi crucificado e sepultado no túmulo aberto na rocha. Não houve mão humana para o consolar nem para o ajudar de modo prático. Não houve coisa alguma, a não ser a força da Vida divina, o Amor divino.
Jesus, ao entrar em comunhão consciente com Deus, no túmulo, estava a demonstrar a identidade imorredoura e pura do homem. O Salvador estava deixando para trás a evidência física, abandonando todo vestígio de mortalidade, e aceitando os fatos espirituais. Estava deixando que Deus estabelecesse completamente, em sua consciência, a imagem do homem verdadeiro e inviolável. Unicamente pela oração, Jesus venceu o que a Bíblia chama de “o último inimigo”.
Referindo-se aos três dias de Jesus no túmulo, a Sra. Eddy pergunta: “Poder-se-ia chamar de sobrenatural que o Deus da natureza sustentasse Jesus na sua comprovação do poder verdadeiramente conferido ao homem?” E responde: “Foi um método de cirurgia que excedeu a arte material, porém não foi um ato sobrenatural. Ao contrário, foi um ato divinamente natural, pelo qual a divindade trouxe à humanidade a compreensão da cura-pelo-Cristo e revelou um método infinitamente superior ao da inventiva humana.” Ciência e Saúde, p. 44.
O Mestre deixou-nos o exemplo supremo a ser seguido em nosso esforço no sentido de sermos sanadores cristãos. Ele nos mostrou que o poder de cura pertence por completo a Deus e deve ser conhecido e exercido espiritualmente.
O toque que cura completa e permanentemente, é o toque do Cristo. Esse Cristo que cura, a idéia pura do Amor, está presente agora, para redimir e abençoar a todos nós, onde quer que estejamos.
Desembarcando,
viu Jesus uma grande multidão,
compadeceu-se dela
e curou os seus enfermos.
Mateus 14:14
 
    
