A base de uma igreja democrática
Este é o primeiro artigo de uma série sobre democracia nas igrejas filiais. Escrito por um membro de A Igreja Mãe.
O viver cristão relacionado às atividades da igreja é a base da democracia em nossas igrejas.
Por volta de sete anos atrás, depois de uma mudança de residência, desejei unir-me a uma igreja filial. Havia diversas igrejas a considerar, bem como um grupo de Cientistas Cristãos que realizava cultos aos domingos à noite em casas de famílias. Perguntei a Deus onde poderia eu servir melhor. A resposta foi esta: como praticista inscrito no Christian Science Journal, eu poderia ser mais útil no grupo, porque eles não tinham praticista, enquanto que cada uma das igrejas tinha diversos. (Ter um praticista é um dos requisitos para o reconhecimento de uma igreja filial. Ver Manual de A Igreja Mãe de autoria da Sra. Eddy, § 7° do art. 23.) Solicitei admissão e me filiei ao grupo, o qual, dentro de um ano, preencheu todas as exigências para se tornar igreja filial.
Uma das primeiras coisas que me impressionaram nesse quadro de membros foi a ausência de comentários desprezivos, bisbilhotice ou observações, tais como: “Bem, você sabe como essa pessoa é!” Ao invés disso, esses preciosos membros aceitavam, amavam e respeitavam uns aos outros. Reconheci que, como muitos eram novos na região e pouco se sabia do passado de cada um, parecia-nos mais fácil ver uns aos outros como filhos de Deus. Mas, o que mais importa, é que os membros se esforçavam sinceramente para viver de acordo com sua identidade espiritual.
Essa experiência de igreja filial ensinou-me a necessidade de ver todos os membros como realmente são: a semelhança de Deus — não importando o quanto eu os conheça. Talvez essa graça pudesse parecer básica para um Cientista Cristão. Mas, às vezes, com demasiada facilidade, pensamos sobre nossos amigos, membros, colegas, sócios, vizinhos e, até mesmo, a família, como mortais, com todo seu cortejo de fraquezas. Em vez disso, temos a brilhante oportunidade de vê-los como filhos de Deus, amados, inteligentes, justos e perfeitos. Não é de surpreender que os membros dessa igreja estivessem encontrando sólidas evidências de curas, fato que era claramente revelado nos testemunhos das reuniões de quartas-feiras à noite.
A ausência de crítica significa presença de confiança — na integridade de cada um, na sinceridade de todos. E há, também, a confiança na capacidade dos outros de pensar corretamente, de ser bom, de servir à Causa da Ciência Cristã e à humanidade. Os membros aceitam que todos estão dando o melhor de si: os enganos são perdoados. O amor e o encorajamento são fatores-chave. Essa é uma demonstração prática do mandamento de Jesus: “Que vos ameis uns aos outros.” João 13:34.
Outra atitude libertadora é evidente em reuniões de comissão ou em assembléias. Cada nova idéia recebe total atenção e respeito. A crítica, como é normalmente conhecida, não vem à tona. Logicamente, são sinceras as discussões, existe discernimento e escolhem-se os melhores conceitos.
Encontramos, nas palavras da Sra. Eddy em Não e Sim, amparo para controlar a crítica negativa: “Devemos esforçar-nos por ser longânimos, fiéis e caridosos para com todos. A este pequeno esforço acrescentemos mais um privilégio — a saber, o silêncio, sempre que possa substituir a censura.” Não e Sim, p 8.
Tomando em consideração, valorizando e aceitando, novos conceitos, a igreja cresceu. Os costumes e tradições não amarram os membros nem os impedem de dar passos corretos, inspirados e novos.
À medida que damos cada passo e a atividade tem início, são levantadas questões, tais como: Será que esta atividade abençoará a comunidade? Trará curas? Auxiliar-nos-á a vivenciar a definição de Igreja, apresentada pela Sra. Eddy em Ciência e Saúde? (Ver definição, no início desta seção.) Para mim, tudo isso prova que uma visão mais clara da idéia espiritual de Igreja — “a estrutura da Verdade e do Amor” (ibid.) — traz a liberdade de tentar novos modos de abordar os assuntos. A idéia espiritual é a base do amor que expressamos.
Os membros servem nas comissões necessárias com alegria e entusiasmo. É raro alguém não aceitar uma nomeação, porque cada membro sabe a importância de sua participação para alcançar-se a meta geral de estabelecer a Ciência Cristã na comunidade.
Qualquer dificuldade que nos confronte na igreja pode ser resolvida pela oração. Esses conceitos de trabalho em conjunto aplicam-se a qualquer um em qualquer lugar, não só nas igrejas pequenas e grandes, antigas e novas, mas também nos negócios, na família, na escola. Essas idéias são universais e cristãs. A oração nos aproxima de Deus em qualquer situação, levando-nos a agir com boas ações e boas palavras. A oração é ação válida e redentora, em qualquer circunstância.
Façamo-nos uma promessa, individualmente, de que vamos orar e orar e sobre qualquer desafio na igreja, procurando a solução de Deus e não a nossa. Podemos assentir em não julgar ou criticar os outros, do ponto de vista pessoal. Podemos ter a meta real de amar uns aos outros. Afinal, nossa atividade principal é a oração, que inclui perdão e amor. À medida que seguimos com essa abordagem e a paz espiritual enche nosso pensamento em relação a qualquer desafio, aprendemos que só Deus é todo-ação. Somos responsáveis por nossos próprios pensamentos. É aí que a cura ocorre e nós simplesmente oramos até que ela se evidencie.
Atividade na Sala de Leitura
A seguir damos alguns excertos de um relatório preparado pela bibliotecária de uma Sala de Leitura e que foi apresentado a sua igreja filial na Flórida, E.U.A.
Amor, tudo consiste nisso. O mundo necessita de nosso amor, oh, quanto necessita do amor crístico de que tanto dispomos para dar e partilhar.
Quão puro é o amor que expressamos por nossas famílias, nossos vizinhos, nossos companheiros de igreja, pelas pessoas com quem tratamos todos os dias? Quão puro é nosso amor pelo mundo?
Sabemos que cada rua onde uma Sala de Leitura se localiza, pode ser uma estrada de Damasco para alguém à procura da Verdade. Alguém que está necessitado de conforto e preparado para receber a mensagem espiritual da Ciência Cristã pode encontrar acolhida e ser curado numa Sala de Leitura. Os plantonistas e as demais pessoas que dão seu apoio à Sala de Leitura podem expressar um amor cientificamente cristão que envolve a humanidade toda. Nossas orações e nossas ações revelam nosso amor. A atividade é algo muito importante, como o demonstra a seguinte experiência:
Uma série de biografias da Sra. Eddy estivera na prateleira de nossa Sala de Leitura por mais de dois anos sem que fosse vendido qualquer exemplar. Eu havia lido esses livros uma vez e decidi lê-los novamente. Comecei a ler um deles e mencionei-o a outra colega. Esta comprou o livro e aparentemente fez menção dele a outra pessoa, a qual prontamente veio à Sala de Leitura e comprou outro exemplar. Com o que, tive de fazer novo pedido. Estou agora fazendo o pedido do livro pela segunda vez.
Após eu haver lido outra biografia, pessoas adquiriram vários exemplares dela. No dia em que terminei de ler as últimas páginas de um terceiro livro sobre a Sra. Eddy, certa visitante assídua de nossa Sala de Leitura entrou e dirigiu-me uma pergunta de caráter teológico. No livro que eu acabara de ler, debate-se a mesma questão. Perguntei à visitante se ela gostaria de ler o livro. Ela o tomou emprestado e achou-o útil.
Continuei a ler outras dessas biografias. Em certa ocasião tocou o telefone e uma mulher pediu-me que eu procurasse um trecho no livro We Knew Mary Baker Eddy (Boston: The Christian Science Publishing Society, 1979). A mulher ao telefone tinha problemas respiratórios. Consegui localizar prontamente o trecho e o li para ela. Fazia poucos dias que eu o tinha lido.
Também usei a concordância do Hinário para achar hinos que contivessem as palavras respiração, respirar, respirou. A mulher agradeceu e disse-me estar curada! Mais tarde, naquela mesma semana, uma das pessoas que vêm à Sala de Leitura para dar-lhe apoio, entrou e disse: “Você falou ao telefone com uma amiga minha. Ela ficou curada com o que lhe foi dito ao telefone.” A mesma pessoa disse que a amiga tivera aquele problema de respiração por algum tempo.
Até agora li nove biografias e até hoje estamos vendendo exemplares de todas elas.
A paz vence a violência
De uma igreja em Londres:
Numa época em que Londres passava por um período incomum de tumultos e violentas desordens, nossa igreja teve uma experiência interessante com relação a sua Sala de Leitura. No final da semana, numa sexta-feira, a polícia avisou a bibliotecária de que esperavam que uma zona perto da Sala de Leitura viesse a ser novamente alvo de tumultos. Aconselharam-na vivamente a que fechasse a Sala de Leitura. Muitas lojas das redondezas taparam com madeira a frente de suas instalações.
Contudo, a Sala de Leitura manteve-se aberta. Praticistas, o pessoal da Sala de Leitura e outros membros da igreja foram alertados para a necessidade de orar. Os que estavam de plantão partilharam entre si verdades espirituais contidas em vários trechos de Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy e em seu livro Pulpit and Press. Os cartazes expostos na vitrina durante aquele período tinham estes títulos: “Comungar com o infinito” e “A salvo onde quer que você esteja”. Por certo havia, na comunidade, outras pessoas que também estavam orando.
Mais tarde foi noticiado que uma turba fora vista a colher tijolos, pedaços de pedra e paus usados nesses ataques violentos, a qual tencionava seguir até a nossa zona. Mas, repentinamente, a multidão suspendeu suas ações e dispersou-se. Por todo o fim-de-semana não houve nenhum caso de perturbação da ordem naquela zona.
Durante o mesmo período houve um aumento interessante de atividade na Sala de Leitura. Aumentou a venda de livros, a Sala de Leitura foi mais utilizada para estudo, a exposição na vitrina parecia atrair maior número de transeuntes, houve maior número de relatos de progresso e manifestações de gratidão pela ajuda recebida, com o que os plantonistas da Sala de Leitura ficaram muito contentes.
[Excertos transcritos da seção “The Church in Action” do Christian Science Journal]
 
    
