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A espiritualidade e as exigências do discipulado cristão: uma conversa informal

Da edição de agosto de 1986 dO Arauto da Ciência Cristã


tem uma fé viva. Sua igreja evangélica protestante ensinou-a a amar Deus e a viver os ensinamentos de Cristo Jesus. Conquanto nos dois ou três anos após concluir a universidade se esforçasse muito para levar uma vida cristã, Joan se debatia numa profunda luta espiritual.

Desejava confiar inteiramente em Deus e servi-Lo, mas, às vezes, parecia-lhe estar “faltando uma ponte” — havia uma brecha entre o que sabia a respeito de Deus e o que sentia acerca dEle. À certa altura, embora levasse a sério sua carreira, o anseio de estar mais próxima a Deus se tornara tão persistente que ela decidiu largar o emprego e procurar um trabalho que a deixasse com mais tempo para orar e para estudar a Bíblia. Nesta entrevista, Joan fala das questões que a preocupavam e das experiências que lhe trouxeram as respostas.

Sendo cristã, eu certamente não estava à procura de uma fé que substituísse o cristianismo, mas buscava um sentido mais profundo de Deus, que me ajudasse a compreender e viver melhor os ensinamentos originais de Cristo Jesus. Naquela época, eu estava muito doente. No entanto, o verdadeiro problema era o de que, lá no fundo, eu sentia — um pouco como o Apóstolo Paulo — estar lutando contra a vontade de Deus. Contudo, em meio ao conflito, eu tinha intuições de um conceito bem diverso de realidade. Havia horas em que me era possível sentir a presença de Deus. À certa altura, algo mudou, de modo que, em vez de eu pressionar ou lutar, vivi ao sabor do amor de Deus.

Isso aconteceu antes ou após você ter conhecido a Ciência Cristã?

Antes. De fato, um pouco antes de eu largar meu emprego, mudar para outra parte do país e aceitar um trabalho de menor responsabilidade, o que me deu mais tempo para estudar e orar. Logo no primeiro dia em que eu estava na nova cidade, conheci um professor de matemática. Quando passei a conhecê-lo melhor, tive a certeza de que ele era cristão, por sua maneira de viver. Mas ele parecia ser muito diferente, estar mais unido a Deus. Essa pessoa raramente falava em Deus, mas era possível sentir a profunda espiritualidade que lhe permeava a vida — uma animação, uma paz e um amor que pareciam fazer com que cada um a sua volta desse o melhor de si. Eu queria saber o que o fazia ser como era. Certo dia, vi em cima de sua mesa um Livrete trimestral da Ciência Cristã e decidi descobrir o que era a Ciência Cristã. Achei que isso explicaria a razão da diferença. Por isso, fui à biblioteca e tomei emprestado um exemplar do livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde de autoria de Mary Baker Eddy.

Talvez se pudesse dizer que vislumbrei na vida daquele homem — e na vida de muitos outros Cientistas Cristãos que vim a conhecer — a mesma “beleza original da santidade” que a Sra. Eddy amava tanto nos ministros cristãos que a ensinaram em sua juventude. Ver Message to The Mother Church for 1901, pp. 31–35. À medida que eu estudava e trabalhava com o Ciência e Saúde, comecei a descobrir que a Ciência Cristã não era algum acréscimo herético às Escrituras. Antes, ela veio esclarecer os ensinamentos da Bíblia acerca da espiritualidade e mostrar melhor sua base sólida e prática.

O que você quer dizer?

Em primeiro lugar, a Ciência Cristã deu-me uma noção mais profunda de oração — que esta nunca inclui a crença de que o mal seja da vontade de Deus. Essa oração começa com a certeza de que Sua vontade é sempre boa, digna de confiança e não causa nem sanciona o sofrimento. Anteriormente, “ceder a Deus” equivalia a “resignação cristã” — quase uma espécie de martírio em alguns casos. Acreditar que Deus permite a doença, a guerra ou o sofrimento de qualquer espécie solapa sutilmente nossa confiança no amor de Deus e nossa vontade de obedecer. Agora, ceder é concordar com uma noção mais ampla acerca de Deus — um Deus que é todo Amor.

Sendo cristã, eu já havia percebido que a espiritualidade era o que eu estava procurando, mas eu não sabia que a lei divina era tão prática. Jesus assegurou-nos que o reino de Deus “está próximo”, agora. A Ciência Cristã revelou-me que esse é um fato demonstrável — mesmo que a percepção humana sem inspiração esteja cega para ele. A Ciência mostra que Deus é o Tudo e o Único — infinito, todo abrangente abrangente — em outras palavras, é realmente Deus. Estou adquirindo uma nova compreensão daquele Deus que tem sido Deus desde sempre.

Como Marta, ou como o filho mais velho na parábola do filho pródigo, eu me sentia comprometida com Deus, mas também oprimida. O filho mais velho permanecera trabalhando e vivendo na casa de seu pai, e não resta dúvida que o amava. Mas, só quando o pai lhe disse — “Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu” Lucas 15:31. — é que começou a compreender melhor a bondade e a graça totais e as possibilidades ilimitadas do amor do pai. A Ciência Cristã mostrou-me o Deus revelado na Bíblia sem o verniz das limitações e incompreensões que nos impomos.

Qual é então a diferença entre esse conceito de Deus e aquele que você tinha antes?

Comecei a descobrir aquele Deus que eu sempre tinha adorado e ansiado por entender melhor, mas que eu não conseguira abranger completamente ou de todo o coração, em minha vida diária. Antes, parecia-me que estava faltando uma ponte. Queria entregar minha vida completamente a Deus, mas algo me impedia. Não me sentia pronta a confiar inteiramente num Deus que eu sabia apto a responder sempre, mas do qual eu não estava certa de que me responderia sempre — ou que parecia trazer ou permitir tempos muito difíceis para Seus seguidores.

Sempre parecia haver uma grande distância entre o ensinamento bíblico da soberania e bondade completas de Deus e minha própria vivência de Deus. E, eu me tornava cada vez mais consciente das dolorosas necessidades do mundo e me sentia muito frustrada por não ser capaz de confiar continuamente em Deus, dentro de minha própria vida e, muito menos, de servir a outros. É por isso que a idéia de uma Ciência do cristianismo significa tanto para mim — ela tornou a bondade e o governo de Deus reais e realizáveis.

Será que você pode desenvolver este ponto — o cristianismo como Ciência?

A Ciência esclarece que a oração se baseia em verdades invariáveis e na lei divina. Adianta o conceito de Deus como o bem invariável, em que se pode confiar irrestritamente. Em minha vivência houve um momento decisivo justamente com essa idéia de confiança irrestrita.

Uma tarde eu não estava me sentindo bem; era realmente algo de pouca monta, mas saí de meu escritório e fui para outra sala, a fim de orar. E, de repente, me ocorreu que confiar em Deus para resolver essa necessidade era realmente um estímulo ao discipulado e uma dádiva maravilhosa. O desafio era realmente pequeno, mas isso fazia da dádiva algo tão maravilhoso. Percebi que cada situação nos dá a oportunidade de confiar mais em Deus. Confiar em Deus para cada coisa, por menor que seja, faz com que se conheça melhor Deus e, conhecendo-O melhor, cada coisa pequena nos transforma. E é isso o que estamos procurando fazer como cristãos: ser discípulos melhores no dia-a-dia.

Compreendi que a exigência da Ciência — de confiarmos em Deus, de obedecermos a Deus em cada faceta da vida — ajuda-nos a confiar em Deus mais plenamente, em vez de repartir nossa fé, aplicando-a a algumas coisas e não a outras. Isso tornou meu discipulado cristão mais concreto. Percebi que a verdadeira cura não pode estar separada da obediência — que tudo flui desse amor crescente por Deus e de reconhecer-se a unidade do homem com Deus. Significa ter uma visão mais ampla de Deus e esforçar-se por prosseguir em obediência a ela. Essa visão ilimitada de Deus começou a transformar inteiramente minha perspectiva.

Como se transformou sua perspectiva?

Em primeiro lugar, meu conceito acerca do homem foi mudando aos poucos e ainda continua a transformar-se. Quando você entende que Deus é ilimitado, começa a se sentir menos limitado. Começa a recorrer a Deus — chegando até a andar em companhia de Deus — um Deus que ama e atua de acordo com a bondade total que é. Você fica mais próximo a Deus e vislumbra mais do que significa ser o filho de Deus, agora mesmo. E sabe como expressar praticamente essa espiritualidade.

Lembro-me de certa noite, quando um amigo me contou da cura de um tornozelo torcido que acabara de se realizar. Não fiquei surpresa. Com o passar dos anos, eu tinha presenciado uma série de curas maravilhosas ocorridas em resposta à oração. Mas o que me surpreendeu foi a certeza serena, que ele tinha, de que podemos contar com Deus para a cura, porque isso está de acordo com Sua verdadeira natureza. Eu estivera doente por muitos anos, mas talvez Deus, simplesmente talvez — embora aquela certeza de meu amigo, na época, me deixasse um pouco confusa e irritada — pudesse ser assim.

Nos meses seguintes, li e reli a Bíblia e o livro Ciência e Saúde como se nunca os tivesse lido antes, procurando descobrir qual a verdadeira natureza de Deus.

Durante a maior parte do tempo eu estava tão absorta nesse “novo mundo” que se me descortinava, que esqueci da doença. Em junho daquele ano — nove meses depois que comecei a estudar Ciência e Saúde — tive de me submeter a uma série de exames médicos. Estes mostraram o que eu tinha começado a aceitar: que, de fato, eu estava completamente curada, livre de qualquer resquício dos males anteriores. Contudo, a mudança mais permanente se nota num conceito mais amplo da presença e da bondade de Deus. Um conceito de que Deus era capaz de libertar e libertaria a mim e a todos os que a Ele se volvessem.

Agora, sinto-me mais disposta a enfrentar situações difíceis, à medida que percebo não ser Deus quem as arma. As dificuldades não procedem de Deus, mas da resistência ao fato fundamental de que o reino de Deus está aqui e é bom.

Também estou menos disposta a aceitar as limitações do passado que se procuram transferir para o presente — tais como temperamento, hereditariedade e assim por diante. Aceitar esta Ciência do cristianismo não é uma decisão isolada, mas uma procura constante! Você começa perguntando a Deus quem você é e quem Deus é. Você questiona tudo o que acreditava verdadeiro, à luz do que a Bíblia diz ser realmente verdadeiro.

Onde você encontra as respostas?

Na Bíblia. Estudar o livro Ciência e Saúde ajudou-me a abrir o próprio Evangelho e vejo a ambas, as perguntas e as respostas, sob nova luz. Ao começarmos a conhecer Deus, percebemos que a Bíblia não é simplesmente história — Sua história — ou biografia, mas que também poderá ser a nossa história. Começo a perceber que, através dessa transformação, através da redenção, ela se torna nossa autobiografia, à medida que aceitamos nossa herança espiritual.

Você não está reivindicando igualdade com Jesus, está?

Não, de modo algum. É semelhante ao que a Sra. Eddy diz, quando escreve: “O homem não deveria pretender haver alcançado a altitude da Mente em que estava Cristo Jesus, mas deveria desdobrar-se na direção dela.” Miscellaneous Writings, p. 255. Isso dá maior sentido à vida de Jesus. Traz mais proveito de seu sacrifício e nos faz mais cientes desse sacrifício. Mostra as extraordinárias conseqüências de sua vida naquilo que acontece em nossa vida, à medida que nos tornamos verdadeiros discípulos. Eu, realmente, me sinto mais próxima a Jesus quando não ponho seu exemplo a tais alturas às quais me é impossível segui-lo. Seu ensinamento — “sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” Mateus 5:48. — deixa de parecer um fardo inútil, ao vislumbrarmos que somos inseparáveis de Deus. Podemos começar a andar por onde Jesus andava.

Quanto do que disse, você acha realmente possível fazer-se hoje em dia, tendo em vista as correntes tremendamente materialistas e seculares de nossa época?

Eis uma questão crucial. A Ciência do cristianismo enfrenta realmente o materialismo. Mostra que a consecução das promessas cristãs não depende de circunstâncias externas, mas de termos em nós a Mente de Cristo. Traz um novo discernimento do verdadeiro significado dado à Bíblia toda. Ciência e Saúde declara: “O fato central que a Bíblia apresenta é a superioridade do poder espiritual sobre o poder físico.”Ciência e Saúde, p. 131. Percebi que o já ser possível começarem-se a realizar as promessas de Bíblia, acerca do triunfo final sobre o materialismo, nos confere extraordinária liberdade.

E muitas pessoas estão ansiosas por obterem mais luz espiritual e a estão recebendo. Quando seguimos Deus, a Verdade, para onde Deus nos guia, não precisamos ter medo de ser mal guiados.

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